Vice-presidente destaca oportunidades comerciais e aposta no diálogo para fortalecer as relações bilaterais
Geraldo Alckmin anuncia investimento da indústria química (Foto: Cadu Gomes / VPR)
Em entrevista exclusiva ao Valor Econômico, concedida neste domingo, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, enfatizou que o Brasil é uma “solução” e não um “problema” para os Estados Unidos no comércio bilateral. Alckmin destacou que o Brasil compra mais dos Estados Unidos do que vende, fortalecendo as relações entre os países.
"Somos solução para eles. Os Estados Unidos são o maior investidor no Brasil, é uma amizade de 200 anos. É um ganha-ganha", afirmou o ministro, reforçando que o fluxo comercial entre as duas nações alcançou quase US$ 80 bilhões no último ano, com superávit favorável aos norte-americanos.
Alckmin também avaliou que, mesmo com declarações críticas do presidente eleito Donald Trump em dezembro, o Brasil tem uma balança comercial diversificada e oportunidades de crescimento em setores estratégicos como inteligência artificial, energia renovável, minerais críticos e semicondutores. “Temos uma avenida de possibilidades de parceria”, disse.
◎ Brasil e EUA: diálogo além das diferenças
Alckmin destacou o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem experiência em lidar com governos republicanos, como o de George W. Bush. "O presidente Lula é um homem do diálogo. Já governou com o Partido Republicano e teve uma boa relação", disse, reforçando a importância de separar questões partidárias das relações de Estado.
Sobre a possibilidade de tensões comerciais no segundo mandato de Trump, Alckmin mostrou cautela, mas otimismo. “Temos que aguardar para ver o que efetivamente vai ocorrer. Mas a disposição do Brasil é para o comércio”, destacou, frisando que 98% do comércio mundial está fora do Brasil, o que exige foco na integração comercial global.
◎ Reformas e desafios pós-pandemia
A entrevista também abordou questões relacionadas às mudanças no comércio global após a pandemia. Segundo Alckmin, houve uma transição de um modelo puramente globalizado para um cenário que prioriza a precaução e a segurança nas cadeias de suprimento. "A globalização continua, mas com um novo princípio de precaução", explicou.
O vice-presidente defendeu ainda medidas para reduzir o Custo Brasil, como o Portal Único de Comércio Exterior, que promete economizar R$ 40 bilhões anuais com desburocratização e modernização de processos. Além disso, ressaltou o impacto positivo da reforma tributária para exportações e investimentos no país.
◎ Parcerias e protagonismo global
Alckmin apontou que o Brasil se consolida como protagonista em segurança alimentar, energética e climática, destacando a importância de sua posição no agronegócio global. Ele também ponderou sobre a migração, considerando-a um fator de desenvolvimento econômico. "São Paulo é o Estado onde japonês fala português com sotaque italiano. A migração trouxe vigor à atividade econômica", afirmou.
Por fim, Alckmin demonstrou confiança no amadurecimento de Trump em seu segundo mandato. “A experiência faz diferença, ajuda. Acho que teremos muitas oportunidades.” A entrevista reflete a visão otimista do governo brasileiro sobre as relações com os Estados Unidos e reforça o compromisso de aprofundar parcerias estratégicas em áreas de ponta, mesmo em meio a cenários políticos desafiadores.
Fonte: Brasil 247
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