O Órgão constatou aumento de mentiras nas redes sociais sobre agentes econômicos, “desde a discussão da questão fiscal, passando pelo dólar, até o Pix”
Pix se tornou a principal modalidade de pagamentos do país (Foto: Agência Brasil)
A Advocacia-Geral da União (AGU) avalia que existe uma estrutura profissional e financiada construída no final do ano passado para atacar instituições e agentes econômicos no Brasil. No caso mais recente, uma onda de notícias falsas sobre o Pix fez com que a Receita Federal recuasse na implementação de novas regras de monitoramento contra esquemas de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos. As informações são da jornalista Daniela Lima, do g1.
"Há, sim, uma estrutura profissional, financiada e bem construída em curso desde o último trimestre de 2024. Nada é orgânico. Desde a discussão da questão fiscal, passando pelo dólar, etc… Ganhou impulso após a eleição de Donald Trump", afirma um integrante do órgão.
AGU começou a olhar com atenção para casos de desinformação ligados a agentes financeiros quando um perfil que simulava uma agência de investimentos nas redes sociais publicou falas falsas e as atribuiu a Gabriel Galípolo, atual presidente do Banco Central. A mentira foi replicada por perfis e coachs de investimentos com milhares de seguidores.
O caso chegou até ao governo federal a à presidência do Banco Central e repercutiu na imprensa. Dias depois, no dia 25 de dezembro, o Google exibiu durante todo o dia uma cotação falsa do dólar, quando, na verdade, o mercado estava fechado por conta do feriado de Natal. Nesse caso, o Google admitiu que foi levado ao erro por um serviço terceirizado, pago para monitorar a cotação do dólar.
A suspeita é de que um site com informações falsas tenha impulsionado a cotação falsa e manipulado o algoritmo. A AGU informou o Google do erro e, na sequência, foi acusada de censura por perfis nas redes sociais.
No início de 2025, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), passou a ser alvo dos ataques. Um vídeo que utilizava a tecnologia deep fake ganhou repercussão nas redes sociais. Nele, Haddad aparecia dizendo que iria “taxar tudo”, incluindo pets.
O ministro voltou a ser alvo de ataques nesta semana, quando teve seu CPF vazado com instruções para inserção de compras em seu registro pessoal, para estimular a tese de que o ministro tem movimentação financeira atípica.
No entanto, o caso que causou mais prejuízos ao governo federal foi o do Pix. A AGU avalia que houve uma uma ação articulada da oposição para trabalhar, em meio à onda de desinformação, uma mensagem de forte conteúdo político, porém sem incorrer em mentira sobre o tema, para ampliar o alcance da crítica e alavancar a desconfiança sobre os atos do governo. "Essa é a nossa hipótese e linha de investigação que será desdobrada com a PF. Tem vários núcleos. O político, o dos executores e o dos financiadores", avalia um membro da AGU.
Pix - Entraram em vigor, em 1º de janeiro de 2025, normas, posteriormente anuladas, da Receita Federal que ampliavam a fiscalização sobre o uso da plataforma Pix de pagamentos.
De acordo com as regras, publicadas pelo governo federal em setembro de 2024, bancos e outras instituições financeiras passariam a informar ao Fisco dados básicos referentes a algumas movimentações financeiras, definidas em níveis mais elevados de renda para pessoas físicas e jurídicas. O Ministério da Fazenda previu uma queda no volume de informações enviadas à Receita Federal devido ao alívio concedido aos clientes de menor renda dos bancos tradicionais.
No entanto, o governo federal foi acusado de supostamente aumentar os impostos sobre a classe média, em meio à disseminação de notícias falsas pela extrema-direita sobre uma suposta tributação do Pix.
A Receita Federal negou as acusações e reiterou a importância da regularização fiscal para o combate à lavagem de dinheiro. Mesmo assim, o governo recuou e revogou as medidas de monitoramento.
Fonte: Brasil 247 com informações do G1
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