sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Em quem você não votaria de jeito nenhum? Datafolha mostra rejeição dos candidatos a prefeito em São Paulo, RJ, BH e Recife

 A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos

Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (19) apresentou a rejeição de eleitores a candidatos a prefeito das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife.


O instituto perguntou aos entrevistados nessas capitais “Em quais desses candidatos você não votaria de jeito nenhum no primeiro turno da eleição para prefeito”. A margem de erro da pesquisa, encomendada pela TV Globo e pela “Folha de S.Paulo”, é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.


Na quinta, o Datafolha divulgou pesquisas de intenção de voto para o 1º turno nas quatro cidades:


Ricardo Nunes (MDB) e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, seguem na liderança da disputa em São Paulo, de acordo com a pesquisa. Nunes aparece com 27% das intenções de voto e Boulos, com 26%. Os dois estão empatados tecnicamente dentro da margem de erro, que é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Pablo Marçal (PRTB) aparece na terceira posição, com 19%, e agora saiu do empate técnico com Boulos.


No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) está liderança com 59% das intenções de voto, seguido de Alexandre Ramagem (PL), que cresceu 6 pontos para 17%, apontou o Datafolha. Tarcísio Motta (PSOL) oscilou 1 ponto para cima (dentro da margem de erro, que é de 3 pontos para mais ou para menos), e tem 7%.


A pesquisa mostrou Mauro Tramonte (Republicanos) na liderança, com 28%, na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte. Na sequência, empatados numericamente, vêm Bruno Engler (PL) e Fuad Noman (PSD), ambos com 18%.


No Recife, o Datafolha mostra João Campos (PSB) na liderança com 76% das intenções de voto. Em seguida, vêm Gilson Machado (PL), com 9%; Daniel Coelho (PSD), com 5%; e Dani Portela (PSOL), com 3%. Pela margem de erro, os três estão empatados tecnicamente.


São Paulo


Na capital paulista, Pablo Marçal (PRTB) aparece com a maior rejeição do eleitorado, com 47%. Em segundo está Guilherme Boulos (PSOL), com 38%, e, em terceiro, José Luiz Datena (PSDB), com 35%. Desde o início de agosto, a rejeição de Marçal cresceu 17 pontos — ele marcava 30% — e superou a de Boulos, que era o candidato mais rejeitado.


Rio de Janeiro


O candidato Alexandre Ramagem (PL) é o que aparece com maior rejeição entre os eleitores do Rio de Janeiro, com 37%. Na pesquisa anterior, ele tinha 29%. Na sequência, estão Tarcísio Motta (PSOL), com 22%; Cyro Garcia (PSTU), com 22%; e Rodrigo Amorim (UB), com 19%.


Já a rejeição a Eduardo Paes (PSD), que alcançou 14% e 19% nas duas pesquisas anteriores, oscilou para 17%.


Belo Horizonte


Duda Salabert (PDT) aparece como a candidata com maior rejeição na eleição para a Prefeitura da capital mineira, com 30%. Ela é seguida por Rogerio Correia (PT), com 26%, Bruno Engler (PL), com 25% e Carlos Viana (Podemos), com 18%.


Recife


O Datafolha mostrou que, no Recife, o candidato a prefeito com maior rejeição é Gilson Machado (PL), com 43%. Ele é seguido por Ludmila (UP), com 35%, e Daniel Coelho (PSD), com 34%. João Campos (PSB), que lidera as pesquisas de intenção de voto, é rejeitado por 7% dos eleitores da capital pernambucana.


Metodologias


São Paulo: A pesquisa, encomendada pela TV Globo e a Folha de S.Paulo, foi realizada entre 17 e 19 de setembro e entrevistou presencialmente 1.204 pessoas acima de 16 anos na cidade de São Paulo. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%. Registro na Justiça Eleitoral sob o protocolo SP-03842/2024.


Rio de Janeiro: A pesquisa foi feita presencialmente entre os dias 17 e 18 de setembro com 1.106 eleitores de 16 anos ou mais, foi encomendada pela Folha de S.Paulo e pela Globo, e registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo RJ-01318/2024. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%.


Belo Horizonte: A pesquisa Datafolha, contratada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, foi realizada presencialmente com 910 pessoas de 16 anos ou mais em Belo Horizonte, nos dias 17 e 18 de setembro, e foi registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo MG-07919/2024. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.


Recife: O instituto ouviu 910 eleitores na capital pernambucana na terça (17) e na quarta (18). A margem de erro do levantamento, encomendado pela TV Globo e pelo jornal “Folha de S.Paulo” e registrado sob o número PE-02953/2024 na Justiça Eleitoral, é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%.


Fonte: Agenda do Poder com informações do g1.

PF prende 19 candidatos das eleições municipais que tinham mandados em aberto

 As prisões foram feitas em diversos estados do país e atingem candidatos de vários partidos


A Polícia Federal, de terça-feira (17) até esta quinta (19), prendeu 19 candidatos nas eleições municipais que tinham mandados de prisão em aberto.


As prisões, de acordo com a PF, foram feitas em diversos estados do país e atingem candidatos de vários partidos.


Os crimes pelos quais eles tinham mandado de prisão em aberto são:


  • dívida por pensão alimentícia
  • tráfico de drogas
  • corrupção ativa
  • porte ilegal de arma de fogo
  • promoção de imigração ilegal, inclusive de criança e adolescente
  • estupro de menor

Nesta quarta (18), reportagem do portal g1 mostrou que havia 61 candidatos nas eleições municipais com mandados de prisão em aberto.


Pela legislação brasileira, um mandado de prisão em aberto não veta que alguém dispute uma eleição. A proibição vale para condenados de forma definitiva ou por um colegiado de juízes. No caso de pensão, nem mesmo uma condenação tiraria o candidato disputa, segundo o advogado Alberto Rollo, especialista em direito eleitoral.


Ainda assim, candidatos com mandados de prisão em aberto podem ser presos, caso sejam encontrados.


“Pode causar estranheza termos alguém se candidatando [quando poderia estar] preso. Mas é justo, sob pena de afastarmos das urnas pessoas que nem mesmo foram consideradas culpadas em primeira instância”, diz Fernando Neisser, professor de direito eleitoral da Fundação Getúlio Vargas (FGV).


No caso de pensão, nem mesmo uma condenação tiraria o candidato disputa, segundo o advogado Alberto Rollo, especialista em direito eleitoral. “Eles não são impedidos de concorrer, porque ela [a condenação por não pagamento de pensão] não entra no rol de restrições da Ficha Limpa.”


Uma outra reportagem do g1, publicada no sábado (14), mostrou que havia 3 candidatos alvos de mandados de prisão por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 em Brasília. Dois foram presos e um é considerado foragido.


Fonte: Agenda do Poder com informações do g1.

X suspende contas de Marcos do Val e de pivôs de bloqueio da rede social no Brasil


Moraes suspende rede social de Marcos do Val e bloqueia até R$ 50 milhões do senador | O TempoO senador Marcos do Val (Podemos-ES). Foto: reprodução

A plataforma X (antigo Twitter) desativou nove perfis que foram “pivôs” no conflito entre o bilionário Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o que resultou na suspensão da rede social no Brasil, conforme informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Entre as contas bloqueadas está a do senador Marcos do Val (Podemos-ES), que agora aparece como “conta retida” em outros países. Além dele, foram removidos os perfis do influenciador bolsonarista Ed Raposo, que concorreu a deputado federal pelo PTB-RJ em 2022, do engenheiro Cláudio Luz e do pastor Josias Pereira Lima.

Outros perfis que saíram do ar incluem o do ex-apresentador da Jovem Pan, Paulo Figueiredo, que gerenciava duas contas, além de Paola da Silva Daniel, esposa do ex-deputado Daniel Silveira, a filha do blogueiro Oswaldo Eustáquio e o influenciador Sérgio Fischer.

Perfil de Marcos do Val após X acatar decisão do STF e bloqueá-lo. Foto: Reprodução

No entanto, a plataforma não mencionou em sua petição ao STF o status das contas de João Ricardo Meri Alves e Sandra Eustáquio, esposa de Oswaldo Eustáquio, que também foram alvo de decisões judiciais.

Vale destacar que a empresa de Musk havia se recusado a cumprir ordens anteriores que exigiam a remoção desses perfis, o que levou ao bloqueio da plataforma no Brasil em agosto, além de uma multa superior a R$ 18 milhões.

As decisões sobre o bloqueio das contas foram tomadas nos dias 7, 16 e 20 de agosto, após a Polícia Federal apresentar evidências de que várias pessoas estavam intimidando autoridades que investigavam milícias digitais e uma tentativa de golpe de Estado.

Fonte: DCM

Saiba tudo sobre o debate com candidatos à Prefeitura de SP desta sexta

Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), José Luiz Datena (PSDB), Tabata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo). Foto: reprodução

 Os candidatos à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024 participarão de um debate nesta sexta-feira (20), transmitido ao vivo pelo portal Terra, em parceria com o SBT e a rádio Nova Brasil. O evento será mediado pelo jornalista César Filho e começará às 11h15, com duração de 1h45.

Este é o sétimo debate da corrida eleitoral e o terceiro realizado nesta semana. Foram convidados os candidatos Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo).

As regras

A disposição dos candidatos no cenário foi definida por sorteio. Datena ficará ao lado de Marçal, com Boulos no meio, à direita do mediador. À esquerda de César Filho estarão Tabata, Nunes e Marina. O debate será dividido em três blocos com dois intervalos.

No primeiro bloco, os candidatos farão perguntas entre si sobre temas sorteados ao vivo, como saúde, segurança, educação, zeladoria, mobilidade urbana e gestão ambiental. Cada candidato terá 30 segundos para fazer a pergunta, o oponente terá 1 minuto e 30 segundos para responder, e as réplicas e tréplicas terão 1 minuto cada.

O segundo bloco será dedicado a perguntas dos jornalistas dos veículos organizadores. Os seis jornalistas farão perguntas aos candidatos, com a mesma regra de tempo para respostas e comentários.

Nesse bloco, não será permitido que um candidato responda mais de uma vez, e outro candidato poderá comentar a resposta do oponente, sem repetição. O tempo de resposta será de 1 minuto e 30 segundos, com 1 minuto para o comentário e mais 1 minuto para a réplica.

Terra, SBT e Nova Brasil promovem debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo

Cenário do debate Terra/SBT/Nova Brasil com candidatos à Prefeitura de São Paulo. Foto: Terra

No terceiro bloco, haverá uma nova rodada de perguntas entre os candidatos, seguindo a ordem previamente sorteada. Os temas serão sorteados novamente, e a dinâmica de perguntas e respostas será a mesma do primeiro bloco.

Após essa rodada, os candidatos terão tempo para suas considerações finais, também de acordo com a ordem definida por sorteio. Guilherme Boulos será o primeiro a falar, seguido de Tabata Amaral, José Luiz Datena, Pablo Marçal, Marina Helena e, por último, Ricardo Nunes.

Direito de resposta

O debate contará com um sistema de direito de resposta. Se um candidato se sentir ofendido por calúnia, injúria ou difamação, poderá solicitar um minuto adicional para se defender. Esse pedido será analisado por um corpo jurídico presente no evento.

Caso o pedido seja aceito, o candidato terá direito ao tempo de resposta dentro do mesmo bloco em que a ofensa ocorreu ou no início do bloco seguinte, caso o pedido seja feito no final do bloco em andamento.

Nenhum tipo de violência verbal ou física será tolerado durante o debate, tanto nas perguntas e respostas quanto nas considerações finais.

Fonte: DCM

Nunes tem novo empate técnico com Boulos e se afasta de Marçal, diz pesquisa

 

Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB). Foto: reprodução

O mais recente levantamento do Paraná Pesquisas, divulgado nesta sexta-feira (20), sobre as intenções de voto para a Prefeitura de São Paulo, mostra o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) liderando com 26,8%, seguido pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), com 23,7%, e o empresário Pablo Marçal (PRTB), com 21%.

A pesquisa apresenta uma margem de erro de 2,6 pontos percentuais, para mais ou para menos, e os resultados são baseados no cenário estimulado, onde os nomes dos candidatos são apresentados aos entrevistados.

Nas pesquisas anteriores, realizadas em 13 e 6 de setembro, havia um empate técnico entre os três candidatos, com oscilações dentro da margem de erro. No cenário atual, Nunes e Boulos permanecem tecnicamente empatados, assim como Boulos e Marçal. No entanto, a diferença entre Nunes e o ex-coach já está fora da margem de erro, sinalizando uma leve vantagem para o prefeito.

No segundo bloco de candidatos, aparecem a deputada federal Tabata Amaral (PSB) com 8,3%, o apresentador José Luiz Datena (PSDB) com 7%, e a economista Marina Helena (Novo) com 1,9%.

Já Altino Prazeres (PSTU) e Bebeto Haddad (DC) têm 0,1%, enquanto João Pimenta (PCO) e Ricardo Senese (UP) não pontuaram. Votos em branco ou nulo somam 6,2%, e 4,8% dos eleitores ainda estão indecisos.

A pesquisa entrevistou 1.500 eleitores entre 16 e 19 de setembro, com um índice de confiança de 95%, registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo SP-03057/2024.

Confira:

Levantamento do Paraná Pesquisas. Foto: reprodução

Fonte: DCM

PF indicia senadores Eduardo Braga e Renan Calheiros por corrupção passiva e lavagem de dinheiro

 

A investigação aponta envolvimento dos parlamentares com pagamento de propina em troca de favorecimentos ao grupo farmacêutico Hypera Pharma

Renan Calheiros (Foto: Pedro França/Agência Senado)

A Polícia Federal (PF) indiciou nesta semana os senadores Eduardo Braga (MDB-AM), líder do MDB no Senado, e Renan Calheiros (MDB-AL), pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) também foi incluído no indiciamento. Os três são acusados ​​de favorecer o grupo farmacêutico Hypermarcas, atual Hypera Pharma, em troca de pagamento de propinas, revela reportagem do jornalista Aguirre Talento do Uol.

A investigação aponta que Braga, Calheiros e Jucá receberam cerca de R$ 20 milhões da Hypermarcas, por meio do empresário Milton Lyra, lobista identificado pela PF como intermediário do MDB. O valor teria sido repassado em troca de atuação favorável dos senadores em projetos de lei que tramitaram no Congresso Nacional entre 2014 e 2015, relacionados a incentivos fiscais para empresas do setor farmacêutico.

O relatório final da investigação, que corre sob sigilo, foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no mês passado. O ministro Edson Fachin, relator do processo, enviou o material à Procuradoria-Geral da República (PGR), que agora analisa a possibilidade de apresentar uma denúncia formal contra os parlamentares.

Além das manobras no Congresso, o inquérito aponta que o senador Renan Calheiros teria indicado um nome para o diretório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com o objetivo de favorecer os interesses do grupo farmacêutico dentro da agência reguladora.

A investigação é um desdobramento da Operação Lava Jato e foi iniciada em 2018, após a delação premiada de Nelson Mello, ex-diretor da Hypermarcas. Mello revelou a existência de contratos fictícios com empresas indicadas por Milton Lyra, criados para repassar propinas aos políticos. A PF afirma ter coletado provas que corroboram os relatos dos delatores, como a ausência de prestação de serviços específicos pelas empresas que receberam os pagamentos.

Fonte: Brasil 247 com informações do UOL

Governo após R$ 514 milhões para o combate a incêndios: 'novos créditos vão ser publicados'

 

Foram coletadas algumas sugestões apresentadas por integrantes de governos estaduais e municipais

Reunião em Brasília (Foto: Henrique Raynal / CC)

Representantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva coletaram, nesta quinta-feira (19), algumas sugestões apresentadas por integrantes de governos estaduais e municipais para atender de forma mais célere às demandas de contenção de queimadas no país. Além dos R$ 514 milhões em crédito extra para o combate às queimadas na Amazônia, já publicados no Diário Oficial da União, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) reforçará as medidas de contenção com mais R$ 400 milhões, aprovados para os próximos dias.

O montante será utilizado para apoiar os Corpos de Bombeiros dos estados da Amazônia Legal na compra de equipamentos, materiais e viaturas. "Outros créditos serão publicados à medida que os governadores apresentarem os pleitos e materializarem suas demandas", destacou o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Segundo o ministro, o Governo Federal pretende organizar um novo arranjo envolvendo estruturas regionais de resgate e apoio no combate a incêndios, para maior rapidez de ação. "O intuito é que nós consigamos, através dos estados e dos consórcios, dar maior capilaridade, utilizando o apoio municipal e treinando guardas municipais para esses resgates. Quanto mais rápida for a ação, menor será o prejuízo, e, portanto, queremos utilizar as unidades municipais e as comunidades para que elas sejam treinadas com apoio e financiamento do governo", explicou.

A ideia é equipar as regiões com aeronaves, helicópteros, materiais e equipamentos, além de formar uma força de Defesa Civil regional que preste atendimento de forma mais rápida e eficaz, a custos menores. "Hoje, adaptamos muitos equipamentos das forças de segurança nacionais e das Forças Armadas, que não são necessariamente os apropriados para este tipo de finalidade. Acabam sendo equipamentos muito grandes, com custos operacionais maiores e menor mobilidade, pois são projetados para a guerra e não para resgate", apontou Rui Costa.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu o trabalho conjunto e afirmou que a orientação do presidente Lula é atender a população. "Estamos trabalhando de mãos dadas. A crise é grave, o enfrentamento é muito difícil. As ações estão sendo ajustadas o tempo todo, e o que queremos é trabalhar de forma integrada. O presidente Lula nos orienta que o nosso trabalho é atender à população, pois a situação está prejudicando a saúde, a economia, os interesses estratégicos do Brasil e está destruindo o meio ambiente em vários biomas", resumiu.

O ministro da Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, detalhou a situação atual de reconhecimento de calamidade e emergência nos estados e municípios. "No que se refere à estiagem nas regiões Centro-Oeste e Amazônia, temos 80 municípios com situação de emergência reconhecida pelo Governo Federal, com 20 planos de trabalho já aprovados e 20 em análise. Para esses, R$ 28 milhões já foram aprovados. Quanto aos incêndios, temos 141 municípios em situação de emergência reconhecida, cinco planos de trabalho aprovados e um em análise, o que representa R$ 54,3 milhões em recursos aprovados", explicou.

Os representantes do Governo Federal ouviram de todos os governadores as sugestões, pleitos e relatos sobre a situação enfrentada por cada região. Os chefes dos Executivos estaduais se colocaram à disposição e agradeceram o apoio do Governo Federal no enfrentamento da situação e pelo empenho em promover uma solução conjunta.

Durante a reunião, a visão unânime dos governadores foi de que os incêndios têm cunho criminoso. Nas palavras do ministro Rui Costa: "A razão basilar é a estiagem prolongada, mas nitidamente há uma quantidade significativa de incêndios criminosos, inclusive com prisões já realizadas. Esses incêndios serão apurados do ponto de vista criminal."

"Muitos governadores reclamaram da soltura imediata de pessoas presas por atear fogo em áreas extensas, após o pagamento de valores irrisórios. Pela extensão e pela ocorrência de incêndios simultâneos em áreas diversas, fica claro o caráter criminoso das ações", relatou o ministro, afirmando que a Polícia Federal está investigando os casos.

Para o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, todas as vezes em que se agiu de forma integrada, o impacto foi positivo. "No entanto, todos nós reconhecemos que, sobretudo devido ao agravamento da seca e das ações criminosas, há um consenso de que essas ações criminosas, orquestradas ou não, têm impactado o território de cada estado", pontuou, afirmando que cada governador e prefeito está lutando contra essas ações. "Podemos fazer mais em relação à preparação, investimento, cooperação e ações mais contundentes do que as que estamos tomando."

IMAGENS — Durante o encontro, os governadores pediram apoio para a contratação de satélites ou uso de contratos existentes para disponibilizar imagens com resolução de até 3 m², para que os governos estaduais possam ter informações mais precisas. "Vamos utilizar esses recursos para implementar monitoramento térmico e de câmeras, a fim de identificar focos de calor e eventuais criminosos que acessam as estradas. Isso facilitará a investigação e responsabilização desses indivíduos no futuro", detalhou Rui Costa.

ENDURECIMENTO DAS PENAS — A ministra Marina Silva defendeu o endurecimento das penas para crimes ambientais. Ela criticou as atuais punições, que considera inadequadas para combater efetivamente os incêndios. "Isso deve ser agravado por uma mudança na lei. Temos várias agendas, uma delas é o emergencial, outra é lidar com o clima, e a última são as medidas preventivas", destacou.

DIÁLOGO — O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, relatou as particularidades de cada estado durante a reunião. Ele destacou que, no Mato Grosso do Sul, o governo local e a União vêm investindo há mais de quatro meses no combate aos efeitos da estiagem. "Evitamos seguramente que mais de um milhão e meio de hectares fossem queimados no Pantanal", estimou.

O governador afirmou que os R$ 514 milhões anunciados esta semana "dão continuidade imediata a uma série de despesas diárias, como combustível de aeronaves e demandas dos estados em relação à Defesa Civil". Riedel também disse que a estruturação da prevenção demandará não apenas o trabalho do Governo Federal, mas também dos estados, com o envio de propostas para que a prevenção se intensifique a partir do próximo ano.

Para o governador do Amazonas, Wilson Lima, o trabalho conjunto amplia a ajuda humanitária e facilita o processo de dragagem dos rios da região. "No estado do Amazonas, algumas comunidades estão isoladas e as populações têm dificuldade de acessar água potável e alimentos. As embarcações grandes já não conseguem mais chegar a Manaus com insumos para a Zona Franca e o comércio. Precisamos desse trabalho conjunto", destacou.

O estado do Pará decretou emergência ambiental em 18 de setembro e já apresentou seu plano de trabalho para ampliar a presença de brigadistas na região e aumentar o efetivo de combate aos incêndios. "Houve a sinalização de que a medida provisória de R$ 514 milhões é apenas o primeiro passo. O Pará solicitou R$ 146 milhões para enfrentar os incêndios e apoiar as áreas isoladas pela redução do nível dos rios, com cestas básicas, galões de água e apoio à produção, que foi comprometida", afirmou o governador Helder Barbalho.

Participaram da reunião os governadores do Pará, Helder Barbalho; de Goiás, Ronaldo Caiado; de Mato Grosso, Mauro Mendes; do Amazonas, Wilson Lima; do Acre, Gladson Cameli; do Distrito Federal, Ibaneis Rocha; de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel; de Tocantins, Wanderlei Barbosa; de Roraima, Antonio Denarium; além dos vice-governadores de Rondônia, Sérgio Gonçalves da Silva, e do Amapá, Antônio Pinheiro Teles Júnior.

Pelo Governo Federal, além dos ministros da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha; da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, estiveram presentes representantes de diversos órgãos, como Polícia Federal, Ibama, Polícia Rodoviária Federal, ICMBio, e Defesa Civil Nacional, entre outros.

Fonte: Brasil 247

Usuários de mídias sociais não têm controle sobre dados usados por IA, diz agência dos EUA

 

O relatório analisou como Meta, TikTok, Twitch e outras empresas de mídia social gerenciam dados dos usuários

(Foto: Reuters)

Reuters – As empresas de mídia social coletam, compartilham e processam grandes quantidades de informações sobre seus usuários, oferecendo pouca transparência ou controle, inclusive sobre como elas são usadas por sistemas que incorporam inteligência artificial, afirmou a Comissão Federal de Comércio dos EUA em relatório divulgado nesta quinta-feira.

O relatório analisou como Meta, TikTok, Twitch e outras empresas de mídia social gerenciam dados dos usuários, concluindo que as políticas em muitas dessa companhias são "lamentavelmente inadequadas".

YouTube, X, Snap, Discord e Reddit também foram incluídos no relatório da FTC, embora as conclusões nestes casos não tenham sido divulgadas pela agência norte-americana.

As empresas de mídia social coletam dados por meio de tecnologias de rastreamento usadas na publicidade online e na compra de informações de corretores de dados, além de outros meios, disse a FTC.

"Embora lucrativas para as empresas, essas práticas de vigilância podem colocar em risco a privacidade das pessoas, ameaçar suas liberdades e expô-las a uma série de danos, desde roubo de identidade até perseguição", disse a presidente da FTC, Lina Khan.

Grandes empresas de tecnologia têm se esforçado para adquirir fontes de dados para treinarem suas tecnologias emergentes de inteligência artificial. Os acordos de dados não são divulgados com frequência e, muitas vezes, envolvem conteúdo privado bloqueado atrás de paywalls e telas de login, com pouca ou nenhuma notificação aos usuários que os publicaram.

Além de coletar dados sobre como os usuários se envolvem com seus serviços, a maioria das empresas analisadas pela FTC coletou a idade e o sexo dos usuários ou os adivinhou com base em outras informações. Algumas também coletaram informações sobre renda, educação e situação familiar dos usuários, informou a agência.

As empresas coletaram dados sobre indivíduos que não usaram seus serviços, e algumas não conseguiram identificar todas as formas de coleta e uso de dados, disse a FTC.

Fonte: Brasil 247

Lula exalta o legado de Paulo Freire para a educação brasileira

 

Presidente destaca a importância do educador e sua contribuição para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária

Lula e Paulo Freire (Foto: Reprodução)

No dia de ontem, o Brasil e o mundo celebraram os 103 anos de nascimento de Paulo Freire, considerado o patrono da educação brasileira e um dos mais influentes pensadores no campo pedagógico. Freire, que recebeu o título de doutor honoris causa de mais de 50 universidades no Brasil e no exterior, segue sendo uma referência fundamental para a educação e para aqueles que acreditam no poder transformador do ensino. A sua obra mais conhecida, "Pedagogia do Oprimido", é a terceira mais citada em todo o mundo na área de ciências humanas.

Em nota oficial, divulgada pela Agência Gov, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou homenagem ao legado de Freire, lembrando a importância de seu pensamento na luta por uma educação que não apenas instrui, mas que liberta e transforma. “Tive o prazer e a honra de conviver com ele. Sou testemunha do seu profundo amor pelos seres humanos, em especial pelos oprimidos – aqueles que, em suas palavras, foram 'roubados do seu direito de ser'. A eles, Paulo Freire dedicou sua obra e sua vida", declarou Lula.

Paulo Freire defendia que a educação tinha o poder de transformar a sociedade. Em uma de suas citações mais famosas, ele afirmou: “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Para ele, a mudança social viria do empoderamento dos marginalizados, e isso se daria por meio de uma educação crítica e consciente, que questionasse as estruturas opressoras da sociedade.

Apesar de ser amplamente reconhecido e reverenciado internacionalmente, a trajetória de Freire foi marcada por desafios, principalmente durante a ditadura militar no Brasil. Ele foi perseguido, expulso da universidade, preso e forçado ao exílio. Mesmo assim, suas ideias se espalharam pelo mundo e foram adotadas em vários países como base para uma educação emancipadora e inclusiva.

O presidente Lula também comentou sobre as perseguições que o pensamento de Paulo Freire ainda sofre, mesmo décadas após sua morte, vindo de setores conservadores que se opõem à educação crítica. "Um quarto de século depois de sua morte, continua temido e odiado pela extrema direita, inimiga feroz da educação e da construção de um mundo livre das desigualdades", afirmou Lula, destacando o crescente interesse pelas ideias de Freire, especialmente entre as novas gerações no Brasil e no exterior.

O legado de Paulo Freire, segundo Lula, vive não apenas em seus escritos, mas também nas práticas pedagógicas de educadores que, inspirados por seu trabalho, buscam transformar a realidade de seus alunos e da sociedade como um todo. "Paulo Freire vive. Viva Paulo Freire", concluiu o presidente.

Fonte: Brasil 247

Sobre Ernesto Geisel: os méritos do general e algumas comparações com Lula

 


"Os méritos do governo Geisel na área econômica me parecem inegáveis", diz Paulo Nogueira Batista Jr.

Ernesto Geisel (Foto: Reprodução)

Na minha longa experiência como colunista, aprendi que não é recomendável publicar artigos em sequência. Entre um e outro artigo, acontecem mil coisas, vem uma torrente de outros artigos e notícias, e o leitor do texto inicial já nem lembra dele ou perdeu o interesse pelo tema. Mesmo assim, é exatamente o que vou fazer hoje  – retomar um aspecto do artigo que publiquei recentemente em homenagem aos 70 anos do suicídio de Vargas (“70 anos da morte de Getúlio Vargas, agosto de 2024). A razão é que nesse artigo um ponto causou surpresa, quando não repulsa: a referência ao general Ernesto Geisel como um dos quatro grandes Presidentes da República da nossa história, junto com Getúlio, Lula e Juscelino Kubitschek.

Prometi explicar um pouco melhor a inclusão de Geisel nessa pequena lista, pois sabia que ela seria controvertida. Estou aqui cumprindo a promessa. O tema é vasto e o tempo do leitor, curto. Vou abordar apenas três aspectos do seu governo – economia, política interna e relações internacionais. Os méritos da sua presidência, que foi de março de 1974 a março de 1979, são muitos e me parecem inegáveis, mas não deixarei de apontar erros e pontos fracos. Vou mesclar leituras e estudos com lembranças pessoais dessa época. Farei comparações com o governo Lula e outros governos posteriores a Geisel. Mas será uma apertada síntese, como dizem os advogados. Em todo caso, “alerta de textão”, como diz a gurizada.

Nacional-desenvolvimentismo no governo Geisel 

Geisel foi um presidente desenvolvimentista e nacionalista, mais do que qualquer outro da ditadura militar. E mais do que qualquer outro dos presidentes da República que vieram depois – com as exceções de Lula e Dilma. Geisel retomou, assim, a tradição de Getúlio e JK – não só em economia, mas também nas relações internacionais do Brasil. 

Sobre política econômica e muitos outros aspectos da atuação de Geisel recomendo vivamente ao leitor ou leitora que consulte o livro “Ernesto Geisel”, editado pelo Centro de Pesquisa e Documentação (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas – um trabalho primoroso, baseado em longo depoimento do ex-presidente, tomado em 1993 e 1994, e cuidadosamente revisto por ele. Nessa revisão, Geisel acrescentou, em especial, longo trecho em defesa da intervenção do Estado na economia.

No seu período de governo, destaca-se o II Plano Nacional de Desenvolvimento, baseado na ampliação e diversificação do parque industrial brasileiro, especialmente o setor de bens de capital. O meu primeiro emprego, menciono en passant, foi como estagiário do II PND e dou meu modesto testemunho do dinamismo do Ministério do Planejamento na época, sob comando de João Paulo dos Reis Velloso. 

Era um Brasil que confiava em si mesmo e no seu potencial de desenvolvimento. Havia muitos problemas não resolvidos e que sequer foram realmente enfrentados – em especial a péssima distribuição de renda e riqueza –,  mas a economia crescia rapidamente e gerava empregos. O PIB cresceu 7% ano em média, resultado não igualado nos governos posteriores. O II  PND se baseava no chamado tripé – o Estado, o setor privado nacional e o setor privado estrangeiro. Uma economia mista, portanto, com forte presença das empresas estatais, mas aberta ao capital estrangeiro. Incluía-se, também, um apoio à indústria privada nacional, por meio do BNDE e outros instrumentos. O meu segundo emprego, aliás, foi como estagiário do BNDE e pude ver como o banco com entusiasmo no cumprimento da missão de apoiar o desenvolvimento de setores estratégicos da economia nacional privada. E ressalto: o apoio era a empresas privadas nacionais. Os engenheiros, economistas e advogados sob cuja orientação eu trabalhava resistiam ferozmente a qualquer tentativa de  empresas estrangeiras se travestirem  de nacionais para obter financiamento de longo prazo a taxas favorecidas junto ao BNDE. O argumento, naquele tempo, era o de que filiais e subsidiárias de empresas estrangeiras podiam recorrer ao capital de suas matrizes e tinham acesso mais fácil ao mercado internacional de crédito. Não deviam e nem precisavam, portanto, buscar apoio nos bancos públicos brasileiros.

A essa altura do texto, já se percebe por que economistas nacional-desenvolvimentistas têm razões de sobra para apreciar o que foi feito no período Geisel. Basta comparar com o que aconteceu em governos posteriores em matéria de compromisso com o desenvolvimento, com o último da ditadura militar, o governo Figueiredo, e com o governo Sarney (exceção feita ao breve interregno do ministro da Fazenda Dilson Funaro, do qual também participei, já na condição de economista). Já nem peço  a comparação com os governos antinacionais de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. No Lula II e Dilma I, foi retomada a tradição nacional-desenvolvimentista. E Lula III faz agora nova tentativa, depois do fracasso dos governos imediatamente anteriores. 

A gestação da crise da dívida externa

A bem da verdade, entretanto, é preciso ressaltar que as enormes dificuldades dos governos Figueiredo e Sarney resultaram, em parte, de erros estratégicos cometidos no governo Geisel. Diante do primeiro choque do petróleo em 1973, período em que o Brasil era muito dependente das importações desse produto, Mario Henrique Simonsen, ministro da Fazenda, o já mencionado João Paulo dos Reis Velloso, e Paulo Lira, presidente do Banco Central, resolveram permitir que a perda de termos de troca se refletisse em desequilíbrios perigosos no balanço de pagamentos em conta corrente e um acentuado aumento da dívida externa líquida do país. Os três eram economistas de grande valor, o que não impediu que se dessem conta desses  problemas a tempo. 

Deu-se então  a famosa “reciclagem dos petrodólares”, realizada por bancos comerciais privados americanos, europeus e japoneses. Isso levaria à crise da dívida externa da década de 1980, agravada pela forma como Delfim Neto, no governo Figueiredo, respondeu ao segundo choque do petróleo em 1979 e ao choque de juros promovido pela Reserva Federal dos Estados Unidos a partir de 1980.

Uma questão essencial: o governo Geisel não percebeu a importância de acumular um volume mais expressivo de reservas internacionais como forma de autoproteção. Quando veio o segundo choque do petróleo e a alta das taxas de juro internacionais, houve inesperado aumento das necessidade de financiamento externo da economia brasileira. A liquidez internacional, em especial a  oferta de crédito bancário privado, que muitos supunham infinitamente elástica, secou abruptamente. E o Brasil teve que recorrer ao FMI, perdendo soberania e autonomia de decisão.

Ressalvo que não era tão fácil perceber plenamente esses riscos na época. Ainda me recordo de assistir no Rio de Janeiro, por volta de 1979,  uma interessante palestra do economista John Williamson, que ficou célebre como pai do “Consenso de Washington”. Durante a apresentação e no trabalho escrito que serviu de base a ela, Williamson sustentou que as reservas internacionais do Brasil (cerca de US$ 13 bilhões) estavam altas demais... Na verdade, a  equipe econômica do governo Geisel se deixou seduzir por esse tipo de balela. Quase imediatamente depois das lições ministradas por Williamson, as reservas brasileiras se mostraram dramaticamente insuficientes. O resultado foi o colapso da economia –   “a construção interrompida” a que faria referência Celso Furtado.

Meu encontro com Geisel e algumas comparações com Lula

Mesmo assim, os méritos do governo Geisel na área econômica me parecem inegáveis. O presidente tinha certa sabedoria na condução da política econômica. Tive o privilégio de conhecê-lo por volta de 1979/80. Geisel, já ex-presidente, veio almoçar na casa do meu pai onde ficamos os três conversando. Eu, com 24 ou 25 anos, praticamente não dei um pio, limitando-me a fazer algumas perguntas. Da conversa ficaram duas coisas importantes na minha memória.

Primeira: referindo-se à forma de lidar com o Ministro da Fazenda, Geisel frisou que, em todo governo, todos os ministros querem gastar, e só um, o da Fazenda, quer economizar. E cabe ao Presidente, disse ele, prestigiar esse um – sob pena de colocar o governo a perder. Assim faz o presidente Lula, que sempre apoia o ministro Haddad.

Segundo aspecto da conversa com Geisel, esse não presente no governo atual: é imprescindível, destacou ele, que o Presidente tenha dentro do governo acesso a mais de uma opinião em matéria econômica. Lamentou que o seu sucessor, o general Figueiredo, tenha ficado na mão de um só superministro da economia, Delfim Neto. Geisel lembrou, por contraste, que ele contava com três vozes influentes e independentes entre si: os acima mencionados Simonsen na Fazenda, Velloso no Planejamento, além de Severo Gomes, o Ministro da Indústria e Comércio. Quando havia uma questão econômica importante, ele convocava esses ministros, abria um debate, ouvia os argumentos, as concordâncias e discordâncias – e então tomava ele mesmo as decisões.

Nesse ponto, Lula segue uma abordagem diferente. Só tem Haddad como ministro influente e de confiança para questões econômicas. Talvez ele devesse criar, como sugeriu o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, uma assessoria especial da Presidência, no Palácio do Planalto, semelhante ao Council of Economic Advisors da Presidência dos Estados Unidos. Ela poderia funcionar nos moldes da assessoria especial para assuntos internacionais, comandada pelo ex-ministro Celso Amorim, que conta  com o auxílio de uma equipe de diplomatas e outros assessores.

A dimensão política interna

Volto a Geisel. Ele foi um ditador, um dos cinco presidente do regime estabelecido pelo golpe militar de 1964. E, no entanto, é preciso notar, também, que foi ele o responsável pela “distensão lenta, segura e gradual”, nas suas próprias palavras. Essa “distensão” levaria ao fim da ditadura. Geisel enfrentou, inclusive, resistência feroz à abertura política por parte da “linha dura” das Forças Armadas, como recapitulei no artigo anterior sobre Getúlio Vargas.

Repare, leitor ou leitora, num ponto que me parece crucial, ainda que controvertido: a “distensão” veio, no meu modo de ver, essencialmente de cima para baixo, por iniciativa do presidente Geisel, que teve a percepção de que a ditadura militar não deveria e nem poderia se eternizar. Não veio de baixo para cima, por pressão de setores da sociedade civil. Eu mesmo, como aluno de economia e liderança estudantil, participei dessa pressão de baixo para cima cuja ponta-de-lança era a agitação anti-ditadura em algumas universidades.

Em 1977, esse movimento estudantil, dormente desde 1968, ressurgiu com certa força, sobretudo na USP e na PUC do Rio de Janeiro, onde eu estudava e integrava o grupo de líderes políticos na faculdade. Lembro bem da espionagem espantosamente detalhada do SNI nas nossas reuniões de diretório, da convocação para depoimento de alguns de nós no DOI-CODI (um órgão de repressão), dos helicópteros militares sobrevoando ameaçadoramente o campus da PUC, enquanto uma grande massa de estudantes bradava em coro, em resposta a um de nós que gritava num megafone: “Jornalista Vladimir Herzog” – “Presente!”; “Operário Manoel Fiel Filho” – “Presente!” – em referência que até hoje me emociona a dois “subversivos”, como diziam os militares, que haviam sido assassinados nas dependências do Segundo Exército. Por conta desses assassinatos e outros problemas, aliás, Geisel demitiu em 1976 o general Ednardo D’Ávila, o comandante do Segundo Exército, como lembrei no artigo anterior.  

Mas não me iludo. A pressão dos estudantes e de outros setores não teria sido nem de perto suficiente para levar à democratização. O mérito principal é de Geisel. E não me parece justo, acrescento, atribuir a ele a responsabilidade integral por todas as violências políticas que ocorreram durante o seu governo. Isso não equivaleria, pergunto, atribuir a Lula a responsabilidade por todos os escândalos de corrupção que ocorreram na Petrobrás e outras áreas durante os seus governos?

Também na área política a sabedoria de Geisel parece evidente. No depoimento ao CPDOC, sem que tivesse sido perguntado a respeito, referiu-se a um futuro Presidente da República nos seguintes termos: “Presentemente, o que há de militares no Congresso? Não contemos com Bolsonaro, porque o Bolsonaro é um caso completamente fora do normal, inclusive um mau militar”. E destacou que Bolsonaro, na época deputado federal, era um dos insensatos que queria voltar à ditadura militar.

Nacionalismo e relações internacionais

Na área internacional o governo Geisel também se destacou positivamente, sob a égide do que ele chamou de “pragmatismo responsável”. Com Geisel voltou a política externa independente, uma retomada da tradição de Getúlio e uma antecipação da política que Lula faria de 2003 em diante. 

Alguns exemplos, listados rapidamente para não alongar mais um artigo já extenso demais. 

Embora anticomunista, Geisel reconheceu a China de Mao Tse Tung e abandonou as relações com Taiwan em 1994 – isso anos antes o que os Estados Unidos o fizessem – um “primeiro sinal de que o Brasil teria uma política externa independente”, como notou Celso Amorim em entrevista recente. Geisel reconheceu, além disso, a independência e estabeleceu relações com os regimes marxistas de Angola e Moçambique em 1975. 

E abandonou um acordo militar com os Estados Unidos em 1997, porque o governo Carter passara a condicionar financiamentos à supervisão dos direitos humanos no Brasil. Outro ponto crucial: Geisel não aderiu ao Tratado de Não Proliferação Nuclear, intensamente patrocinado pelos Estados Unidos e pela União Soviética. A adesão só ocorreria durante o governo entreguista de Fernando Henrique Cardoso. 

Ainda mais importante, também na área nuclear: o acordo Brasil/Alemanha Ocidental, realizado no governo Geisel, que resultou no programa nuclear brasileiro e na criação de uma empresa estatal para executá-lo, a Nuclebrás. Meu pai foi o principal negociador desse acordo e o primeiro presidente da Nuclebrás. Esse programa nuclear sofreu, como seria de prever,  forte oposição dos Estados Unidos e dos seus aliados brasileiros, de um lado, e da União Soviética e seus aliados brasileiros, de outro. O governo Geisel  resistiu a essas pressões e tocou o programa nuclear para frente. Ele só viria a ser interrompido no governo Figueiredo como consequência da perda de soberania associada à crise da dívida externa. 

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A questão é polêmica, reconheço, mas concluo com uma pergunta: todas essas considerações econômicas, de política interna e de relações internacionais não seriam suficientes para incluir Geisel no rol dos maiores Presidentes da República da nossa história? 

Uma versão resumida deste texto foi publicada na revista Carta Capital.

Fonte: Brasil 247