sábado, 3 de agosto de 2024

Gabi Portilho decide e Brasil derrota França no futebol feminino

 

Vitória classifica seleção para a semifinal dos Jogos de Paris


A seleção feminina se garantiu nas semifinais do torneio de futebol feminino dos Jogos Olímpicos de Paris (França) após derrotar as donas da casa por 1 a 0, neste sábado (3) no estádio La Beaujoire, em Nantes.

Com este resultado o Brasil quebrou um retrospecto incômodo, pois derrotou a França pela primeira vez na história. Até então haviam sido realizados onze jogos entre as equipes, com sete vitórias das europeias e quatro empates.

Agora, para buscar uma vaga na grande decisão, o Brasil terá pela frente outro grande desafio, a Espanha, atual campeã do mundo de futebol feminino e equipe que derrotou a seleção brasileira por 2 a 0 na última quinta-feira (31) em confronto válido pela última rodada da fase de grupos do torneio olímpico. A vaga das espanholas nas semifinais foi garantida com triunfo de 4 a 2 na disputa de pênaltis sobre a Colômbia após igualdade por 2 a 2 nos 90 minutos. A partida das semifinais será disputada na próxima terça-feira (6), a partir das 16h (horário de Brasília), no estádio Velódrome, em Marselha.

Domínio francês

A partida começou com claro domínio francês, que se valeu da melhor qualidade técnica para criar as melhores oportunidades antes do intervalo. A mais clara surgiu logo aos 15 minutos, quando Lorena defendeu pênalti cobrado por Karchaoui, após a árbitra marcar a penalidade máxima aos 11 minutos quando Tarciane derrubou Cascarino dentro da área brasileira. Este foi o segundo pênalti defendido por Lorena nos Jogos de Paris, o primeiro foi na derrota de 2 a 1 para o Japão pela segunda rodada da fase de grupos.

Além disso, a França conseguiu finalizar uma bola no travessão aos 39 minutos. Após cobrança de escanteio da lateral Bacha, a zagueira Mbock quase marcou. Já a equipe comandada pelo técnico Arthur Elias pouco conseguiu criar nos 45 minutos iniciais.

Gabi decisiva

Na etapa final o panorama do confronto pouco mudou, mas o Brasil soube se segurar até encontrar uma oportunidade para superar a forte defesa das donas da casa. E essa oportunidade surgiu aos 36 minutos, quando Gabi Portilho recebeu bola em profundidade, aproveitou indefinição da defesa da França e avançou para apenas bater na saída da goleira Picaud.

Aos 44 minutos a goleira Picaud falhou de forma clara na saída de bola e a Gabi Portilho teve liberdade para entrar na pequena área e acertar a trave, perdendo uma oportunidade clara de ampliar. A partir daí a equipe do técnico Arthur Elias segurou a vantagem até o apito final.

Edição: Fábio Lisboa

Fonte: Agência Brasil

Supremo da Venezuela ordena que Conselho Eleitoral entregue atas das eleições em 72 horas

 

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral, Nicolás Maduro foi reeleito presidente com 51,9% dos votos

Sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, em Caracas (Foto: Leonardo Fernández Viloria / Reuters)

Brasil de Fato Em decisão publicada na noite desta sexta-feira, a presidenta do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, Caryslia Rodríguez, determinou que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) apresente, no prazo de três dias, as atas de apuração e totalização dos votos da eleição presidencial ocorrida em 28 de julho, que consagrou a reeleição do atual presidente Nicolás Maduro. 

O CNE anunciou nesta sexta-feira (2) uma atualização dos resultados eleitorais que deram a reeleição ao presidente Nicolás Maduro. Segundo o órgão, o mandatário recebeu 6,4 milhões de votos (51,97%) contra 5,3 milhões (43,18%) do opositor Edmundo González Urrutia com 96,87% das urnas apuradas.

A determinação ocorre após encontro organizado pelo TSJ, com a presença de nove dos dez candidatos nas eleições do final de julho. Somente Urrutia, principal candidato da oposição venezuelana, que vem alegando que houve fraude nas eleições presidenciais do último domingo, faltou. A reunião era oportunidade para a apresentação de provas, na abertura das investigações sobre o resultado do pleito, que foi provocada por um recurso apresentado por  Maduro.

O CNE deve apresentar à Câmara Eleitoral do TSJ os seguintes documentos: atas de escrutínio das mesas eleitorais a nível nacional; atas finais de totalização do processo eleitoral; e as atas de adjudicação e proclamação do presidente eleito. O Supremo reconheceu o ataque cibernético às estruturas do CNE como um "impedimento à transmissão atempada dos resultados eleitorais”.

Também foi solicitado a todos os candidatos, partidos políticos e demais sujeitos envolvidos no processo eleitoral que fornecessem “todos os documentos legais de relevância jurídica que lhes sejam exigidos”, com o objetivo de certificar os resultados das eleições presidenciais.

Para garantir uma rápida apuração sobre o processo eleitoral, o TSJ determinou o funcionamento da Câmara Eleitoral 24 horas por dia, todos os dias da semana. 

fonte: Brasil 247 com Brasil de Fato

Com Bolsonaro, lançamento da candidatura de Nunes em São Paulo é palco de ataques a Boulos

 

Nunes enfrenta principalmente a concorrência do psolista, apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Bolsonaro e Tarcísio participam de convenção de Nunes em SP (Foto: Reprodução)

A candidatura do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), foi oficialmente lançada pela sigla durante uma convenção realizada no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) neste sábado (3). Nunes, que busca a reeleição, destacou a continuidade do "legado democrático" de Bruno Covas e atacou seu principal adversário, Guilherme Boulos (Psol), sem mencionar seu nome diretamente. Nunes estava acompanhado por figuras de extrema-direita, como Jair Bolsonaro e o governador Tarcísio de Freitas, além de Michel Temer.

Em seu discurso, Nunes emocionou-se ao lembrar de Bruno Covas, destacou sua administração como uma continuação do trabalho iniciado pelo ex-prefeito, e aproveitou para repetir ataques a Boulos. Ele afirmou: "Vamos dar continuidade ao legado democrático do seu pai, Tomás, e não deixar os que invadem, aqueles que depredam, os que apoiam ditaduras como da Venezuela, tomarem e invadirem a Prefeitura da maior cidade da América Latina". 

O evento contou com Bolsonaro, que elogiou a gestão de Nunes e defendeu sua candidatura para São Paulo. "Façam as comparações, vejam o que tem para frente para escolher, não há menor dúvida que o Ricardo Nunes é nome adequado e justo para São Paulo", declarou Bolsonaro. Tarcísio de Freitas também expressou apoio, destacando a importância da parceria entre o governo estadual e a prefeitura para a realização de obras e projetos importantes para a cidade. 

Enquanto isso, Nunes enfrenta a concorrência de Guilherme Boulos, apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e de outros candidatos como José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB).

Fonte: Brasil 247

Psol apoia posição do governo Lula sobre eleições na Venezuela, alerta contra golpe de direita e critica ingerência externa

 

Nota do partido evitar mencionar Nicolás Maduro e também pede mais transparência na divulgação dos resultados eleitorais

Bandeira do Psol (Foto: Psol/Divulgação)

A Executiva Nacional do Psol emitiu uma nota na sexta-feira (2) tratando das eleições na Venezuela, onde o Poder Eleitoral do país declarou a reeleição do presidente Nicolás Maduro, mas a oposição reivindicou a vitória, gerando grandes protestos contra o resultado anunciado. 

A nota alinha-se ao posicionamento do governo brasileiro de pedir a divulgação das atas eleitorais e uma solução institucional para o impasse. Além disso, diz que é "justa a cobrança" por mais transparência, critica as sanções ocidentais a Caracas e a ingerência nos assuntos internos, bem como defende um "acompanhaento internacional independente" e alerta contra uma tentativa de golpe da direita. Confira abaixo na íntegra: 

Nota do PSOL sobre a situação na Venezuela

1. O Partido Socialismo e Liberdade manifesta apoio à posição divulgada nesta quinta-feira, 1º de agosto, pelos governos do Brasil, Colômbia e México. Diante das incertezas que rondam o processo eleitoral venezuelano, é justa a cobrança por mais transparência endereçada às instituições eleitorais daquele país.

2. O bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos e seus aliados à Venezuela teve como principal vítima o povo pobre, privado do acesso a bens e serviços fundamentais. Por isso a política de embargos econômicos e a ingerência estrangeira deve sempre ser condenada.

3. A proposta de assegurar um acompanhamento internacional independente é justa. Qualquer medida que possa contribuir para legitimar uma saída que respeite a vontade e a soberania popular e a institucionalidade do país barrando as ameaças golpistas – sempre sustentadas pela direita venezuelana – contará com nosso apoio.

4. A América Latina quer e precisa de paz, justiça social, democracia e um projeto de integração soberana e independente. E isso só pode acontecer com a superação do impasse na Venezuela. O PSOL seguirá trabalhando nessa direção.

Executiva Nacional do PSOL

2 de agosto de 2024

Fonte: Brasil 247

Venezuela não é ditadura nem democracia liberal, diz pesquisadora

 

Professora da UFRJ, Carla Ferreira fez sua tese de doutorado sobre a classe trabalhadora da Venezuela, tendo visitado o país seis vezes entre 2002 e 2013

Nicolás Maduro (Foto: REUTERS/Marco Bello)

Por Lucas Pordeus León, repórter da Agência Brasil - A Venezuela não é uma ditadura, mas um sistema político diferente das democracias liberais representativas que servem de modelo para o Ocidente. Essa é a avaliação da professora Carla Ferreira, do departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que fez sua tese de doutorado sobre a classe trabalhadora no processo bolivariano da Venezuela, tendo visitado o país seis vezes entre 2002 e 2013, quando pode conversar com lideranças chavistas, do governo e de movimentos populares.

Além disso, afirma que a extrema-direita do país é mais violenta que a brasileira e que a dinâmica de polarização interna e de interferência de potências estrangeiras - principalmente dos Estados Unidos - promoveu uma centralização de poder e burocratização do governo.

Carla Ferreira fala ainda sobre o papel dos militares e vê com extrema preocupação o reconhecimento pelos EUA de uma suposta vitória do candidato opositor Edmundo Gonzalez, o que mostraria “uma predisposição por intervir na Venezuela” com risco de desestabilização em toda a América Latina.

>> Confira a entrevista abaixo:

Agência Brasil: Quais as raízes da polarização política na Venezuela?

Carla Ferreira: A origem deste conflito é o colapso do capitalismo petroleiro rentista venezuelano iniciado nos anos 70. Essa crise foi muito profunda e provocou graves repercussões sociais, como a insurreição popular ocorrida em 1989, que foi chamada de Sacudón ou Caracazo.

A crise levou ao surgimento de um movimento bolivariano popular de massas, que tem na população mais empobrecida do país o seu principal pilar, em articulação com um setor reformista das Forças Armadas, de onde emerge, inclusive, a liderança de Hugo Chávez. Esse movimento construiu uma saída institucional para a crise.

Ele articulou um projeto político que visava saldar a dívida social do país mediante a reapropriação da renda petroleira cuja maior parte era apropriada pelas transnacionais do petróleo, principalmente estadunidenses. A partir daí se instaura o conflito entre o projeto deste movimento bolivariano popular de massas e os interesses estadunidenses na região.

Mas não são apenas interesses externos. Os interesses estadunidenses estão articulados internamente com a antiga alta burocracia do petróleo que controlava a PDVSA [estatal petroleira da Venezuela], além dos setores de importação e exportação de produtos industriais. Esses setores constituem o cerne da oposição venezuelana.

Portanto, esses dois projetos diametralmente opostos são a origem da crescente polarização política na Venezuela.

Agência Brasil: E por que esses conflitos não são resolvidos, digamos, de forma pacífica? Afinal, há a tentativa de golpe de 2002, o lockout petroleiro em 2002 e 2003, além de várias insurreições, como as de 2014 e 2017.

Carla Ferreira: É preciso recordar que os métodos da extrema-direita são similares em todo o mundo. Aqui no Brasil conhecemos o bolsonarismo. É muito similar na Venezuela. O que difere lá é a escala bastante mais acentuada da violência política há mais de 20 anos, e o efeito deste ataque permanente sobre a estrutura governamental, que vai se centralizando.

Ou seja, são mais de 20 anos de intensa violência política provocada pela ultradireita na Venezuela, com o uso de fake news, denúncias fraudadas, tentativas de golpe de Estado, questionamento sistemático do sistema eleitoral, sem falar no bloqueio econômico promovido pelas administrações estadunidenses com apoio da União Europeia.

Por outro lado, a cultura política venezuelana é diversa da nossa. Historicamente, a questão da soberania nacional é um anseio muito enraizado nas classes populares venezuelanas. É uma cultura política que viu acender um movimento popular de massas como ainda não vimos no Brasil.

Quando estive na Venezuela pela primeira vez, em 2002, fiquei assombrada com a violência dessa direita. Eu tive a sensação de que eles viviam uma realidade paralela. Nós só tivemos uma amostra simular aqui no Brasil no 8 de janeiro de 2023 e aí passamos a pensar em temas como dissonância cognitiva, porque é difícil de compreender a partir de parâmetros racionais o comportamento daquelas pessoas.

Agência Brasil: Como os governos chavistas lidam com essa violência?

Carla Ferreira: Existe uma crise dos instrumentos institucionais para o enfrentamento da extrema-direita. Eu acho que a Venezuela vive essa crise de forma aguda. Na Venezuela, é permitido que os meios de comunicação corporativos divulguem todo tipo de absurdo e fake news. Isso vai criando uma sociedade totalmente cindida, dividida.

Há até leniência por parte das instituições do país de deixar correr solta a quantidade de fake news que circulam na grande mídia e nas redes sociais na Venezuela.

O governo vem enfrentando essa situação de violência política com uma espécie de democracia plebiscitária, com eleições ou plebiscitos em 1999, 2000, 2004, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2012, entre outras de lá pra cá, como uma forma de reafirmar sua legitimidade permanentemente.

Porém, esse recurso dos referendos não é suficiente frente à violência política agravada pelas sanções econômicas severíssimas que afetam a Venezuela desde 2014 e que explica em parte a emigração massiva de cerca de 25% da população devido à piora nas condições de vida desde então. 

É preciso lembrar as conquistas sociais do período Chávez, como redução do desemprego, que era de 18% em 2003 e caiu para 6% em 2012, redução de 50% na distância entre os salários mais altos e mais baixos, fim do analfabetismo, declarado pela Unesco. Em 2010, a Venezuela foi reconhecida pela FAO [Agência da ONU para Alimentação] como um dos dez países com o melhor nível de alimentação no mundo.

Ou seja, o processo bolivariano da Venezuela apresentou melhoras significativas na condição de vida da população venezuelana. E o apoio popular ao governo advinha disso. Por isso, é preciso que a análise não se restrinja entre simpatizar ou não com o presidente Nicolás Maduro. É um processo social mais amplo, que envolve a sociedade, as classes sociais, não é algo que possa ser personalizado em uma única pessoa.

Agência Brasil: Como está a atual situação do bloco social que ainda apoia o chavismo?

Carla Ferreira: Eu precisaria estar lá para saber melhor, tem dez anos minha última visita a Venezuela, mas o que eu percebo é que o próprio bloqueio econômico levou ao desenvolvimento de um setor interno produtor de bens de consumo voltado para o mercado interno.

Esse setor deve participar do bloco do poder hoje na Venezuela. Existem ainda os militares bolivarianos. Aliás, as Forças Armadas venezuelanas são a única da América do Sul que tem no seu regulamento o caráter anti-imperialista.

Alguns analistas se sentem desconfortáveis com a presença dos militares bolivarianos no governo. Para mim, mais desconfortável é a situação do Brasil, quando a gente olha o papel dos militares, com os privilégios de que gozam e poder político que exercem por aqui.

Eu prefiro o poder civil, mas, de fato, nos estados dependentes, as Forças Armadas têm exercido um poder político de fato e isso importa na análise da situação, se essas Forças Armadas estão alinhadas a interesses estrangeiros ou a interesses soberanos nacionais.

Temos ainda o movimento popular e eu penso que, entre os setores da esquerda mais tradicionais da Venezuela, há desconforto porque gostariam de ter visto, nos últimos anos, um avanço de novos instrumentos de democracia direta.

As tendências centralizadoras do governo venezuelano têm sido acompanhadas de muitos equívocos em política econômica, é verdade. E a burocracia estatal tende a se cristalizar em posições de poder, o que é uma tendência em situações de alta polarização, ao mesmo tempo em que são lenientes com ilegalidades de ambos os lados do conflito. 

Agência Brasil: A Venezuela é uma ditadura?

Carla Ferreira: A Venezuela não é uma ditadura, mas a Venezuela também não é uma democracia liberal, que serve de parâmetro de todas as coisas no mundo ocidental.

A Venezuela viveu um ascenso revolucionário nos anos 80 e 90, construiu uma alternativa política visando uma transição para um outro modo de produção, porém não efetivou todos os elementos de uma revolução política, a exemplo do que aconteceu em Cuba. A Venezuela fica numa situação em que o velho não termina de morrer e o novo não termina de nascer.

É uma situação diferenciada, com muita participação popular combinada com centralização do poder político em uma burocracia estatal. Um regime que corresponde a enfrentamentos de alta intensidade. As tendências burocráticas são esperadas em situações nas quais os quadros políticos mais experientes tendem a concentrar poder para que não haja maiores retrocessos. Isso pode ser verificado historicamente em diversos processos.

Que Netanyahu não seja considerado um ditador me surpreende e que tão facilmente se impute a pecha de ditadura ao governo venezuelano também me surpreende. É uma profunda incompreensão do esforço social que o povo venezuelano vem fazendo por sair do regime neoliberal que impõe um empobrecimento radical da população. 

Todas as forças internas e externas que se beneficiam do neoliberalismo e que são as forças hegemônicas em escala mundial, o sistema financeiro internacional e as grandes corporações, apoiados pelos grandes Estados imperialistas, sabotam o tempo inteiro esse processo. A verdade é essa.

Como eles não permitem o desenvolvimento do processo bolivariano, vai havendo um endurecimento do regime. Isso é verdade, mas que seja uma ditadura não. Porque todo o governo está legitimado por eleições limpas e livres até o momento, até a última eleição pelo menos.

Agência Brasil: Qual é avaliação desse último processo eleitoral?

Carla Ferreira: Não fico confortável em julgar o processo eleitoral venezuelano sem que haja uma apresentação dos boletins. Prefiro aguardar. Recomendo que, no Brasil, os intelectuais tenham cautela nas suas avaliações porque não se trata apenas de um processo eleitoral, se trata de diferenciar o regime que hoje vive a Venezuela, que é um regime diferenciado.

É uma situação complexa, agravada ao longo dos anos, em que o melhor a fazer é respeitar a autodeterminação do povo venezuelano. Não havia - até este momento - razões para suspeitar do sistema eleitoral venezuelano. Porém, a tentativa de invalidá-lo é uma constante nos últimos 20 anos.

Agência Brasil: Quais lições o processo bolivariano e a polarização política na Venezuela podem dar ao Brasil que, nos últimos anos, parece viver uma intensificação da polarização política?

Carla Ferreira: O processo bolivariano ensina sobre a necessidade de reformas profundas nas instituições do Estado para deter o avanço de tendências de extrema-direita, de caráter neofascista, que são extremamente perigosas e que se apresentam como falsas alternativas à crise do neoliberalismo na América Latina.

Acho que nós estamos convocados pelo processo venezuelano a examinar com cuidado o que nós estamos vivendo no Brasil em relação à impunidade de forças que são golpistas, que praticam a mentira e violência como meio para atingir seus objetivos. A Venezuela é um alerta contundente em relação a isso.

A Venezuela é ainda um exemplo de política externa independente que nós deveríamos nos espelhar. O Brasil tem condições de fazer isso, como o presidente Lula vem demonstrando em relação à Gaza e à Guerra na Ucrânia, por exemplo. Isso é fundamental para que o Brasil possa contribuir para que os evidentes planos de desestabilização da Venezuela não se efetivem.

O reconhecimento de Antony Blinken [secretário de Estado dos Estados Unidos] ao candidato da oposição, Edmundo González, mostra uma predisposição por intervir da Venezuela.

Nós chegamos numa situação limite, numa encruzilhada, de um projeto que tenta romper com o neoliberalismo e enfrenta dificuldades extraordinárias. Não sei se o resultado eleitoral deu ou não a vitória ao presidente Nicolás Maduro, porque não foram apresentados os boletins.

O que eu sei é que a Venezuela corre o risco de uma maior intervenção e de ser desencadeado um processo violento e desestabilizador em nosso Hemisfério. Então, eu conto com a sabedoria do Itamaraty para que nós possamos, junto com o México e com a Colômbia, buscar uma solução negociada para a situação venezuelana que é extremamente crítica.

Fonte: Brasil 247 com Agência Brasil

Conheça a história de Valdileia Martins, assentada do MST e recordista do salto em altura

 

Atleta que é a esperança do Brasil no salto em altura nas Olimpíadas. Ela usou materiais improvisados para treinar no início da carreira

Valdileia Martins (Foto: Reuters)

Valdileia Martins, que se classificou para a final do salto em altura nas Olimpíadas de Paris, sempre guardou em segredo suas raízes como integrante de uma família assentada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ela escondeu isso, não por vergonha, mas por medo de ser discriminada. Nem seu treinador atual, com quem trabalha há seis anos, nem o anterior, que a treinou por nove anos, sabiam desse detalhe de sua vida, relatou o jornalista Demétrio Vecchioli, em postagem no X

Valdileia cresceu em um assentamento rural e lá começou a praticar salto em altura de forma improvisada, usando uma vara de pescar como sarrafo e sacos de milho cheios de palha de arroz como colchão. Mesmo aos 35 anos, participar de uma Olimpíada era um sonho que ela construiu junto com seu pai, Israel Martins. Ela conseguiu alcançar a final olímpica e se tornar recordista brasileira.

Infelizmente, Israel, que preparou os sacos de milho para os treinamentos, não pôde ver a realização desse sonho. Ele faleceu na segunda-feira, e Valdileia soube da notícia na terça, durante o treino. Inicialmente, pensou em desistir dos Jogos, pois o momento havia perdido sua alegria. No entanto, decidiu continuar em homenagem ao pai, que estava orgulhoso dela. Ela acompanhou o velório por chamada de vídeo, contendo as lágrimas, e seguiu fazendo o que sabe fazer desde os tempos de MST. 

A decisão de permanecer na disputa após a notícia da morte de Israel é, também, uma homenagem ao pai. "Eu sou forte hoje graças ao meu pai e a minha mãe, que sempre me incentivaram a quebrar barreiras”, diz. “Acho que ele sente orgulho de mim, de tudo que eu tô fazendo”, conclui.


Fonte: Brasil 247

Tensão aumenta na Venezuela com protestos e ameaças de terrorismo; OEA pede paz

 

Protestos na Venezuela começaram no dia 29 de julho, um dia após o Conselho Nacional Eleitoral declarar Maduro como presidente eleito

A líder da oposição enezuelana Maria Corina Machado se dirige a apoiadores durante uma marcha em Caracas contra o resultado das eleições 03/08/2024 (Foto: REUTERS/Fausto Torrealba)

A Venezuela vive um momento de tensão neste sábado (3), com manifestações pró e contra o governo e ameaças de terrorismo. O presidente Nicolás Maduro anunciou que grupos mercenários estão planejando um ataque na área de Bello Monte, em Caracas. Segundo ele, esses grupos estão armados com granadas e outras armas. A cidade está sob proteção aumentada, com todas as agências de segurança mobilizadas para evitar qualquer incidente. Durante os protestos após as eleições, dois militares foram mortos, e mais de 1.200 pessoas foram detidas, acusadas de destruição de infraestrutura estatal, incitação ao ódio e terrorismo. Os protestos também já resultaram em pelo menos 20 mortes, segundo a Human Rights Watch.

Os protestos na Venezuela começaram no dia 29 de julho, um dia após o Conselho Nacional Eleitoral declarar Maduro como presidente eleito para o período de 2025-2031. O resultado das eleições, que deu a Maduro 51,95% dos votos contra 43,18% de Edmundo González, foi contestado pela oposição. A situação gerou confrontos violentos entre manifestantes e a polícia, com pedras e coquetéis Molotov sendo lançados contra os agentes de segurança. O líder da oposição, Edmundo González, recebeu uma ligação de congratulações do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que o reconheceu como vencedor das eleições.

Neste sábado, a Organização dos Estados Americanos (OEA) emitiu um pedido de paz antes das manifestações planejadas em várias partes do país. A entidade chamou a atenção para a necessidade de evitar violência e manter a ordem pública. A autoridade eleitoral venezuelana reafirmou na sexta-feira os resultados que proclamaram Maduro vencedor. A oposição, no entanto, continua contestando o resultado e promovendo manifestações em todo o país.

Líderes da oposição, como Maria Corina Machado, se juntaram aos manifestantes nas ruas de Caracas neste sábado, mesmo sob ameaças de represálias. Machado estava escondida após declarar em um artigo no Wall Street Journal temer por sua vida. 

Fonte: Brasil 247 com informações de agências internacionais

Em convenção, Mobiliza confirma candidatura de Requião à Prefeitura de Curitiba

 

“Queremos uma prefeitura para os curitibanos e não para os negocistas”, afirmou o ex-senador. Vice será alguém “profundamente ligado à população da cidade"

Convenção do Mobiliza para oficializar candidatura de Roberto Requião em Curitiba (Foto: Eduardo Matysiak / Divulgação)

Revérbero - Convenção do partido Mobiliza, na manhã deste sábado (3), oficializou a candidatura de Roberto Requião à Prefeitura de Curitiba. Ainda não foi definido o candidato a vice-prefeito, o que deve ocorrer nos próximos dez dias.

“A convenção foi sensacional. Temos uma chapa de vereadores comprometida com as pessoas de Curitiba. Ninguém ligado a grupo econômicos e interesses que exploram o município em favor do lucro de minorias”, disse Requião.

“Queremos uma prefeitura para os curitibanos e não para os negocistas”, afirmou o ex-senador. De acordo com ele, o vice será alguém “profundamente ligado à população da cidade, na mesma linha que eu assumo”.

Fonte: Brasil 247

Judô brasileiro fecha Olimpíada com bronze por equipes

 

Modalidade é a que mais trouxe medalhas para o Brasil na história

No último dia de disputas do judô, o Brasil conquistou mais uma medalha, a quarta da modalidade na Olimpíada de Paris. O bronze veio na disputa por equipes, com uma vitória emocionante sobre a seleção da Itália por 4 a 3.

O time brasileiro contava com sete judocas inscritos: Larissa Pimenta, Rafaela Silva, Ketleyn Quadros, Beatriz Souza, Daniel Cargnin, Willian Lima, Rafael Macedo, Guilherme Schmidt, Leonardo Gonçalves e Rafael Silva. Em cada etapa da competição, seis judocas – três homens e três mulheres – seriam escolhidos para lutar. A disputa por equipes é composta por seis lutas, com a possibilidade de um combate desempate. Ganha quem vencer quatro lutas.

Nas oitavas de final, os judocas brasileiros enfrentaram o Cazaquistão. Com vitórias de Rafa Silva, Ketleyn Quadros, Beatriz Souza e Leonardo Gonçalves, o Brasil venceu por 4 a 2 e entrou na briga pelas medalhas. O adversário nas quartas de final foi a Alemanha. E em lutas muito disputadas, a equipe nacional foi derrotada por 4 a 3, na luta extra. Para conseguir o pódio, o Brasil teria que passar pela seleção da Sérvia. E foi o que aconteceu: 4 a 1 para o Brasil, com vitórias de Ketleyn Quadros, Rafael Macedo, Rafael Silva e Rafaela Silva.

 

A disputa direta pela medalha de bronze foi contra o time da Itália. Rafael Macedo pontou para o Brasil após derrotar Christian Parlati. Na luta seguinte, Beatriz Souza venceu Asya Tavano e a equipe abriu dois a zero. Após um longo duelo contra Gennaro Pirelli, Leonardo Gonçalves foi derrotada por um waza-ari no golden score e a Itália descontou. Rafaela Silva teve como adversária Veronica Toniolo e venceu por ippon com uma chave de braço. O Brasil abria novamente em 3 a 1 e só precisava de mais uma vitória. O próximo a lutar foi o medalhista de prata Willian Lima. Em uma disputa intensa, o italiano Manuel Lombardo derrotou o brasileiro por ippon no golden score.

Na sequência veio Ketleyn Quadros, que chegou a abrir vantagem de waza-ari sobre Savita Russo, mas sofreu um ippon a menos de 30 segundos para o fim. Foi o empate italiano.

Desempate

Com o 3 a 3, o bronze precisou ser decidido na luta extra com golden score, por uma categoria definida em sorteio. E coube a Rafaela Silva enfrentar mais uma vez Veronica Toniolo. Vencia quem pontuasse primeiro. Logo nos segundos iniciais Rafaela aplicou um waza-ari na adversária. O lance foi revisado e confirmado pela arbitragem, garantindo a vitória da brasileira. Assim, de forma emocionante, o Brasil fechou a disputa em 4 a 3. A judoca campeã olímpica no Rio (2016) venceu todas as lutas em que participou neste sábado. Todos os brasileiros inscritos na competição vão subir ao pódio.

A medalha de bronze coroou a melhor campanha do judô brasileiro em Jogos Olímpicos. Foram quatro pódios: além da medalha por equipes, ouro para Beatriz Silva (categoria acima de 78 kg), prata para Willian Lima (categoria até 66 kg) e bronze para Larissa Pimenta (categoria até 52 kg). A modalidade continua sendo o carro-chefe do Brasil em edições olímpicas: são 28 medalhas no total.

Edição: Aécio Amado

Fonte: Agência Brasil


Venezuela tem dia de protestos da oposição e de apoiadores de Maduro

 

Reeleição do presidente venezuelano é alvo de questionamentos

Milhares de venezuelanos saíram às ruas neste sábado (3) em protesto contra o que consideram ser a reeleição fraudulenta do presidente Nicolás Maduro. A líder da oposição, María Corina Machado, que estava escondida por temer pela sua vida, juntou-se aos protestos em Caracas. Maduro também convocou uma manifestação de apoiadores e acusou a oposição de planejar um ataque nas ruas.

María Corina Machado foi recebida na manifestação de rejeição dos resultados oficiais das eleições presidenciais com gritos de "liberdade" pelos milhares de participantes.

A autoridade eleitoral venezuelana, vista por críticos como parcial ao partido socialista da situação, proclamou Nicolás Maduro como vencedor da eleição do último domingo (28 de julho), ao contabilizar que ele teve 51% dos votos contra 46% do candidato da oposição, Edmundo González. A entidade reafirmou uma margem similar na sexta-feira (2).

O resultado eleitoral motivou alegações generalizadas de fraude e diversos protestos, que foram combatidos pelas forças de segurança do governo Maduro, que os classificou como parte de uma tentativa de golpe de Estado patrocinada pelos Estados Unidos.

Até agora, pelo menos 20 pessoas foram mortas nos protestos depois da eleição, de acordo com o grupo de defesa de direitos Human Rights Watch. Outras 1,2 mil foram presas em conexão com as manifestações, segundo o governo.

Edição: Juliana Andrade

Fonte: Agência Brasil com informações da Reuters, Lusa e RTP