Durante o Fórum
Esfera, evento que reúne políticos e empresários no Guarujá, litoral paulista,
o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reiterou sua
identificação como bolsonarista e enfatizou pontos da gestão de Jair Bolsonaro
(2019-2022).
Em sua declaração durante o evento,
Tarcísio afirmou: “Eu sou bolsonarista e continuarei sendo. Isso significa que
sou conservador, liberal e acredito em um Brasil que terá economia de mercado,
aproveitará seu potencial e realizará a transição energética. Continuaremos
acreditando no SUS gratuito e universal, assim como na educação gratuita e de
qualidade.”
Questionado pelo mediador do evento,
William Waack, sobre a repercussão política e policial do bolsonarismo,
Tarcísio defendeu a trajetória da gestão Bolsonaro. Ele enfatizou os resultados
econômicos durante o período presidencial, citando o crescimento do país e a
redução do déficit, além de destacar reformas estruturantes realizadas desde
2016.
Ele diz ainda que situação ‘saiu do controle’ e todos os envolvidos com o crime ficaram preocupadíssimos’
O ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou, no acordo de delação premiada agora com dois trechos divulgados por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ter aceitadado a proposta de assassinar a vereadora Marielle Franco para “ficar rico”, sem saber quem era o alvo. Segundo Lessa, antes, ele já ganhava R$ 50 mil por mês com cobranças de “gatonet” e barracas de lanche.
O relato faz parte da delação premiada de Lessa, cujo trecho estava em segredo de Justiça retirado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, na sexta-feira. O acordo foi considerado essencial para a conclusão das investigações.
— Eu ganhava dinheiro com ‘gatonet’… ganhava R$ 50 mil por mês — disse.
Em outro momento, Lessa declara que “ninguém esperava” a “divulgação estratosférica” que os assassinatos de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes tiveram. Ele ainda diz que a situação “saiu do controle” e todos os envolvidos com o crime ficaram “preocupadíssimos”.
O ex-PM fez a declaração ao falar sobre um encontro que teria ocorrido com os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão — que ele aponta como mandante do crime — após o assassinato.
Segundo Lessa, os dois o teriam tranquilizado dizendo que o então chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, “estava vendo” e estaria “virando o canhão” da investigação para o outro lado.
Os irmãos Brazão negam qualquer envolvimento com as mortes de Marielle e Anderson e afirmam que não possuem qualquer relação com Lessa. Em nota, a defesa de Chiquinho já afirmou que “jamais existiu relação de proximidade entre o deputado e Ronnie Lessa”. Já a defesa de Domingos já ressaltou que não existem elementos que “sustentem a presença de Domingos Brazão em qualquer um” dos encontros narrados por Lessa.
Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo.
Nesta sexta-feira, Alexandre de Moraes determinou a transferência do Lessa para o presídio de Tremembé, em São Paulo. Lessa estava no presídio de Campo Grande (MS)
Pelo menos três meses antes da execução de Marielle Franco, Ronnie Lessa esteve perto de matar a vereadora. Segundo suas declarações na delação premiada, o ex-PM que confessou o crime afirmou que ela estava em um bar na Praça da Bandeira com amigos, mas que ele “perdeu a oportunidade”.
“Esse bar da Praça da Bandeira, eu já tinha perdido uma oportunidade porque o Macalé não tinha chegado a tempo. E ela estava sentada nesse bar, não sei como o Macalé soube disso. Mas alguém que estava seguindo ela falou: ‘ela está no bar’. Alguém estava seguindo ela”, afirmou Lessa.
Macalé é Edmilson Oliveira da Silva, apontado pelas investigações como interlocutor dos executores com os mandantes. Macalé foi morto em novembro de 2021.
Lessa e Élcio de Queiroz foram presos juntos em março de 2019, suspeitos de serem os assassinos. Élcio foi o primeiro a delatar e confessou ter participado do crime, dirigindo o carro usado para matar Marielle e o motorista Anderson Gomes, em fevereiro de 2018.
Lessa confirmou o que as investigações já mostravam, que ele pagava uma espécie de mesada ao comparsa mesmo após os dois serem presos.
Endereço de Marielle dificultou crime
Na delação premiada, cujo sigilo foi levantado parcialmente nesta sexta-feira (7) pelo ministro Alexandre de Moraes, o ex-policial militar disse que o endereço de Marielle era muito policiado e, por isso, a emboscada teve que ser em outro local.
O assassinato ocorreu em março de 2018 e Lessa foi preso em 2019 por suspeita de ser um dos executores do crime. Ele já foi condenado e prestou depoimento de delação premiada em 2023. Ele contou o que sabe em troca de eventual redução da pena da troca de presídio.
Nesta sexta-feira (7), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a transferência do Lessa para o presídio de Tremembé, em São Paulo. Lessa estava no presídio de Campo Grande (MS). O ministro ainda retirou sigilo de parte de delação.
Alguns detalhes da delação já haviam sido revelados. Ronnie Lessa confessou sua participação no crime e apontou os mandantes, em vídeo da delação que já havia sido obtido com exclusividade pelo Fantástico há duas semanas. Lessa descreveu a oferta recebida para cometer o crime como parte de uma parceria, não apenas como um assassinato por encomenda.
Durante o depoimento, Lessa identificou Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e Chiquinho Brazão, deputado federal, como mandantes. Segundo Lessa, os Brazão ofereceram como pagamento um loteamento clandestino na Zona Oeste do Rio, avaliado em mais de 20 milhões de dólares.
Lessa também detalhou reuniões preparatórias, nas quais Marielle foi descrita como um obstáculo aos planos dos Brazão. A falta de registros das operadoras de celular antes de 2018 impediu a confirmação desses encontros pelas autoridades.
A defesa dos irmãos Brazão negou as acusações, chamando-as de tentativa de Lessa de obter vantagens judiciais. Além disso, Ronnie Lessa mencionou Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Delegacia de Homicídios do Rio, como parte do plano para proteger os mandantes do crime. Lessa afirmou que Barbosa foi instruído a desviar as investigações.
Barbosa foi promovido a chefe de polícia um dia antes do assassinato de Marielle e indicou Giniton Lajes para comandar a Delegacia de Homicídios. Segundo a Polícia Federal, a nomeação de Lajes foi parte da estratégia para interferir nas investigações.
Ex-juiz argumenta que proibir delações de réus presos seria uma violação do direito à ampla defesa garantido pela Constituição
O senador Sergio Moro (União-PR) afirmou que é fortemente contra a proposta de proibição da delação premiada de pessoas presas, que foi resgatada recentemente pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), informa a colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
A proposta tem sido impulsionada por bolsonaristas que acreditam que sua aprovação poderia anular a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), beneficiando o ex-presidente.
Moro, ex-juiz da operação Lava Jato, famosa pelo uso de delações premiadas, declarou que o projeto “é um grande erro em vários aspectos” e afirmou que votará contra, com veemência, caso ele chegue ao Senado. Ele argumenta que a proposta não alcançará o efeito desejado e ainda prejudicará a ampla defesa e o combate à criminalidade, tornando-se apenas um desgaste político para o Congresso.
O senador ressaltou que o texto, se aprovado, não poderia invalidar delações já realizadas, como a de Mauro Cid, devido ao princípio do ato jurídico perfeito, protegido pela Constituição.
– A lei nova não afeta o ato jurídico perfeito, ou a coisa julgada. A colaboração que foi feita não seria, de maneira nenhuma, afetada – explicou Moro, destacando que tal mudança na legislação violaria a Constituição.
Moro sublinhou que a experiência internacional é contrária a proibições desse tipo, citando o caso de Tommaso Buscetta, que delatou a máfia siciliana Cosa Nostra após ser preso nos anos 1980. Esse depoimento foi crucial para o conhecimento da estrutura interna da máfia e destacou a importância da delação premiada não apenas como ferramenta de obtenção de provas, mas também como instrumento de defesa.
O ex-juiz argumentou que proibir delações de réus presos seria uma violação do direito à ampla defesa garantido pela Constituição.
Ele comparou a proposta à ideia absurda de impedir que um réu preso possa confessar, sublinhando que a defesa não pode ser cerceada pelo simples fato de o indivíduo estar sob custódia. “E se a defesa dele exigir que ele colabore, [entender que] a melhor saída para ele seja essa, do ponto de vista processual?”, questionou Moro.
A proposta tem gerado discussões intensas no cenário político, com divisões claras entre os parlamentares. Parlamentares de esquerda criticam o governo federal por não conter a agenda ideológica bolsonarista, enquanto aliados de Moro e defensores da Lava Jato veem a proibição como um retrocesso no combate à corrupção e à criminalidade organizada.
Moro pretende dialogar com seus colegas no Senado para esclarecer as implicações negativas da proposta e evitar que ela avance. Ele expressa confiança de que, com um debate adequado, a proposta será rejeitada, preservando assim uma ferramenta crucial para a justiça e a segurança pública no Brasil.
Em suma, a discussão sobre a proibição da delação premiada de presos é mais um capítulo na complexa batalha política e jurídica brasileira, com implicações significativas para o futuro da legislação penal e do combate à corrupção no país.
Na quarta-feira (5), Lira incluiu na pauta do plenário da Casa um requerimento de urgência para discutir o tema. A ordem do dia, no entanto, foi encerrada sem que houvesse uma deliberação.
De autoria do então deputado Wadih Damous (PT-RJ), atual secretário Nacional do Consumidor no governo Lula, a proposta foi elaborada no contexto da Operação Lava Jato, em 2016. Ele próprio considera o texto ultrapassado.
Além de vedar a delação, ela também criminaliza a divulgação do conteúdo dos depoimentos colhidos no âmbito de acordos de colaboração premiada, pendente ou não de homologação judicial.
Fundadora crítica da teoria do desenvolvimento da América Latina. Professora dedicada e apaixonada, formou muita gente na economia e fora dela, inclusive os que não eram de esquerda
A jornalista Miriam Leitão, do Globo, escreveu um artigo dedicado à professora e economista Maria da Conceição Tavares. A jornalista define Maria da Conceição, como uma lutadora por um Brasil pelo qual sempre sonhou: mais desenvolvido, mais democrático e mais justo. Como economista do desenvolvimento, era próxima de Celso Furtado, de quem era grande amiga. Leia abaixo:
A economista Maria da Conceição nunca diferenciou a economia da luta política por um Brasil pelo qual ela sempre sonhou, mais desenvolvido, democrático e mais justo. Por isso, em plenos anos de chumbo, ela acabou presa, num daqueles episódios de puro horror, praticamente sequestrada por agentes das Forças Armadas. Ela mesma conta que o então ministro Mario Henrique Simonsen atuou para libertá-la. E dizia não ter entendido sua prisão por não ser “subversiva”. Na verdade, sua coragem pessoal de dizer sempre o que pensava era mais desestabilizador para um regime ditatorial do que se ela fosse de alguma organização.
A marca maior de Maria da Conceição como economista é a sua convicção de que o Brasil precisa de um plano de desenvolvimento, industrializante, conduzido em grande parte pelo Estado, mas num contexto democrático e com ênfase na busca da justiça social.
O governo militar, que ela sempre criticou com sua voz veemente e destemida, tinha planos de desenvolvimento, mas era centralizador, autoritário e concentrador de renda. Sua visão estava mais de acordo com o Plano de Metas, do governo JK, do qual participou da formulação, num governo aberto e democrático.
Conceição conhecia como poucas pessoas a dinâmica da estrutura industrial que prevaleceu no século XX.
Fundadora crítica da teoria do desenvolvimento da América Latina. Professora dedicada e apaixonada, formou muita gente na economia e fora dela, inclusive os que não eram de esquerda. Escreveu um clássico: “Da substituição de importações ao capitalismo financeiro”. Outro dos seus ensaios famosos é o “Além da estagnação”, que escreveu com José Serra, no qual criticava o modelo de desenvolvimento concentrador de renda do governo militar. Como economista do desenvolvimento, era próxima de Celso Furtado, de quem era grande amiga.
É difícil definir Maria da Conceição Tavares porque ela era um monumento. Suas ideias, certas ou erradas, eram defendidas com veemência. No Plano Cruzado, se emocionou às lágrimas porque achou que estava diante de um plano que derrubava a inflação, distribuindo renda. Mas foi exatamente o excesso que acabou com o plano, ao estimular o consumo além da capacidade de produção brasileira, num país muito fechado.
Foi crítica inicial do Plano Real, da mesma forma que criticou o Bolsa Família. Ela preferia que houvesse políticas sociais mais generalistas e não focadas.
Numa homenagem a ela, no IPEA, em 2010, o economista Ricardo Bielschowsky, definiu assim a professora. “Conceição é uma guerreira no front intelectual da luta política, por uma sociedade mais democrática, melhor e mais justa.”
Era isso, qualquer texto sobre ela, tende a chamá-la de guerreira. Porque era assim que ela se dispunha para a vida. Talvez por isso tenha tido agora, em pleno tempo das mídias sociais, virado um sucesso com suas frases curtas, cortantes, em aulas ou entrevistas.
Foi professora de muitos e gostava de dizer isso até quando discordava do ex-aluno instalado momentaneamente em algum cargo. Na mesma homenagem do Ipea, ela foi definida assim “mexe com a cabeça dos alunos e dos colegas economistas, obriga todo mundo a “pensar grande”.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, amigo pessoal de Maria da Conceição a definiu como “debatedora perspicaz, contundente, defendeu em sua vasta obra que a economia é um instrumento para melhorar socialmente e politicamente a nação. Na Cepal, desenvolveu contribuições originais para a análise das características e singularidades da economia brasileira e latino-americana”.
Maria da Conceição nasceu em Portugal e, por sorte nossa, adotou o Brasil, tornou-se brasileira, influenciou toda a formação intelectual, desde meados do século passado no Brasil. Sua paixão pelo Brasil, pelo sonho de que o país se transformasse numa grande nação desenvolvida, contaminou os jovens de diversas gerações com os quais ela conviveu.
Mesmo os que se distanciaram dos métodos analíticos que ela adotava não deixaram de ser impactados pela sua força e carisma. Fez sua carreira de sucesso num universo totalmente masculino, como o dos anos 50 e 60. E por temperamento impunha-se, não pedia licença. Uma pessoa que veio para deixar um legado. E deixou. Nessa hora da despedida é difícil inclusive delimitar a dimensão e fronteira desse legado que o tempo ajudará a definir com mais precisão.
Moro já veio a público esbravejar que as
investigações seriam "fake news", mas as apurações se aprofundam cada
vez mais com a divulgação da delação de Ronnie Lessa
O ex-juiz suspeito e hoje senador, Sergio Moro, quando ministro
da Justiça de Jair Bolsonaro, teve um papel tenebroso nas investigações sobre o
assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes,
ocorrido em março de 2018. Um ano depois, quando no governo, ele mandou a
Polícia Federal fechar o cerco contra o porteiro do condomínio Vivendas da
Barra, no Rio de Janeiro, que citou seu chefe à época durante as
apurações.
O porteiro do condomínio onde moravam o ex-policial
militar Ronnie Lessa, o assassino, e Jair Bolsonaro, autorizou a ida de um
outro envolvido no crime, o ex-sargento da PM Élcio Queiroz, à casa do
ex-capitão no dia do crime, no dia 14 daquele mês. A voz que liberou a entrada
teria sido a de Jair Bolsonaro, ou, "seu Jair", segundo seu
depoimento.
O mais grave: na delação de Ronnie Lessa tornada pública na
sexta-feira (7), ele contou que a ordem para
assassinar Marielle foi dada na manhã do dia do crime. Lessa
disse ter recebido uma ligação do ex-sargento da Polícia Militar Edmilson
Macalé por volta de 10h e 10h30 da manhã.
Em meio a esses fatos, a PF, em novembro de 2019, a mando
de Moro, pediu a instauração de um inquérito para apurar as circunstâncias da
citação ao então ocupante do Palácio do Planalto.
Com o peso na consciência, Moro veio a público, em março deste
ano, tentar sepultar suas ligações com a possível tentativa de obstruir as
investigações, chamando a história de "fake news sepultada".
Mas com o aprofundamento das investigações e o ímpeto do
governo do presidente Lula em solucionar o caso que chocou o Brasil e o mundo,
Moro, politicamente isolado, pode ter de lidar com mais uma frente de
investigações contra si, à medida que seu mandato no senado vai se tornando
insustentável.
Chairman do BTG deu as declarações durante
intervenção no Fórum Esfera
O chairman do BTG Pactual, André Esteves,
afirmou neste sábado (8), no Fórum Esfera, realizado em Guarujá (SP), que o
Brasil nunca atravessou um momento tão positivo economicamente em sua história,
e aproveitou para rasgar elogios ao governo do presidente Lula.
Após citar uma série de medidas adotadas
por governos anteriores, como a reforma trabalhista, a reforma da previdência e
a independência do Banco Central, ele também afirmou: "Quero tecer elogios
ao Ministério da Fazenda pela obstinação em entregar equilíbrio fiscal".
"É importante que o estado trabalhe na otimização dos
gastos", reforçou Esteves, antes de afirmar que "o Brasil está muito
melhor do que em qualquer outro momento da história".
Ele também indicou em sua intervenção preocupações
relacionadas à carga tributária ter atingido um "limite", e previu
que o crescimento do PIB ficará acima dos 2,5%.
Sigilo da delação
foi derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes em resposta às publicações
jornalísticas que divulgavam informações fragmentadas sobre os depoimentos do
réu
Em uma delação premiada reveladora, o ex-policial Ronnie Lessa,
réu confesso da morte da ex-vereadoa Marielle Franco e de seu motorista
Anderson Gomes, detalhou sua participação no assassinato em março de 2018.
Lessa, que nega ser um assassino de aluguel, afirmou que aceitou cometer o
crime para se tornar sócio da família Brazão em uma milícia. "Eu não fui
contratado para matar. Eu não sou um matador de aluguel. Eu fui contratado para
ser sócio e para ocupar a área", declarou em vídeo obtido pela Folha de S.
Paulo.
Lessa explicou que seu papel na organização seria
facilitar o trânsito dentro das polícias Civil e Militar, corporações nas quais
trabalhou por mais de dez anos. Segundo ele, o convite para realizar o crime
veio de Domingos e Chiquinho Brazão.
A investigação sobre a morte de Marielle Franco comprovou que
Lessa consultou dados de diversas autoridades, pesquisadores e artistas
envolvidos na defesa e garantia dos direitos humanos. A lista, apresentada pela
empresa CCFácil ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), mostra
consultas realizadas entre 2006 e 2018 pelo ex-PM. Esta apuração serviu como
uma das provas cabais da participação de Lessa no crime, uma vez que, dois dias
antes da execução de Marielle, ele consultou seu nome na plataforma.
Outro apontamento que chamou a atenção das autoridades é
que, em 7 de abril de 2015, Lessa pesquisou os dados do ministro Paulo Pimenta
(PT), então deputado federal. Um dia antes, Pimenta havia visitado o Complexo
do Alemão acompanhado de Marielle para ouvir os moradores sobre as UPPs
(Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas no local. Na época, o ministro
era presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.
A lista de consultas de Lessa foi solicitada pelo MP-RJ à
CCFácil apenas em 2021. Durante a investigação, os investigadores notaram que,
entre os papéis apreendidos na casa do ex-PM na data de sua prisão, havia
anotações de login e senha para a plataforma. O documento foi o primeiro a
identificar uma pesquisa direta de Lessa ao nome de Marielle e sua filha dias
antes do crime. Até então, não haviam sido identificadas consultas com o nome
da vereadora, o que era um argumento da defesa para tentar negar a autoria do
crime.
Durante a delação, Lessa negou envolvimento em outros
crimes, como a segurança do contraventor Rogério Andrade e o assassinato de um
miliciano a pedido do ex-vereador Cristiano Girão. Ele também revelou planos
para assassinar Regina Celi, presidente da escola de samba Salgueiro, mas adiou
o crime para não comprometer a execução de Marielle.
Os investigadores continuam apurando se a motivação para o
assassinato de Marielle Franco estava ligada às denúncias da vereadora contra a
exploração imobiliária ilegal nas periferias do Rio de Janeiro. Essas denúncias
teriam contrariado os interesses de Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal
de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e do deputado federal Chiquinho
Brazão.
Lessa, réu confesso, afirmou ter recebido garantias de
proteção para realizar o crime, alegando que a Polícia Civil do Rio estava sob
controle. Segundo ele, Domingos Brazão garantiu que as consequências policiais
seriam mínimas, mencionando um acordo com Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia
Civil do Rio. "Ele [Domingos] falava exclusivamente de Rivaldo
Barbosa", disse Lessa ao portal Metrópoles.
A delação também revelou que a ordem para
matar Marielle foi dada na manhã do crime, 14 de março de 2018, por Edmilson
Macalé, ex-sargento da Polícia Militar. Lessa e Élcio de Queiroz, que dirigiu o
carro no dia do crime, perseguiram o veículo de Marielle por cerca de três a
quatro quilômetros antes de efetuar os disparos em um local sem câmeras na
região central do Rio.
Sócio-fundador da MRV deu as declarações durante
intervenção no Fórum Esfera
O empresário Rubens Menin, sócio-fundador
da MRV, criticou neste sábado (8), durante intervenção no Fórum Esfera, a
lentidão do Banco Central, comandado por Roberto Campos Neto, em reduzir a taxa
Selic, cujos níveis elevados, segundo ele, impedem investimentos privados. Os
dois compartilhavam o mesmo palco durante o painel.
"É muito difícil o momento que
estamos vivendo agora", disse Menin, ressaltando que também não seria
adequado "errar na dose" e baixar a taxa Selic drasticamente. No
entanto, ele afirmou: "Não podemos passar mais três anos com o juro nessa
altura... As empresas não estão conseguindo investir. É muito difícil o momento
que estamos vivendo agora".
Da sua parte, Campos Neto disse que fazer política monetária
olhando a inflação corrente é como dirigir um carro olhando o espelho
retrovisor, enfatizando a importância de se observar as expectativas para os
preços à frente.
“Se o Banco Central fizesse política monetária usando
inflação corrente, seria como dirigir um carro olhando o retrovisor, você vai
bater o carro” disse.
“Como o sistema de metas diz que a gente
precisa fazer a meta convergir na frente, dentro de um horizonte relevante,
entre 12 e 18 meses, é muito importante a gente entender esse trabalho de
expectativa”, disse.