"Soltar Chiquinho Brazão significa defender a si mesmo", afirmou a deputada
A deputada federal Sâmia
Bomfim (PSOL-SP) defendeu nesta quarta-feira (10) que o deputado federal
Chiquinho Brazão (ex-União Brasil-RJ), apontado por investigadores da Polícia
Federal como um dos mandantes do assassinato da ex-vereadora do Rio Marielle
Franco (PSOL).
"Soltar Chiquinho Brazão significa defender a si
mesmo. É ter medo que ele abra a boca", disse a deputada Sâmia Bomfim
(Psol-SP) durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara
dos Deputados.
Deputados favoráveis ao relaxamento da prisão de Brazão
argumentaram que a CCJ não julga o crime em si, mas os aspectos legais da
prisão. O deputado José Medeiros (PL-MT), por exemplo, afirmou que a Câmara tem
uma instância para o julgamento político da questão, que é o Conselho de Ética.
“Nós não podemos aqui endossar qualquer decisão que
relativize a lei, como foi feito com o deputado Daniel Silveira, que está hoje
preso. A corte deste País pode muito, mas pode dentro dos limites
constitucionais estabelecidos. Nós não podemos fazer qualquer decisão aqui
sobre achismos, e eu li esse material todo. Nós não temos elementos que
corroborem o arcabouço, o roteiro”, afirmou.
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ), por outro lado, se
manifestou favoravelmente à manutenção da prisão e disse que ainda há muito a
ser descoberto. “O caso não está encerrado de modo algum. Há mais mandantes
provavelmente. E a teia de relações espúrias pode contaminar o Brasil inteiro”,
argumentou.
O deputado Delegado Éder Mauro (PL-PA) defendeu o
relaxamento da prisão. “Eu fui um dos deputados que subi na tribuna para falar
sobre a covardia pela qual a Marielle foi morta”, disse. “Mas não podemos
aceitar ser alvo de uma instituição que, na hora e do jeito que quer, lance a
mão e prenda deputados ao bel prazer.”
Já o deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) disse que não há
perseguições. “Neste caso, não há conluio, não há um ânimo do ministro
Alexandre de Moraes ou da 1ª Turma inteira do STF para dizer que está
perseguindo um parlamentar, não há”, declarou.
Para Rubens Pereira Júnior, houve o flagrante. “Obstrução
de justiça é crime continuado. Quem obstrui, obstrui ontem, hoje e amanhã. É um
crime permanente e, portanto, um flagrante permanente”, defendeu.
Por videoconferência na reunião da CCJ do dia 26 de março,
Chiquinho Brazão disse que uma discordância simples que tinha com Marielle na
Câmara Municipal do Rio de Janeiro ganhou “uma dimensão louca”. “A gente tinha
um ótimo relacionamento. Só tivemos uma vez um debate onde ela defendia uma
área de especial interesse, que eu também defendia”, afirmou. Marielle e Brazão
tinham disputa sobre regularização de áreas no Rio de Janeiro.
Fonte: Brasil 247 com informações da Agência Câmara