Presidente do PL depõe à PF em um dos desdobramentos da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado
O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
O presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, visita nesta quinta-feira (12) o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), em seu gabinete. O encontro ocorre pouco antes do político prestar depoimento à Polícia Federal (PF), em um dos desdobramentos da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. Conforme a agenda oficial de Zanin, a reunião está marcada para às 13h, sendo descrita apenas como uma “visita de cortesia”, segundo o UOL.
O encontro acontece poucos dias após Valdemar e Jair Bolsonaro (PL) se encontrarem na missa de sétimo dia da mãe do presidente do PL, realizada em Mogi das Cruzes (SP). O encontro contou com a autorização do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Valdemar da Costa Neto foi convocado para prestar depoimento à Polícia Federal às 14h30 desta quinta-feira. O objetivo é esclarecer sua relação com o juiz federal Sandro Nunes Vieira, acusado de ajudar o PL a elaborar um relatório que questionava as urnas eletrônicas nas eleições de 2022. Na época, Vieira estava lotado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que configura possível conflito de interesses e atuação ilegal.
Em entrevistas, Valdemar admitiu que o documento elaborado pelo partido não apresentava provas de fraudes nas urnas. A tentativa de descredibilizar o sistema eleitoral rendeu ao PL e à coligação de Bolsonaro uma multa de R$ 22.991.544,60, aplicada por Moraes, por litigância de má-fé. Além disso, os fundos partidários das legendas PL, PP e Republicanos foram bloqueados até o pagamento da penalidade.
Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, será peça-chave no desenrolar das acusações. O colegiado que ele preside deve analisar eventual denúncia contra Valdemar da Costa Neto e Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. A Polícia Federal já indiciou 40 pessoas por esses crimes, incluindo as duas lideranças políticas.
Cabe a Zanin definir quando esses processos serão julgados, além de avaliar eventuais recursos apresentados por Valdemar ou outros indiciados no caso. Procurados, nem o STF nem o PL esclareceram o teor da conversa entre Valdemar e Zanin. A assessoria do partido limitou-se a afirmar que se tratava de uma visita de cortesia.
Após o segundo turno, a sigla entrou com representação no TSE solicitando "verificação extraordinária" das urnas. Pedido contou com apoio do Instituto Voto Legal, que produziu um relatório com ilações sobre supostas falhas nas urnas eletrônicas que nunca foram comprovadas. Ação foi julgada improcedente no TSE e, segundo investigações da PF, as trocas de mensagens entre os envolvidos indicam que o juiz federal auxiliou o partido a elaborar o relatório que embasou a ação.
Na época em que foi divulgada a ação do PL, em novembro de 2022, o próprio Valdemar Costa Neto chegou a citar o magistrado. O presidente do PL disse à imprensa ter conversado com o juiz. Na ocasião, o magistrado negou o fato, mas mensagens recuperadas pela PF mostram que o próprio juiz tinha pedido a Valdemar que não citasse o nome dele. Para a PF, os fatos indicam que houve a ajuda ilegal do juiz ao partido.
Juiz foi afastado do cargo pelo CNJ. O afastamento ocorreu após Alexandre de Moraes enviar ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) detalhes da investigação da PF e cobrar providências.
Além de Valdemar, o ex-assessor de Bolsonaro Marcelo Câmara também deve depor à PF sobre o relacionamento com o juiz federal. O depoimento dele está marcado para acontecer às 14h. A reportagem tentou contato com o juiz, que não atendeu telefone nem respondeu mensagens.
Fonte: Brasil 247 com informações do UOL
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