segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Tática do GSI foi usada para coagir delegados de casos de Bolsonaro, aponta PF

Relatório trouxe à tona evidências detalhadas de uma trama golpista articulada por Bolsonaro e seus aliados, incluindo o general Augusto Heleno

Augusto Heleno (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

 Um relatório da Polícia Federal (PF) trouxe à tona evidências detalhadas de uma trama golpista articulada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, incluindo o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). De acordo com reportagem do UOL, a investigação indica que o grupo planejava coagir delegados da PF e criar um novo arcabouço jurídico para garantir a permanência de Bolsonaro no poder.

◉ Intimidação de delegados

Entre as estratégias relatadas, o grupo teria usado táticas de pressão contra investigadores, alegando que estes poderiam ser presos por cumprir "ordens ilegais", especialmente aquelas vinculadas a ações judiciais contra aliados de Bolsonaro. Uma das anotações na agenda de Heleno incluía a ideia de prisão em flagrante de delegados que cumprissem ordens judiciais declaradas "inconstitucionais" pela Advocacia-Geral da União (AGU).

Segundo a PF, essa tentativa de intimidação foi replicada em campanhas de desinformação nas redes sociais. Em setembro de 2024, o UOL revelou que delegados e seus familiares foram alvo de ataques promovidos por blogueiros e políticos bolsonaristas, incluindo ameaças de morte e campanhas de difamação. Em uma dessas ofensivas, compararam uma delegada a Adolf Eichmann, criminoso nazista, com mensagens que diziam: “E não adianta dizer depois: ‘Eu estava só cumprindo ordens’.”

◉ Ramagem e Heleno em foco

Além de Heleno, o relatório cita Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), como participante ativo na trama. A dupla teria discutido formas de esvaziar a autonomia da Polícia Federal, incluindo propostas para centralizar investigações nas mãos do diretor-geral da PF, caso envolvessem o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Os elementos de prova não deixam dúvidas de que a organização criminosa estava elaborando estudos para coagir integrantes do sistema de persecução penal. As aberrações jurídicas incluem colocar a AGU como revisora de decisões judiciais, o que é inconstitucional,” aponta o relatório da PF.

◉ Golpe jurídico e ataque às urnas

A investigação também revelou que o plano envolvia o desacreditamento das urnas eletrônicas e a elaboração de instrumentos jurídicos para paralisar investigações que comprometessem o grupo político de Bolsonaro. "As ações coordenadas tinham como finalidade atacar o sistema eleitoral brasileiro e implementar um ordenamento jurídico que blindasse a organização criminosa de responsabilizações judiciais", destaca o documento.

Heleno, Ramagem, Bolsonaro e outras 34 pessoas foram formalmente indiciados pela PF por conspiração para o golpe. A defesa do general Heleno, representada pelo advogado Matheus Milanez, afirmou que não irá se manifestar sobre o caso.

Fonte: Brasil 247 com informações do UOL

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