Tarcísio de Freitas. Foto: Divulgação
São Paulo manteve em 2024 a menor taxa de homicídios dolosos do Brasil, mas piorou sua posição em rankings nacionais de letalidade policial, estupro, feminicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte. Os dados são do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), do Ministério da Justiça.
De acordo com o ranking, que classifica os estados por taxa de crimes a cada 100 mil habitantes, São Paulo permanece em 27º lugar em homicídios dolosos, a melhor posição desde o início da série histórica, em 2015. De janeiro a outubro de 2024, o estado registrou 1.959 vítimas, correspondendo a uma taxa de 5,11 por 100 mil habitantes. Pernambuco, que lidera o ranking, apresentou uma taxa de 34,39.
Entretanto, São Paulo subiu no ranking de letalidade policial, passando de 21º lugar em 2023 para 15º em 2024. Foram 676 mortes por intervenção policial nos dez primeiros meses do ano, um aumento significativo em relação às 407 mortes do ano anterior.
Esse número retrocede ao patamar de 2020, antes da adoção em larga escala das câmeras corporais nos uniformes policiais, que haviam reduzido drasticamente esses índices. Nos latrocínios, São Paulo também piorou, registrando 148 casos entre janeiro e outubro de 2024 e ocupando a 16ª colocação no ranking nacional.
Em 2023, foram 135 casos no mesmo período, e o estado estava na 20ª posição. A situação também se agravou nos indicadores de estupro, feminicídio e lesão corporal seguida de morte, contribuindo para a piora da classificação do estado em relação a esses crimes.
Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou que o aumento da letalidade policial não resulta necessariamente em redução nos índices gerais de criminalidade. “A violência policial é uma medida populista que muitas vezes dá votos, mas não há evidências de que uma polícia mais violenta seja mais eficiente”, destacou.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, defendeu o trabalho do Secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, e argumentou que os índices de segurança do estado demonstram avanços. Além disso, Tarcísio afirmou ter mudado de opinião sobre o uso de câmeras corporais, admitindo que inicialmente criticava a medida, mas agora a considera essencial para a proteção tanto da sociedade quanto dos policiais.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a taxa de mortes por intervenção policial em São Paulo é de 1,76 por 100 mil habitantes, abaixo da média nacional, de 2,89. A SSP destacou ainda que todos os casos de mortes em intervenção policial são rigorosamente investigados pelas corregedorias, Ministério Público e Judiciário.
Desde o início de 2023, mais de 280 policiais foram demitidos ou expulsos, enquanto 414 agentes foram presos. A secretaria também ressaltou medidas para aprimorar a segurança no estado, como o reforço do efetivo policial, investimentos em tecnologia e a retirada de 11.820 armas de fogo das ruas, 2.492 a mais que no ano anterior.
A discussão sobre letalidade policial ganhou força após casos recentes que repercutiram nas redes sociais e na imprensa. Entre eles, a execução de Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, flagrada por câmeras de segurança, e o abuso contra uma mulher de 63 anos e seu filho em Barueri, ambos envolvendo policiais militares.
Os dados foram extraídos do Sinesp, que compila informações fornecidas pelas 27 unidades federativas ao Ministério da Justiça. Segundo a pasta, os números dos últimos três meses de 2024 ainda são preliminares. O Rio de Janeiro, por exemplo, não entregou os dados de outubro em sua totalidade.
Fonte: DCM
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