domingo, 1 de dezembro de 2024

Segurando a alça do caixão, Aécio Neves tenta fusão do PSDB com outros partidos para 2026

 

Deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG). Foto: Agência Brasil

Aécio Neves, deputado federal pelo PSDB de Minas Gerais, tornou-se um dos principais articuladores do partido na Câmara dos Deputados. Em entrevista ao UOL, o ex-governador de Minas e ex-candidato à presidência reconheceu que o PSDB tem enfrentado dificuldades, com o partido perdendo força nas últimas eleições.

“Fomos os primeiros a reconhecer que perdemos muito”, afirmou Aécio, ciente de que o PSDB sozinho não consegue se manter competitivo na política brasileira atual. Ele está conduzindo reuniões com lideranças de partidos “mais ao centro” para tentar ampliar a federação partidária.

Aécio está se articulando para ampliar a federação PSDB-Cidadania, e já se reuniu com representantes do Solidariedade e do PDT para discutir uma possível fusão entre os três partidos, uma estratégia similar à que resultou na criação do União Brasil, a partir da fusão entre o Democratas e o PSL. O deputado prevê que, ainda este ano, anunciará a ampliação da federação, que pode abrir caminho para um novo partido. “Outros virão ao longo do próximo ano”, disse, antecipando que o processo de construção da aliança está apenas no início.

Aécio reúne lideranças do Solidariedade e do PDT em seu gabinete para falar sobre a ampliação da federação PSDB-Cidadania (Imagem: Reprodução/Aécio Neves)

O ex-governador também apontou que os erros cometidos pelo PSDB começaram com a desistência da candidatura à presidência em 2022. “Na hora que uma candidatura que jamais foi viável do ex-governador João Dória privilegia o projeto de poder de São Paulo, o partido se desvirtua e acaba se fragilizando muito”, explicou. Ele acredita que, ao abdicar da responsabilidade de lançar uma candidatura presidencial, o PSDB caiu de 30 para 13 deputados, o que custou caro.

Apesar da diminuição de parlamentares, Aécio não considera isso um obstáculo para a reconstrução do partido. Ele acredita que, com a história do PSDB e a experiência de seus quadros, ainda é possível “construir ou até mesmo liderar uma alternativa para o Brasil”. Aécio defende que há espaço para um partido de centro, sem ser medido apenas pelo número de prefeitos e vereadores, mas sim pelo que representa politicamente. “Poucos partidos hoje se dispõem a construir um projeto de país”, disse, ressaltando a necessidade de se fortalecer com outras forças políticas.

No entanto, Aécio fez questão de destacar as diferenças com o PSD, um partido aliado de diversas correntes políticas. O deputado criticou o presidente do PSD, Gilberto Kassab, por suas declarações em que compara o atual eleitorado do partido com o antigo do PSDB. Para Aécio, o PSDB sempre teve clareza em sua posição de oposição ao PT e ao bolsonarismo, enquanto o PSD busca alianças com qualquer governo para fortalecer sua presença. “O PSDB goste ou não, forte ou fraco, sempre teve clareza de um projeto de oposição ao PT”, afirmou.

Aécio também se posicionou sobre as eleições de 2026, considerando que o governo do PT já está “ultrapassado” e sem projetos estratégicos para o país. Ele defende que o PSDB deve continuar sendo uma oposição, mas com diálogo e sem pré-condições. “Vamos conversar sem pré-condicionantes. Quem sabe possamos construir um projeto que permita que o Brasil saia dessa polarização ineficiente”, disse. Aécio vê o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como uma figura que vai além do bolsonarismo e está mais alinhado com o centro, sendo uma possível alternativa para o futuro do Brasil.

Fonte: DCM

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