sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Preso por suposto envolvimento em trama golpista, Braga Netto é vigiado 24h por soldados da Polícia do Exército

General da reserva e ex-ministro encontra-se sob custódia no quartel-general da 1ª Divisão de Exército, localizado na Vila Militar, no Rio de Janeiro

General Braga Netto (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)

Preso desde o último sábado (14), o general da reserva e ex-ministro Walter Braga Netto encontra-se sob custódia no quartel-general da 1ª Divisão de Exército, localizado na Vila Militar, no Rio de Janeiro. A custódia, segundo a Folha de S. Paulo, ocorre sob vigilância ininterrupta de dois soldados da Polícia do Exército, sem direito à circulação livre. Confinado em um alojamento adaptado com banheiro privativo, Braga Netto tem recebido quatro refeições diárias, idênticas àquelas servidas aos demais militares da unidade.

Ele é autorizado a deixar o alojamento uma vez ao dia para um banho de sol. O espaço onde está alojado possui janelas sem grades, ar-condicionado e TV. Até o momento, as únicas visitas permitidas foram de seus advogados, incluindo o novo defensor, José Luís Oliveira Lima, que esteve no local na última quarta-feira (18).

A prisão preventiva foi solicitada pela Polícia Federal (PF) e autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com aval da Procuradoria-Geral da República. Segundo as investigações, Braga Netto teria desempenhado um papel ativo em um plano para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL) por meio de um golpe de Estado, além de tentar obstruir a justiça ao interferir nas apurações sobre o caso.

Logo após sua chegada ao QG, o general passou por exame médico e participou de uma audiência de custódia por videoconferência, conduzida por um juiz assistente do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

O momento da prisão de Braga Netto coincidiu com uma solenidade de formatura na Escola Naval, no Rio, da qual participava boa parte da cúpula do Exército, incluindo o comandante da força, general Tomás Paiva. O chefe do Comando Militar do Leste (CML), general Kleber Nunes de Vasconcellos, ao qual a 1ª Divisão de Exército é subordinada, deixou o evento para ir à Vila Militar.

No quartel-general, Vasconcellos teve uma conversa protocolar de cerca de 30 minutos com Braga Netto, informando que a segurança do militar preso seria responsabilidade do CML e que as determinações judiciais seriam rigorosamente cumpridas.

Embora o prestígio de Braga Netto junto ao Alto Comando do Exército tenha sido abalado, o encontro com Vasconcellos serviu para minimizar o desconforto causado pelo fato de o chefe da 1ª Divisão de Exército, general Eduardo Tavares Martins, ser de patente inferior — três estrelas, contra quatro estrelas de Braga Netto. Vasconcellos, também um general de quatro estrelas, ocupa atualmente o posto que já foi do próprio Braga Netto, que liderou o Comando Militar do Leste entre 2016 e 2019.

A 1ª Divisão de Exército, onde Braga Netto está detido, ocupa um edifício com forte simbolismo histórico. Foi de lá que partiram os combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para lutar na Segunda Guerra Mundial. O então general Mascarenhas de Morais, comandante da FEB, dá nome à unidade.

A Vila Militar, maior guarnição do país, abriga unidades militares importantes, como a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e a Brigada Paraquedista, ambas frequentadas por Jair Bolsonaro(PL) durante sua carreira militar.

O local já foi comandado por figuras de destaque no governo Bolsonaro, como o general Luiz Eduardo Ramos, que liderou a 1ª Divisão de Exército entre 2014 e 2016 antes de assumir cargos ministeriais no governo. Braga Netto também é um ex-ocupante de altas posições no Exército e no governo federal, tendo sido ministro-chefe da Casa Civil e da Defesa durante a gestão do ex-mandatário.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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