Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, utilizou em 2022 um apartamento de luxo pertencente a um empreiteiro que havia firmado contratos sem licitação com a gestão municipal. Nunes afirmou não ter conhecimento de que o imóvel era de propriedade de um fornecedor da prefeitura, classificando o caso como uma “grande e infeliz coincidência”, conforme informações da Folha de S.Paulo.
Segundo o prefeito, ele pagou apenas um quarto do valor do aluguel do imóvel, enquanto o restante foi quitado pela imobiliária que intermediou a locação como compensação de uma dívida com o prefeito. A imobiliária pertence a Ronaldo do Prado Farias, ex-diretor da autarquia SPObras e indicado ao cargo pelo próprio Nunes.
O apartamento, localizado no bairro Jurubatuba, zona sul de São Paulo, tem 266 metros quadrados e está registrado em nome da empresa Imóveis Ravello Ltda., pertencente a Fernando Marsiarelli. Além disso, Marsiarelli é dono da empreiteira F.F.L. Sinalização Comércio e Serviços Ltda., que, desde 2021, firmou contratos com a prefeitura, sem licitação, no valor de mais de R$ 600 milhões.
Esses contratos envolveram obras emergenciais em pontes, viadutos e margens de córregos. Em 2023, após Nunes ter ocupado o imóvel, os maiores acordos somaram R$ 386,7 milhões.
Imobiliária intermediou aluguel como compensação de dívida durante ocupação do apartamento de luxo
O prefeito informou que sua família ocupou o apartamento entre maio e setembro de 2022, durante uma reforma em sua residência no bairro de Interlagos. Ele afirmou que foi sua esposa, Regina, quem conduziu a negociação com a imobiliária Lopes Invest House, sem seu envolvimento direto.
“Eu posso garantir que tudo [foi] correto, de forma idônea, nada de irregular, nenhum tipo de benefício. Nem conhecemos essa pessoa, zero de relação e de contato que possa suscitar algum privilégio ou algum benefício voltado à questão de ele prestar serviço à Prefeitura de São Paulo”, disse Nunes.
Fachada do prédio onde o prefeito Ricardo Nunes morou em apartamento de empreiteiro na zona sul de São Paulo. Foto: Flávio Ferreira
A locação, de acordo com documentos apresentados pelo prefeito, foi formalizada em 26 de maio de 2022, dez dias após a compra do imóvel pela Ravello. No entanto, o contrato indicava incorretamente a imobiliária de Ronaldo Farias como proprietária do apartamento.
O aluguel totalizou R$ 48 mil, sendo R$ 35 mil pagos pela imobiliária de Farias, que, segundo Nunes, utilizou um crédito gerado durante a pandemia para quitar parte do valor.
As operações relacionadas ao imóvel ocorreram em um período próximo. A empresa Ravello foi aberta por Marsiarelli em 13 de abril de 2022 e adquiriu o apartamento em maio do mesmo ano.
Posteriormente, outro integrante da prefeitura, Eduardo Olivatto, então chefe de gabinete da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras, utilizou o mesmo apartamento em 2023, indicando-o como sede de uma empresa que abriu na época.
Olivatto também morava com a família em outro imóvel de alto padrão, também pertencente à Ravello, localizado no bairro de Pinheiros. No mês passado, ele foi exonerado por Nunes após críticas relacionadas ao caso.
Fonte: DCM com informações da Folha de S. Paulo
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