Deputada do PT defende posição contrária às medidas de ajuste propostas pelo governo e critica influências do capital financeiro
(Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados)
Em coluna publicada na Folha de S. Paulo, a deputada federal Natália Bonavides, do Partido dos Trabalhadores (PT), revelou os motivos que a levaram a votar contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que integra o pacote de ajuste fiscal do governo. “Sou a deputada federal que deu um dos três votos petistas contra a PEC que integra o pacote de ajuste fiscal do governo”, declarou Bonavides, destacando sua posição divergente dentro do partido.
Bonavides critica veementemente os discursos da extrema direita no Congresso Nacional, argumentando que tais declarações são insinceras e oportunistas. “Afinal, pouco importam os discursos que a extrema direita entoou de forma cínica nas tribunas do Congresso Nacional: não valem um risco na água declarações de defesa de direitos sociais feitas de forma oportunista por quem, nos últimos anos, aplaudiu todas as medidas que ampliavam a desigualdade social no país”, afirmou.
A deputada ressalta que, apesar de ser uma figura de esquerda e de situação, sua oposição ao pacote fiscal se baseia na compreensão de que as medidas propostas trarão mudanças estruturantes que vão além da mera contenção de gastos. “Parte da esquerda que decidiu pelo voto contrário às principais medidas do pacote reconheceu nelas mudanças estruturantes que, materializadas, trarão consequências profundas, para muito além da contenção de gastos e de uma repercussão antipática passageira”, explicou.
Além disso, Bonavides denuncia a atuação do grande capital financeiro no processo legislativo, apontando para uma manipulação que favorece os mais ricos e prejudica a classe trabalhadora. “Some-se a isso o fato de que o Congresso, para além de esvaziar as medidas que chamavam o próprio Parlamento a participar dos ajustes, conseguiu subverter a proposta de combate ao supersalários a tal ponto que o texto agora os torna legais e constitucionais”, criticou.
A deputada também alerta para as consequências políticas negativas do pacote fiscal, afirmando que ele enfraquece o apoio popular ao governo e aumenta as chances de vitória da extrema direita nas próximas eleições. “O pacote fiscal, segundo Bonavides, enfraquece as condições políticas do governo e seu apoio popular; e tem o condão de frear a melhoria na vida do povo, ao mesmo tempo em que aumentam as chances de vitória da extrema direita no país”, disse.
Bonavides menciona ainda eventos recentes que, em sua visão, receberam pouca atenção devido ao foco no ajuste fiscal. Ela destaca a tentativa de golpe por Jair Bolsonaro e militares de alta patente, incluindo planos de assassinato de líderes políticos, e lamenta a falta de repercussão adequada desses acontecimentos. “Poucas semanas atrás, dois fatos extremamente relevantes em nosso país ganharam os noticiários e rapidamente baixaram de audiência, ofuscados pelo debate do pacote de ajuste fiscal”, afirmou.
Por fim, a deputada celebra as conquistas do governo Lula, como a redução da pobreza e da fome, e a aprovação da reforma tributária, que isenta de tributação determinados segmentos. “Sempre que quebrarmos recordes de menor índice de pobreza e fome no país, isso deve ser considerado histórico e digno de comemoração”, concluiu Bonavides, ressaltando a importância de valorizar essas realizações nos balanços de fim de ano.
A posição de Natália Bonavides destaca uma perspectiva crítica dentro da esquerda brasileira, refletindo preocupações sobre o impacto das políticas fiscais propostas no desenvolvimento social e na manutenção das garantias democráticas.
Fonte: Brasil 247 com informações da deputada em sua coluna publicada na Folha de S. Paulo
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