sábado, 14 de dezembro de 2024

Mourão sai em defesa de Braga Netto após prisão: “Atropelo das normas legais”


O ex-vice-presidente Mourão e o ex-candidato a vice-presidente Braga Netto, ambos em chapas encabeçadas por Bolsonaro. Foto: reprodução

A prisão do general Walter Braga Netto, realizada neste sábado (14), gerou reação de integrantes da oposição, que classificaram a medida como um “atropelo das normas legais”. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente da República, afirmou que a prisão é injustificável.

“O General Braga Netto não representa nenhum risco para a ordem pública e a sua prisão nada mais é do que uma nova página no atropelo das normas legais a que o Brasil está submetido”, declarou Mourão em publicação no X, antigo Twitter.
A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como parte das investigações sobre a tentativa de golpe que buscava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Braga Netto é acusado de obstruir as apurações e de envolvimento no financiamento de ações golpistas. Apesar disso, a oposição argumenta que a prisão tem motivações políticas.

O deputado Luiz Ovando (PP-MS) também criticou a ação. “Braga Netto preso por ‘suposta’ obstrução. Criaram a fantasia do golpe para perseguir opositores, com Moraes como guardião do regime jurídico-ditatorial”, escreveu Ovando em sua rede social. Ele destacou que medidas como essa agravam a polarização política no país.


No governo de Jair Bolsonaro (PL), o general foi ministro da Defesa e concorreu como vice na chapa do ex-presidente pelo Partido Liberal. Segundo o inquérito de mais de 800 páginas, ele foi um dos principais mentores dos planos para matar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Antes de compor o governo de extrema-direita, Braga Netto tinha formação pelo grupo de operações especiais do Exército conhecido como “kids pretos”, que se destacou na trama golpista de 2022.

Em depoimento a Moraes, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, disse que “não se metia” na relação do ex-capitão com os “kids pretos”, grupo formado por militares das forças especiais do Exército.

Segundo Cid, o contato com esses integrantes era conduzido pelo ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, conforme informações do Globo. O depoimento do tenente-coronel ocorreu no dia 21 de novembro, quando sua delação premiada foi homologada por Moraes, após a PF apontar inconsistências em versões anteriores.

De acordo com o relatório final da PF, o planejamento para matar Lula, Moraes e Alckmin foi apresentado e validado durante uma reunião realizada em 12 de novembro de 2022, na residência de Braga Netto, onde ele e outros kids pretos elaboraram um documento detalhando o plano de ação para manter Bolsonaro como presidente. O grupo de militares nomeou o esquema como “Punhal Verde e Amarelo”.

O objetivo do encontro era “apresentar o planejamento das ações clandestinas com o objetivo de dar suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do governo eleito e restringir o exercício do Poder Judiciário”.

Conforme denunciou Cid em sua delação premiada, Braga Netto também entregou uma relevante quantia de dinheiro em espécie dentro de uma sacola de vinho para militares. A verba seria destinada a financiar o golpe de Estado.

Fonte: DCM

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