segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Milei facilita acesso à armas de fogo e reduz idade mínima para posse de armamentos na Argentina

Na Argentina, há pouco mais de um milhão de armas de fogo registradas. No entanto, estimativas apontam que o número de armas não registradas seja o dobro

Presidente da Argentina, Javier Milei (Foto: REUTERS/Agustin Marcarian)

O presidente da Argentina, Javier Milei, decretou, na última semana, a redução da idade mínima para a posse de armamentos no país de 21 para 18 anos, informa O Globo. A medida faz parte de um pacote mais amplo que visa facilitar o acesso legal às armas e diminuir os controles existentes no país.

O decreto foi defendido pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, que celebrou a mudança com uma declaração no X (antigo Twitter): “A partir de agora, maiores de 18 anos podem ser usuários legítimos de armas”, afirmou. Bullrich comparou o ato aos direitos concedidos aos jovens a partir dos 18 anos no país, como votar, formar família ou ingressar nas forças de segurança. Ela também defende a redução da idade para imputabilidade penal para 13 anos, uma proposta que fortalece a retórica do governo em relação à segurança pública e ao combate ao crime.

A decisão de Milei não surgiu de forma inesperada. Durante seu mandato como deputado nacional, ele já defendia o "livre porte de armas" e, embora tenha moderado sua posição durante a campanha presidencial, seu partido, A Liberdade Avança, propunha a desregulamentação do mercado legal de armas. O movimento segue o mesmo viés de outras figuras da extrema direita, como o ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil e o republicano Donald Trump nos EUA.

A vice-presidente da Argentina, Victoria Villarruel, também se posicionou favoravelmente à medida. Declarando-se uma “usuária legítima de armas”, ela defendeu que “cidadãos de bem possam se defender” contra crimes. Recentemente, Villarruel visitou a Bersa, principal fábrica privada de armas da Argentina, e foi fotografada com um rifle, gesto que reforça a postura do governo em relação ao tema. Vale lembrar que, antes de um distanciamento político, Milei e Villarruel chegaram a aparecer juntos em um tanque de guerra durante um desfile militar.

Além disso, a cultura armamentista tem sido estimulada dentro do governo. Santiago Caputo, principal assessor de Milei, foi visto em redes sociais fazendo aulas de tiro. Outros nomes próximos ao governo, como o secretário da Cultura, Nahuel Sotelo, e Daniel Parisini, criador do movimento As Forças do Céu — autodenominado como o "braço armado" do governo Milei —, também têm demonstrado afinidade com o uso de armas.

A estratégia da administração Milei vem sendo criticada pela Rede Argentina para o Desarmamento, que alerta que as ações e a retórica do governo estimulam a violência como solução para conflitos e aumentam os riscos para a população. Na Argentina, com uma população de 46 milhões de habitantes, há pouco mais de um milhão de armas de fogo registradas. No entanto, estimativas apontam que o número de armas não registradas seja o dobro desse montante.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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