A cúpula do Mercosul, realizada em Montevidéu nesta sexta-feira (6), foi marcada por declarações polêmicas do presidente argentino Javier Milei, em sua estreia no bloco regional, e pelo anúncio histórico da conclusão do acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia (UE). Enquanto Milei defendeu uma agenda de abertura comercial e criticou os pilares do bloco, líderes europeus e sul-americanos comemoraram o avanço do tratado negociado por mais de duas décadas.
No discurso, o líder de extrema-direita da Argentina classificou o Mercosul como uma “prisão” que impede os países membros de explorarem seu potencial exportador. “A tarifa externa comum tornou nossas indústrias mais caras e negou aos cidadãos a chance de melhorar a qualidade de vida com competitividade”, declarou.
“O Mercosul, que nasceu com a ideia de aprofundar laços comerciais, tornou-se uma prisão que não permite a países membros aproveitar seus potenciais exportadores”, disse o argentino acompanhado de Luis Caputo, ministro da Economia e “pai do choque econômico na Argentina”.
Milei, que tem defendido um acordo de livre-comércio com os Estados Unidos, sob a nova presidência de Donald Trump, reforçou sua visão de que “é o livre-comércio quem gera prosperidade”. A postura do novo presidente argentino rompe com a tradição diplomática mais cautelosa do bloco, apresentando uma agenda “anarcocapitalista” que privilegia a desregulamentação econômica.
O argentino se posiciona como o principal defensor da abertura comercial no Mercosul, substituindo o papel exercido anteriormente pelo presidente uruguaio Luis Lacalle Pou, que será sucedido em breve por Yamandú Orsi, da centro-esquerdista Frente Ampla.
Enquanto Milei criticava a estrutura do Mercosul, outro anúncio marcou a cúpula: a conclusão do aguardado acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia. O tratado, negociado por 25 anos, conectará mais de 700 milhões de pessoas e movimentará um PIB combinado de US$ 22,3 trilhões.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, celebrou a conquista: “Estamos estabelecendo uma aliança como nunca antes. Este acordo é uma afirmação econômica e política global”, afirmou. Segundo Ursula, o tratado reforça laços históricos e é um “marco de confiança mútua” entre os blocos.
O governo brasileiro vê o acordo como uma oportunidade única de ampliar o comércio e os investimentos com a Europa, um marco para a diplomacia liderada pelo presidente Lula. No entanto, a implementação do tratado enfrenta desafios, como a necessidade de aprovação pelos parlamentos nacionais dos países europeus.
A resistência da França, liderada por Emmanuel Macron, foi um obstáculo significativo. Apesar disso, Lula demonstrou confiança no avanço do processo: “Após mais de duas décadas, concluímos as negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia”, afirmou o presidente em suas redes sociais, ressaltando o apoio da liderança europeia.
Fonte: DCM
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