segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Manobrista jogado de ponte por policial em São Paulo relata momentos de terror: “pensei que ia morrer”

Após ser arremessado por PM de mais de três metros de altura, jovem detalha agressão e diz “quase morri na mão de um policial que estava desequilibrado”

A Corregedoria da PM apura as circunstâncias do caso

Marcelo*, de 25 anos, ainda tenta processar o trauma vivido na madrugada do último dia 2, quando foi brutalmente jogado de uma ponte na região da Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, por um policial militar. Em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, o manobrista relembrou os momentos de desespero ao ser agredido e arremessado de uma altura de mais de três metros pelo soldado Luan Felipe Alves Pereira.

“Foi uma sensação horrível, pensei que ia morrer”, desabafou Marcelo, ainda abalado. “Quase morri na mão de um policial que estava desequilibrado.”

Imagens gravadas por testemunhas mostram o momento em que Marcelo foi jogado da ponte. Após a repercussão do caso, Pereira foi preso preventivamente na última quinta-feira (5), após pedido da Corregedoria da Polícia Militar. A Justiça Militar determinou sua prisão preventiva sob suspeita de lesão corporal, peculato e prevaricação. A defesa do policial afirmou que pretende entrar com um pedido de habeas corpus, alegando “antecipação de pena travestida como prisão preventiva”.

Marcelo contou que retornava à casa da namorada, pilotando sua moto, uma Titan 160 prata, quando foi surpreendido por um grupo de 13 policiais militares na Rua Padre Antônio de Gouveia, próximo à ponte onde ocorreu o crime. De acordo com seu depoimento à Polícia Civil, ele foi abordado pelos PMs, que exigiram seus documentos. Mesmo explicando que não era ladrão e que sua moto não era roubada, ele foi tratado com hostilidade.

“Eles chegaram me agredindo, sem explicação”, disse. Segundo Marcelo, o soldado Pereira o segurou pelo colarinho e o levou até a beira da ponte. “Ou você pula ou eu te jogo”, teria dito o policial, conforme relatado no depoimento.

Marcelo tentou argumentar, mas foi jogado brutalmente de cabeça para baixo. Por sorte, caiu de joelhos no riacho abaixo, o que impediu ferimentos mais graves. Ainda assim, ele sofreu lesões no rosto e aguardava exames no Instituto Médico-Legal (IML).

Após a queda, moradores em situação de rua que estavam na área o ajudaram a sair do riacho e indicaram como ele poderia pedir ajuda. Um motorista que passava pela região o socorreu, levando-o até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santa Catarina.

● Repercussão e investigações

A divulgação das imagens gerou indignação pública e mobilizou autoridades. “Uma ação desmedida, inexplicável”, classificou o coronel Emerson Massera, porta-voz da Polícia Militar. “Sugere uma violação de direitos humanos graves.”

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, condenaram o episódio em notas oficiais. O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) considerou a conduta “inadmissível” e abriu uma investigação formal.

Paralelamente, foram instaurados um Inquérito Policial Militar (IPM) e uma apuração da Polícia Civil. Todos os 13 policiais envolvidos na operação foram afastados de suas funções enquanto o caso segue em investigação.

Com o trauma ainda recente, Marcelo espera por justiça. “O que passou na mente dele para me jogar da ponte?”, questionou, ainda incrédulo diante da violência que quase lhe custou a vida.

*Nome fictício usado para preservar a identidade da vítima.

Fonte: Brasil 247

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