sábado, 7 de dezembro de 2024

Itaú processa ex-executivo por corrupção interna

Banco denuncia esquema de contratos fraudulentos e pagamentos irregulares. Investigação pode resultar em processo criminal

Itaú (Foto: Pilar Olivares/Reuters)

O Itaú Unibanco entrou com uma ação judicial contra Alexsandro Broedel, ex-diretor financeiro da instituição, e Eliseu Martins, especialista em contabilidade. A denúncia, inicialmente publicada pelo Pipeline, expôs um suposto esquema de corrupção envolvendo pareceres técnicos e repasses financeiros considerados irregulares. Segundo a investigação interna do banco, Broedel teria recebido cerca de R$ 4,86 milhões em pagamentos suspeitos provenientes de Martins e empresas associadas, relata o Valor Econômico.

De acordo com a denúncia, Broedel teria contratado pareceres técnicos de uma consultoria ligada a Martins e, por meio de uma estrutura financeira complexa, parte dos valores retornaria para ele. "Identificamos graves violações do Código de Ética da instituição, incluindo a manutenção de sociedade com fornecedor técnico-contábil não declarada aos nossos controles internos", declarou o Itaú em nota oficial. A apuração revelou ainda que 16 pareceres técnicos pagos não foram localizados, enquanto outros quatro foram contratados com pagamento antecipado, mas nunca entregues.

◉ Investigação e medidas judiciais - O caso começou a ser investigado em julho de 2024, após Broedel pedir demissão para assumir uma posição no Santander, na Espanha. Durante o chamado "garden leave" — período de transição pós-demissão —, surgiram denúncias internas sobre sua possível atuação em consultorias externas, prática vedada pelo banco.

Uma auditoria interna confirmou que Broedel e Martins eram sócios ocultos na empresa Broedel Consultores Associados, cuja existência não havia sido informada ao Itaú. Entre 2019 e 2023, a consultoria de Martins recebeu R$ 13,25 milhões do banco, montante aprovado pelo próprio Broedel. Transferências financeiras entre empresas ligadas a Martins e contas pessoais de Broedel reforçaram as suspeitas de um esquema de repasses ilícitos.

Além do processo civil, o banco notificou o Banco Central e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), buscando a responsabilização judicial e administrativa dos envolvidos.

◉ Defesa e contradições - Broedel nega qualquer irregularidade. "Os serviços mencionados eram públicos e do conhecimento do Itaú. Causa estranheza que tais suspeitas surjam somente após a renúncia do executivo para assumir um cargo de alto escalão em um concorrente direto", afirmou sua assessoria em nota oficial. O ex-diretor financeiro também informou que tomará medidas judiciais para contestar as acusações.

Eliseu Martins, também mencionado na denúncia, ainda não se manifestou sobre o caso.

◉ Impactos no setor financeiro - A denúncia surge em um momento delicado para o Itaú, que recentemente afastou Eduardo Tracanella, diretor de marketing, por uso indevido de cartão corporativo. O banco, contudo, assegurou que os dois casos não estão relacionados.

O processo judicial, que tramita no Tribunal de Justiça de São Paulo sob o número 1194303-51.2024.8.26.0100, busca o ressarcimento de mais de R$ 11 milhões pagos por serviços técnicos não entregues. O Itaú também pretende anular as aprovações de contas feitas por Broedel durante sua gestão.

Possíveis desdobramentos criminais - Se os fatos forem comprovados, o Ministério Público Federal poderá apresentar denúncias por crimes como gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e associação criminosa. O Itaú reforçou que continuará colaborando com as autoridades, reiterando seu "compromisso com ética e transparência" e garantindo que nenhuma falha estrutural interna comprometeu suas operações.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal Valor Econômico

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