terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Inflação desacelera em novembro mas taxa em 12 meses se afasta do teto da meta

O IPCA subiu 0,39%, em novembro, após alta de 0,56% em outubro. Taxa acumulada em 12 meses até novembro acumula alta de 4,87%, acima do teto da meta de 3%

supermercado (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)

Reuters - A alta dos preços desacelerou no Brasil em novembro mas os alimentos seguiram pressionando a inflação, levando a taxa acumulada em 12 meses para ainda mais acima do teto da meta antes da última reunião de política monetária do Banco Central no ano.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu em novembro 0,39%, após alta de 0,56% em outubro, contra expectativa em pesquisa da Reuters de 0,37% para o mês.

Os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram ainda que a taxa acumulada em 12 meses até novembro acelerou a uma alta de 4,87%, de 4,76% no mês anterior.

Com apenas mais um mês para encerrar o ano, o resultado do IPCA foi ainda mais acima do teto da meta, de 3,0% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

É com esses dados em mãos que o Banco Central volta a se reunir nesta terça e quarta-feiras para decidir sobre a taxa básica de juros Selic, depois de ter acelerado o ritmo de aperto para 0,50 ponto percentual em sua reunião de novembro, levando-a a 11,25% ao ano.

A mais recente pesquisa Focus realizada pelo BC com especialistas mostra que a expectativa é de uma alta de 0,75 ponto percentual na Selic na quarta, levando a taxa a terminar este ano em 2,0%, com a inflação em 4,84%.

Os dados indicam que o resultado do IPCA em 12 meses em dezembro ficará fora da faixa visada, e por isso o presidente do BC terá que escrever uma carta informando os motivos do estouro.

Em novembro, o resultado foi influenciado principalmente pela alta de 1,55% no grupo Alimentação e bebidas, sob impacto de um aumento de 8,02% nos preços das carnes.

Entre os subitens, contrafilé, alcatra, refeição, óleo de soja e costela pressionaram os preços, com impacto de 0,03 ponto percentual cada.

"A alta dos alimentícios foi influenciada, principalmente, pelas carnes, que subiram mais de 8% em novembro. A menor oferta de animais para abate e o maior volume de exportações reduziram a oferta do produto”, ressaltou o gerente do IPCA, André Almeida.

O grupo Transportes, por sua vez, registrou avanço de 0,89%, impulsionado pelo aumento de 22,65% da passagem aérea, exercendo o maior impacto individual no índice do mês. Já os combustíveis caíram 0,15%, com quedas nos preços do etanol (-0,19%) e da gasolina (-0,16%).

“A proximidade do final de ano e os diversos feriados do mês podem ter contribuído para essa alta (das passagens aéreas)”, explicou o gerente da pesquisa.

Os custos de Despesas Pessoais, por sua vez, subiram 1,43%, com alta de 14,91% do cigarro, após aumento da alíquota específica do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre o produto.

Por outro lado, Habitação teve queda em novembro de 1,53%, impacto pelo recuo de 6,27% da energia elétrica residencial com a vigência no mês da bandeira tarifária amarela, de custo menor, devido a uma melhora das condições de geração de energia no país. Para dezembro a bandeira será verde, sem cobrança adicional na conta de luz.

Com o mercado de trabalho aquecido e a renda em alta, a inflação de serviços também é fonte de preocupação. Em novembro, a inflação do setor chegou a 0,83%, acelerando com força ante a taxa de 0,35% no mês anterior, acumulando em 12 meses alta de 4,71%.

O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, teve em novembro queda a 58%, de 62% em outubro.

Fonte: Brasil 247 com Reuters

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