quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Indiciados organizam ofensiva para apontar Freire Gomes como responsável por tentativa de golpe

Militares acusam ex-comandante do Exército de omissão e resistência passiva durante crise política que marcou transição de governo

General Marcos Freire Gomes (Foto: Divulgação)

Um grupo de militares indiciados pela Polícia Federal no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil articula estratégias para atribuir responsabilidades ao general Freire Gomes, ex-comandante do Exército. A movimentação foi relatada à CNN, que destacou o impacto das acusações em um episódio central na história política recente do país.

De acordo com as investigações, Freire Gomes foi um dos comandantes das Forças Armadas que se recusaram a assinar um decreto para instaurar estado de defesa no Brasil, uma medida que teria sido idealizada pelo então presidente Jair Bolsonaro. O general, segundo a apuração, chegou a ameaçar prender Bolsonaro caso ele insistisse na ideia. Outro militar que também teria se negado a assinar o documento foi o comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior.

No entanto, militares indiciados, incluindo o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, contestam essas afirmações. Em declarações nos bastidores, eles alegam que o episódio nunca ocorreu da forma descrita e que as próprias investigações sugerem que Freire Gomes foi omisso em momentos críticos.

◉ Acusações de omissão e prevaricação

Os militares indiciados afirmam que Freire Gomes teria exercido uma “resistência passiva” durante as semanas que sucederam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais. Segundo essas fontes, o general nunca advertiu os envolvidos para que interrompessem ações golpistas e, caso fosse contrário ao movimento, sua inércia poderia configurá-lo como prevaricador — crime que se refere ao descumprimento de deveres funcionais por parte de servidores públicos.

Outro ponto levantado foi a demora na desmobilização das manifestações realizadas em frente aos quartéis do Exército por apoiadores de Bolsonaro. Os militares afirmam que, ao invés de agir para conter os protestos, Freire Gomes teria incentivado as mobilizações. Eles citam uma nota conjunta dos comandantes das Forças Armadas, assinada em 11 de novembro, que foi interpretada como um estímulo à continuidade das manifestações.

◉ Decisões controversas na reta final

As acusações também envolvem um episódio ocorrido em 29 de dezembro de 2022, quando o Comandante Militar do Planalto teria tentado remover manifestantes bolsonaristas acampados em frente ao Quartel-General em Brasília. Segundo os relatos, Freire Gomes impediu que a ação fosse realizada.

◉ Um embate de versões

As investigações, que já geraram intensa repercussão política, ainda precisam esclarecer as responsabilidades de diferentes figuras públicas e militares na tentativa de golpe. Enquanto isso, a articulação dos indiciados revela o clima de tensão entre os próprios membros das Forças Armadas e reforça o impacto de decisões tomadas — ou não tomadas — durante a transição do governo Bolsonaro para o de Lula.

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil

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