Jornal critica selvageria, mas não abandona Tarcísio, que é seu candidato a presidente em 2026
Tarcísio de Freitas e Escola Estadual Thomazia Montoro (Foto: Rogério Cassimiro/Governo do Estado de SP | Reprodução/TV Globo)
Em um editorial publicado nesta quinta-feira, o jornal O Globo classificou a segurança pública como o ponto mais fraco do projeto político do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Embora tenha destacado a grave escalada de violência policial no estado e os retrocessos em políticas públicas, a publicação demonstrou um esforço para isolar Tarcísio das consequências de sua própria gestão, preservando-o como uma figura viável para o projeto neoliberal que o jornal aposta para a eleição presidencial de 2026.
Segundo o texto, entre janeiro e dezembro de 2023, a Polícia Militar paulista matou 712 pessoas, o dobro do registrado no mesmo período do ano anterior, conforme dados do Ministério Público. A gestão de Tarcísio e de seu secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, foi criticada pela falta de controle sobre a letalidade policial e pela ambivalência na utilização de câmeras corporais, uma medida que havia contribuído para reduzir abusos em administrações anteriores.
Mesmo diante de episódios chocantes, como a morte de um menino de 4 anos em Santos e a execução de um homem com 11 tiros nas costas após furtar sabão em pó, o jornal buscou relativizar a responsabilidade direta do governador. A narrativa reforça que, historicamente, São Paulo ostentou bons índices de segurança pública e sugere que a crise atual seria pontual, não fruto de decisões estruturais da atual administração.
O artigo também destaca que a queda nos índices de homicídios no estado, anunciada pelo governo, é parte de uma tendência nacional, enquanto outros crimes, como estupros e lesões corporais dolosas, continuam em alta. Apesar disso, O Globo insiste em tratar Tarcísio como um ator político relevante para o futuro, especialmente como possível candidato à Presidência em 2026, associado a uma agenda de reformas neoliberais.
A tentativa de desvincular o governador da crise na segurança ocorre em um momento estratégico, em que a direita busca lideranças para enfrentar o presidente Lula. A suavização das críticas a Tarcísio, mesmo diante de uma política de segurança marcada por abusos e ineficácia, reforça o alinhamento de setores da mídia com interesses econômicos e políticos que visam perpetuar um modelo de gestão liberal e excludente no Brasil.
Enquanto isso, a escalada de violência policial expõe não apenas os limites do projeto político de Tarcísio, mas também as contradições de um discurso que promete eficiência e modernidade, mas entrega uma realidade de truculência e retrocesso. O silêncio e a leniência do governador diante de abusos mostram que a promessa de mudança tem servido apenas como fachada para práticas que ignoram os direitos humanos e a justiça social.
Fonte: Brasil 247
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