Bolsonaristas tiveram viagem financiada por empresários e fazendeiros para tentativa de golpe. Foto: Bruno Santos/Folhapress
Sessenta e três bolsonaristas já foram denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de financiar a tentativa de golpe de Estado que culminou nos atos de 8 de janeiro. Até agora, as denúncias se concentram em casos de fretamento de ônibus para levar manifestantes a Brasília, sem alcançar outras frentes reveladas pela investigação.
A Polícia Federal identificou indícios mais amplos, como estimativas de custos para ações clandestinas e possíveis repasses de dinheiro vivo. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmou em delação que o ex-ministro Braga Netto entregou valores em espécie para militares envolvidos nos planos. Porém, a denúncia contra Bolsonaro e outros 36 aliados, apresentada em novembro, não apontou provas conclusivas sobre o uso do dinheiro.
Enquanto os financiadores de caravanas já enfrentam denúncias no STF, outras frentes avançam com mais lentidão. Entre elas, empresários que financiaram acampamentos em frente ao Exército em Brasília, fazendeiros que forneceram veículos para bloqueios em rodovias e suspeitos de apoiar atos de vandalismo durante a diplomação de Lula (PT).
A PF apura também o plano para assassinar autoridades, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Em mensagens de novembro de 2022, Cid e o major Rafael de Oliveira, preso por envolvimento no esquema, mencionaram um custo estimado de R$ 100 mil para executar o plano, apelidado de “Copa 2022”.
Mauro Cid e Rafael Oliveira estimaram custo de R$ 100 mil para plano. Foto: reprodução
Cid revelou que os valores teriam sido entregues por Braga Netto dentro de embalagens de vinho, reforçando suspeitas contra o grupo de Bolsonaro. Em áudios, o general da reserva Mario Fernandes, ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência, aparece orientando bolsonaristas acampados em Brasília e pedindo a Cid que influenciasse Bolsonaro a intervir na atuação da PF.
A investigação também aponta a arrecadação de fundos em outras regiões do país. O militar da reserva Aparecido Portela, conhecido como Tenente Portela, teria recolhido recursos no Mato Grosso do Sul sob o pretexto de organizar um “churrasco”, usado como código para os planos golpistas.
Portela, que visitou Bolsonaro 13 vezes em dezembro de 2022, chegou a discutir com Cid sobre o andamento das ações e o reembolso de valores após o fracasso do plano.
Apesar do avanço das apurações, o STF ainda não condenou nenhum dos financiadores apontados pela PF. Já foram condenados 229 executores dos atos de 8 de janeiro e 81 incitadores, enquanto outras 500 pessoas aceitaram acordos para encerrar os processos.
Fonte: DCM
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