Investigação da Polícia Federal revela estratégia para driblar decisões de Alexandre de Moraes e espalhar desinformação sobre urnas eletrônicas
Urna eletrônica (Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE)
Militares brasileiros recorreram a sites hospedados no exterior para disseminar desinformação sobre as eleições de 2022 e evitar decisões do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. A informação foi revelada em relatório da Polícia Federal (PF) que detalha uma suposta tentativa de golpe de Estado, informa Paulo Cappelli, do Metrópoles.
Conforme o documento, houve uma “parceria” entre militares e o consultor político argentino Fernando Cerimedo, conhecido por assessorar a campanha de Javier Milei à Presidência da Argentina em 2023. A estratégia envolvia a criação de sites fora do Brasil, como na Argentina e em Portugal, para veicular conteúdos considerados fraudulentos.
Cerimedo transmitiu uma live intitulada "Brazil Was Stolen" ("O Brasil foi roubado") em 4 de novembro de 2022. Durante a transmissão, ele alegou ter provas de uma suposta fraude nas urnas eletrônicas brasileiras, baseando-se em dados “descobertos” por hackers. O conteúdo foi publicado no site La Derecha Diario.
◉ Rede de disseminação - O relatório da PF destaca que militares como o tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), foram peças-chave no esquema. Documentos encontrados no celular de Cid mostram que o então assessor especial da Presidência, Tércio Arnaud Tomaz, encaminhou o link da live de Cerimedo pelo WhatsApp para diversos contatos.
Para driblar ordens judiciais de remoção de conteúdo, links alternativos foram criados continuamente. No dia seguinte à live, o tenente-coronel Marques de Almeida, ligado ao Comando de Operações Terrestres (Coter), compartilhou um novo endereço, informando que o conteúdo estava disponível em português, espanhol e inglês.
◉ Manipulação e incitação - A investigação aponta que Marques de Almeida possuía expertise em “operações psicológicas”, sendo capaz de manipular informações para provocar indignação popular. Ele atuava na Seção de Operações de Informação do Coter, especializada em guerra cibernética e propaganda.
Segundo a PF, sua ação visava mobilizar apoiadores inconformados com o resultado das urnas. As mensagens evidenciam um esforço coordenado para sustentar a narrativa de suposta fraude eleitoral, mantendo grupos de apoiadores ativos por meio de mensagens compartilhadas em redes sociais e aplicativos de mensagens.
Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles
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