A Frente Evangélica, que tradicionalmente elege seu líder por aclamação, enfrenta a possibilidade inédita de uma votação interna
Deputado Otoni de Paula (Foto: Agência Câmara)
A Frente Parlamentar Evangélica enfrenta um dos momentos mais desafiadores de sua história recente. Após semanas de impasses sobre quem assumirá a presidência do biênio 2025-2026, a decisão será anunciada na próxima quarta-feira. Ao contrário das escolhas anteriores, pautadas pelo consenso, a bancada vive um cenário de divisão interna. As informações são do O Globo.
De um lado, o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) emerge como favorito, conquistando apoios importantes, mas enfrentando resistência por sua aproximação com o governo Lula. Do outro, Gilberto Nascimento (PSD-SP), apoiado pelo influente pastor Silas Malafaia, busca fortalecer sua candidatura como alternativa à liderança de Otoni.
◉ Apoios estratégicos e desafios internos
A Frente Evangélica, que tradicionalmente elege seu líder por aclamação, enfrenta a possibilidade inédita de uma votação interna. “Se tivermos que ir ao voto, vamos ao voto. Isso não quer dizer que estamos rachados, é legítimo”, defendeu Otoni de Paula. O parlamentar, que no passado foi ligado ao bolsonarismo, hoje é visto como figura próxima ao governo federal, fato que gera desconforto entre alguns membros da bancada.
A escolha antecipada deste ano reflete a tentativa de evitar os conflitos que marcaram 2023, quando a presidência alternada entre Eli Borges (PL-TO) e Silas Câmara (Republicanos-AM) foi a solução para a falta de consenso. Otoni tem o apoio desses dois líderes, representando alas distintas: enquanto Câmara é mais alinhado ao governo, Borges mantém uma postura ideológica mais próxima ao bolsonarismo.
◉ Resistência e articulações paralelas
A relação de Otoni com Lula tem gerado desconforto. Recentemente, ele representou a bancada em um evento no Palácio do Planalto, onde o presidente sancionou o Dia Nacional da Música Gospel. Durante a cerimônia, seu discurso cordial em relação ao petista gerou críticas, especialmente de lideranças bolsonaristas.
Esse histórico abriu espaço para Gilberto Nascimento, delegado de polícia e deputado respeitado no bloco, que conta com o apoio direto de Silas Malafaia. Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, é uma figura influente entre os evangélicos e tem promovido Nascimento como alternativa a Otoni.
◉ O futuro da bancada
A possível vitória de Otoni pode fortalecer a interlocução entre a Frente Evangélica e o governo federal, algo que muitos veem como estratégico. Desde a posse de Lula, líderes do grupo têm defendido maior participação do segmento protestante na Esplanada dos Ministérios, embora ainda não haja indicações formais nesse sentido.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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