O Brasil tem pelo menos 63 Sociedades Anônimas de Futebol em quase 20 estados. Veja a diferença entre SAFs e o modelo tradicional de gestão no futebol
Técnico Artur Jorge levantando a taça de campeão da Copa Libertadores (Foto: Vítor Silva/ BFR)
“Nós temos tudo no Brasil para nos tornarmos algo como a Premier League”, afirmou Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, co-proprietário do Atlético-MG, ao fazer uma comparação com o Campeonato Inglês de Futebol. Após a vitória do Botafogo (RJ) sobre a equipe mineira no último dia 30, o Brasil ganhou a sexta Libertadores seguida. Os dois finalistas são Sociedades Anônimas de Futebol (SAF). O relato foi publicado na revista The Economist. Desde 2021, quando a Lei nº 14.193/21 (Lei das SAFs) foi aprovada, foram criadas pelo menos 63 SAFs no país em clubes como Fortaleza (CE), Bahia (BA), Cruzeiro (MG), Botafogo (RJ), Vasco (RJ) e Figueirense (SC).
Minas Gerais, Paraná e São Paulo lideram o ranking nacional em número de SAFs, com 9, 10 e 14 clubes, respectivamente. Apenas 8 das 27 unidades federativas continuam sem clube no formato SAF - Acre, Alagoas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí e Roraima, conforme o Globo Esporte.
No caso do Botafogo, o empresário americano John Textor reestruturou a equipe. Sua empresa, a Eagle Football Holding, tem ações do Cystal Palace na Inglaterra e do Lyon na França. O dirigente comprou o Fogão em 2022 por cerca de US$ 66 milhões. As dívidas do clube diminuíram pela metade.
O empresário recebeu um cheque US$ 23 milhões pelo título da Libertadores, e a vitória também classificou o Botafogo para o Mundial de Clubes da Fifa de 2025. Ele pretende abrir o capital da Eagle Football Holding e espera arrecadar pelo menos US$ 1 bilhão (R$ 6 bilhões).
Em 2021, o ex-jogador Ronaldo Fenômeno comprou o Cruzeiro por US$ 70 milhões. O ex-atacante vendeu o clube em abril, por US$ 100 milhões, depois de trazê-lo de volta para a primeira divisão.
SAF
Com a aprovação das SAFs, os times de futebol puderam deixar de ser associação civil, privada, sem fins lucrativos para serem instituições empresariais. Associações não podem ser vendidas para investidores, elas são administradas apenas pelo quadro de sócios. A SAF permite a venda parcial ou total de um clube para novos proprietários.
No modelo mais conhecido, os sócios dos clubes elegem representantes para Conselhos Deliberativo e Fiscal, além de um presidente. O conselho é uma espécie de "Poder Legislativo" da equipe e a diretoria, o "Poder Executivo". Ainda conforme o modelo mais tradicional de gestão no futebol, o presidente de um clube tem um mandato, entre dois e quatro anos, podendo ou não ter direito à reeleição.
Quando o clube vira uma SAF, o proprietário tem poder de decisão de forma definitiva. Quem compra parte ou todo o time deixará o negócio no dia em que vender a sua participação sobre a empresa para outra pessoa, empresa ou fundo.
O chamado "clube-empresa" adota uma estrutura profissional contratada por seu dono. A equipe tem especialistas nas principais áreas: CEO (chief executive officer) ou diretor-geral; CLO (chief legal officer) ou diretor jurídico; CFO (chief financial officer) ou diretor financeiro; CMO (chief marketing officer) ou diretor de marketing; e Diretor de futebol.
Fonte: Brasil 247 com The Economist e Globo Esporte
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