A aprovação de Lula é maior entre eleitores do Nordeste (67%), eleitores de renda baixa (63%) e pretos (59%); a aprovação é menor entre quem tem renda domiciliar acima de 5SM (39%), evangélicos (42%) e eleitores do Sudeste (44%). Padrão permanece parecido com o da eleição.
A amostra desta pesquisa nos permite estudar os resultados dentro de 6 estados. BA (66%) e PE (65%) são os estados com as maiores taxas de aprovação do governo. GO (41%), SP (43%) e PR (44%) têm as menores taxas de aprovação. MG reproduz a média nacional.
A avaliação do governo Lula também aparece estável nessa rodada: 33% de avaliação positiva (ótima + boa), 34% de regular e 31% de negativa (ruim + péssima).
Na comparação com pesquisas do IBOPE feitas ao final do 2º ano do mandato de outros presidentes em anos anteriores, Lula 3 é pior do que Lula 1 e 2 e só aparece à frente dos governos FHC 2 e Temer.
A estabilidade nos números revela a baixa capacidade do governo em comunicar seus principais resultados econômicos. O pacote de corte de gastos apresentado pelo ministro Haddad, por exemplo, só ficou conhecido por 38% dos entrevistados.
Entre quem tomou conhecimento sobre a medida, grupo caracterizado especialmente por homens, mais velhos e de renda mais alta, a maioria (68%) acredita que as medidas apresentadas não vão melhorar as contas do governo.
A isenção do Imposto de Renda para quem ganha acima de 5 mil também não conseguiu atingir a maioria da população. Apenas 43% dizem que já sabiam da medida quando responderam a pesquisa.
Isso sugere que os resultados de aprovação do governo podem se mover positivamente no futuro quando a medida se tornar real, já que a isenção do IR é aprovada por 75% dos brasileiros.
A aprovação a essa medida é alta inclusive entre eleitores de Bolsonaro (77%) ou entre quem votou branco/nulo ou se absteve em 2022 (74%). Com esse resultado, difícil imaginar que o Congresso vá rejeitar esse projeto.
Mas sem uma comunicação bem feita, o plano pode não gerar bons frutos. A alta do dólar, por exemplo, consequência direta do anúncio da semana passada pode prejudicar a imagem do governo: 72% dizem que a alta do dólar tem impacto em suas vidas.
E é um impacto bem direcionado, já que 84% acreditam que a alta do dólar vai fazer os preços de alimentos e combustíveis subirem também.
Essa percepção negativa também está refletida na percepção generalizada sobre a economia. Ao contrário do que mostram os números oficiais, 40% acham que a economia brasileira piorou no último ano, enquanto apenas 27% acreditam que ela melhorou.
Essa percepção de piora aparece de várias formas. Por exemplo, 68% dos brasileiros dizem que o poder de compra hoje é menor do que a um ano atrás. É o pior resultado da série.
O preço dos alimentos no último mês subiu para 78% dos entrevistados! Também é o pior resultado da série.
A percepção da maioria dos brasileiros (59%) também é a de que o preço dos combustíveis subiu no último mês.
A percepção do desemprego foi a que mais aderiu a dos dados oficiais. Pela primeira vez na série histórica, cresceu a percepção de que está mais fácil conseguir um emprego hoje do que a um ano.
Como explicar essa dissonância entre a realidade e a percepção? O primeiro fator é a polarização que se calcificou. Eleitores do Lula acreditam que a economia melhorou, eleitores do Bolsonaro defendem que a economia piorou. Esse cabo de guerra de opinião persiste.
Mas há um outro fator com potencial explicativo. A grande maioria dos brasileiros (61%) acredita que seu patamar financeiro está abaixo do esperado. Ou seja, estão frustrados. É como se a renda, mesmo com o PIB crescendo e o emprego em baixa, não estivesse sendo suficiente.
O mais curioso dessa frustração financeira é que ela aparece ainda maior entre os jovens (66% deles estão frustrados com o seu patamar financeiro, contra 55% do público 60+ que aparece frustrado) …
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