No dia 20 de novembro de 2022, Dias Toffoli reuniu figuras importantes da política em seu aniversário de 55 anos, realizado no Bar dos Arcos, em São Paulo. O encontro contou com a presença de nomes como o ministro do STF Kássio Nunes Marques, o deputado Arlindo Chinaglia e o então ministro das Comunicações Fábio Faria. O evento, inicialmente descontraído, teve como o principal assunto informações sobre um suposto golpe em planejamento.
Durante a festa, o ministro ouviu relatos de movimentações militares e de um documento que planejava decretar estado de sítio e GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para impedir a diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O livro “O Procurador,” de Luís Costa Pinto, detalha como essas informações chegaram ao ministro e como ele compartilhou tudo com Augusto Aras, então procurador-geral da República.
Aras, que já estava ciente de ações suspeitas, confirmou os relatos a Toffoli. Juntos, decidiram agir para neutralizar o golpe, sugerindo que a diplomação de Lula fosse antecipada. A data original, 19 de dezembro, foi alterada para 12 de dezembro, após interlocutores do PT levarem a sugestão ao TSE. Essa mudança desarticulou parte do plano golpista.
Mesmo assim, o dia 12 de dezembro foi marcado por atos de vandalismo em Brasília, com bolsonaristas atacando a sede da Polícia Federal e promovendo destruição nas ruas. Segundo Costa Pinto, o plano original para o dia 19 previa algo ainda mais grave, o que reforçou a necessidade das ações nos bastidores.
Além disso, Toffoli teria confrontado diretamente Jair Bolsonaro em um jantar promovido por Fábio Faria no dia 19 de dezembro. Durante a conversa, o ministro questionou se os generais apoiariam um golpe liderado por um capitão, indicando que Bolsonaro não teria sucesso. Bolsonaro negou qualquer intenção golpista, mas a tensão permaneceu até a posse do atual chefe do Executivo.
O livro relata que Toffoli e Aras mantiveram contato constante até o dia 1º de janeiro de 2023, quando Lula assumiu oficialmente a presidência. Essa articulação foi considerada essencial para evitar uma ruptura institucional, mesmo com pressões intensas de grupos bolsonaristas.
Toffoli reconheceu publicamente a importância de Aras em setembro de 2023, destacando que, sem a atuação do procurador-geral, a democracia poderia ter sido comprometida. A relação entre os dois, embora improvável, foi crucial nos momentos de maior tensão política.
Fonte: DCM
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