Deputada reforça a importância do relatório da CPI, critica tentativas de anistia e defende reformulação das Forças Armadas
(Foto: Divulgação | Agencia Camara )
Em entrevista ao programa Boa Noite 247, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) destacou os desdobramentos das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro e criticou veementemente as tentativas de setores políticos de promover anistia aos envolvidos. Para Jandira, o lema "sem anistia" deve ser traduzido em punições exemplares. “Não é só prender Bolsonaro, mas também ele, porque é o comandante de todo esse processo”, enfatizou.
A parlamentar ressaltou o impacto do relatório final da CPI do Golpe, que serviu como base para investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Segundo Jandira, o documento, entregue ao ministro Alexandre de Moraes, à Controladoria-Geral da União (CGU) e ao Tribunal de Contas da União (TCU), é um guia robusto que identifica financiadores, mensagens estratégicas e o envolvimento direto de militares no planejamento do golpe.
◉ Prisões e os próximos passos
Jandira celebrou as prisões recentes de militares de alta patente, incluindo o general da reserva Mario Fernandes, apontado como uma figura central na tentativa de golpe. Fernandes, que ocupou cargos estratégicos no governo Bolsonaro, foi preso junto a outros três militares e um agente da Polícia Federal em uma operação da PF.
Apesar dos avanços, a deputada destacou a necessidade de responsabilizar outras lideranças, como o general Braga Netto e o ex-presidente Jair Bolsonaro. “As prisões desta semana são inovadoras. Prender um general, acessar dados e mensagens trocadas acelera muito as investigações. Mas ainda há nomes de grande relevância que precisam ser punidos com urgência”, afirmou.
◉ Tentativa de anistia e resistência
A parlamentar também criticou o discurso de anistia, defendido por figuras como Flávio Bolsonaro e Rogério Marinho. Jandira acredita que a pressão da sociedade e de parlamentares, inclusive da centro-direita, torna a aprovação de qualquer proposta de anistia improvável. “Conversei com parlamentares de centro-direita, e todos eles disseram: ‘Isso tem que ser punido’. A sociedade brasileira não tolerará impunidade”, argumentou.
◉ Reformulação das Forças Armadas
A deputada também abordou a necessidade de reestruturar as Forças Armadas, apontando problemas na formação de oficiais que estudam em instituições estrangeiras, principalmente nos Estados Unidos. “Muitos oficiais voltam do exterior com uma formação que não é desejável para o Brasil e se subordinam a ideologias que não refletem nosso contexto. Hoje, não existe mais uma força armada com projeto nacionalista”, analisou.
Jandira alertou ainda para os riscos de influência externa, especialmente em um possível retorno de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos. Para ela, a reformulação das lideranças militares e o fortalecimento das instituições brasileiras são urgentes. “Sem respaldo norte-americano, eles não avançaram em 8 de janeiro. Mas, com Trump reeleito, a dinâmica pode mudar.”
◉ Atos golpistas e operação da PF
O contexto das declarações de Jandira é a operação da PF que desarticulou um grupo suspeito de planejar um golpe de Estado e assassinatos de lideranças como Lula, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Documentos detalhados do plano, batizado de "Punhal Verde e Amarelo", foram encontrados com o general Mario Fernandes. Segundo as investigações, o plano incluía ações como envenenamento e ataques com explosivos.
◉ A urgência de respostas
Jandira concluiu a entrevista enfatizando a importância de o Congresso assumir protagonismo na discussão sobre o papel das Forças Armadas e acelerar os processos judiciais contra os golpistas. “Nossa campanha foi por ‘sem anistia’, e isso significa punição. A sociedade brasileira exige respostas à altura dos ataques que nossa democracia sofreu.”
Assista:
Fonte: Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário