Empresário foi morto a tiros no aeroporto de São Paulo, e suspeitas envolvem agentes de segurança, membros do PCC e uma possível dívida milionária
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach (Foto: Reprodução )
A força-tarefa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) segue apurando as circunstâncias da execução de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, um empresário do ramo imobiliário que, ao colaborar com a Justiça, delatou esquemas criminosos envolvendo integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). O crime ocorreu no último dia 8, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. As investigações reúnem esforços da Polícia Civil, Polícia Militar (PM), Polícia Técnico-Científica e do Ministério Público, e também contam com o acompanhamento da Polícia Federal, uma vez que o ataque aconteceu em uma área sob sua jurisdição.
Vinicius foi morto com dez tiros disparados por dois homens armados com fuzis, que fugiram após o crime, registrado por câmeras de segurança do terminal 2. Durante o ataque, que resultou em 29 disparos, o motorista de aplicativo Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, também foi atingido e não resistiu aos ferimentos. Outras duas pessoas ficaram feridas e receberam alta médica. Até o momento, nenhum suspeito foi identificado ou preso.
As autoridades investigam três linhas principais para elucidar o caso: a participação de agentes de segurança, possíveis envolvidos do PCC e questões financeiras. Abaixo, cada uma dessas hipóteses é detalhada com base nos avanços das investigações.
1. Possível envolvimento de agentes de segurança
A Polícia Civil e a Corregedoria da PM apuram se policiais, incluindo aqueles que faziam a segurança particular de Vinicius, poderiam estar envolvidos no crime. Em depoimento à GloboNews, o promotor Lincoln Gakiya afirmou que Vinicius rejeitou a proteção oficial oferecida pelo Ministério Público: “Ele não queria abrir mão do estilo de vida que levava”, disse o promotor. Assim, o empresário contratou por conta própria cinco policiais militares para escoltá-lo, quatro dos quais estavam no aeroporto no dia da execução, mas não estavam com ele no momento do crime.
Esses policiais, lotados em batalhões da Zona Norte e Oeste de São Paulo, foram afastados esta semana pela força-tarefa. As investigações buscam reconstituir os passos dos PMs antes do crime e analisar dados de seus celulares. Um dos policiais relatou que o carro que os levaria até Vinicius apresentou problemas mecânicos, enquanto outro agente que viajava com ele se escondeu durante o tiroteio, alegando que sua ação não mudaria o desfecho fatal do ataque.
Além disso, em um episódio ocorrido oito dias antes do assassinato, Vinicius prestou depoimento à Corregedoria da Polícia Civil, onde afirmou que agentes estavam tentando extorqui-lo em troca de proteção. Esses policiais, agora sob investigação, atuavam em setores estratégicos como o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
2. Retaliação de membros do PCC
Outra linha de investigação é que a execução de Vinicius possa ter sido ordenada pelo PCC. No início deste ano, o empresário fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público para reduzir sua pena, comprometendo-se a revelar detalhes de esquemas de lavagem de dinheiro e de membros da facção criminosa. Em um dos depoimentos, Vinicius acusou um delegado de exigir dinheiro para não o incriminar no assassinato de Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como "Cara Preta", um dos principais membros do PCC.
O Ministério Público revelou que Vinicius atuava como intermediário no esquema de lavagem de dinheiro do PCC, movimentando milhões em operações imobiliárias e transações de postos de gasolina para a facção. Fontes ligadas à Polícia Federal apontam que ele chegou a lavar cerca de R$ 30 milhões para o grupo criminoso. Ao mesmo tempo, especula-se que o empresário teria uma dívida de aproximadamente US$ 100 milhões com o PCC, o que teria aumentado as motivações para sua eliminação.
3. Investigação sobre uma possível dívida financeira
A terceira hipótese considerada pelas autoridades está relacionada a uma dívida financeira de Vinicius. Pouco antes do crime, ele viajou a Maceió para cobrar uma quantia de um devedor, que entregou joias como garantia de pagamento. Essas joias, avaliadas em mais de R$ 1 milhão, foram encontradas com o empresário no momento do ataque. O homem que entregou as joias também está sendo investigado pela força-tarefa, que busca entender se essa pessoa poderia estar envolvida de alguma forma no atentado.
A busca por respostas
A morte de Vinicius desencadeou uma série de investigações interinstitucionais. A Guarda Civil Municipal (GCM) de Guarulhos apura o motivo de seus agentes não estarem presentes no terminal no momento do crime, e a Polícia Federal conduz uma investigação paralela, devido à jurisdição sobre o aeroporto.
Enquanto as autoridades avançam com as apurações, a morte trágica de Celso Novais, motorista de aplicativo atingido durante o tiroteio, também deixa marcas profundas. Casado e pai de três filhos, Celso foi sepultado no último dia 11 em Guarulhos, sob comoção de familiares e amigos.
A execução de um delator do PCC em plena área de desembarque do maior aeroporto da América Latina trouxe à tona questões sobre segurança pública e as consequências do envolvimento de agentes e civis em esquemas criminosos.
Fonte: Brasil 247
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