sábado, 23 de novembro de 2024

Pode rir: Júlia Zanatta cita Chico Buarque para denunciar perseguição à direita

Júlia Zanatta, com a tiara de flores que remete ao nazismo, em entrevista à Jovem Pan. Foto: reprodução

Em 1970, no auge da Ditadura Militar no Brasil, o cantor Chico Buarque de Holanda lançou a música “Apesar de Você”, um desabafo contra o regime que virou hino da luta pela redemocratização do país. Inicialmente, o regime censurou a canção, que só voltou a tocar nos rádios em 1978.

Em 2024, após a Polícia Federal concluir uma investigação sobre uma nova intentona golpista, amplamente apoiada por militares para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas urnas em 2022, a deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) usou a música de Chico Buarque para insinuar que estaríamos vivendo sob uma ditadura.

No post, a bolsonarista, constantemente acusada de fazer apologia ao nazismo por usar uma coroa de flores na cabeça, cita os primeiros trechos da canção:

Hoje você é quem manda
Falou, ‘tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão

No X, antigo Twitter, o cientista político Caio Barbosa resumiu a incoerência de Zanatta: “A deputada bolsonarista usando música do Chico Buarque contra a ditadura pra ela reclamar da ditadura que não existe, mas que impediu a ditadura que ela queria, que é a ditadura que a música denuncia”.

Desde 2020, quando Bolsonaro era presidente, ele e seus seguidores reclamam de uma suposta ditadura do Supremo Tribunal Federal (STF). O suposto regime é, na teoria maluca, capitaneada pelo ministro Alexandre de Moraes, que sequer preside a Corte.

Tal ódio ao magistrado levou um grupo de militares próximos ao ex-presidente ao tramar pela morte de Moraes em 2022. O plano chegou a sair do papel, mas não pôde ser concluído por uma alteração na agenda do ministro e por uma falta de segurança dos executores.


“Vou cobrar com juros, juro”

Alvo do plano de morte ao lado do presidente Lula (PT) e do vice Geraldo Alckmin (PSB), Moraes é relator do caso no Supremo. Após receber o inquérito da Polícia Federal, ele deve encaminhar o documento para a Procuradoria-Geral da República (PGR) já na próxima segunda-feira (25).

Indiciado no inquérito ao lado de 36 pessoas, das quais 25 têm histórico militar, Bolsonaro deve ser julgado ainda em 2025 por desinformação contra o sistema eleitoral, incitação a militares para aderirem a um golpe e a criação de núcleos operacionais para ações golpistas.

Fonte: DCM

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