General foi questionado sobre o uso do software espião adquirido por intermédio de seu filho e a possível criação de estrutura paralela de inteligência
Carlos Bolsonaro (Foto: Câmara Municipal do Rio de Janeiro)
A Polícia Federal interrogou o general Carlos Alberto Santos Cruz, ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), sobre as ligações entre a família do ex-mandatário e empresários israelenses que forneceram o software espião FirstMile, utilizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente adversários políticos, membros do Judiciário e jornalistas durante o governo Bolsonaro.
De acordo com a Folha de S. Paulo, as perguntas da PF centraram-se na relação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente, com os israelenses. As investigações indicam que Caio Santos Cruz, filho do general e que representava a empresa israelense Cognyte, fornecedora do software, facilitou encontros entre a família Bolsonaro e os israelenses antes da posse de Jair Bolsonaro. O software havia sido adquirido ainda na gestão de Michel Temer (MDB), ao custo de R$ 5,7 milhões.
Ainda conforme a reportagem, o general Santos Cruz foi questionado pela PF se tinha conhecimento do plano de Carlos Bolsonaro para criar uma estrutura de inteligência paralela à Abin oficial. Em depoimento, Caio também foi indagado a respeito de suas próprias ligações com os israelenses. Ambos foram ouvidos no mês passado, em Brasília, mas optaram por não se pronunciar sobre as acusações quando procurados pela reportagem.
A apuração da PF também incluiu um comentário do ex-ministro Gustavo Bebianno, morto em 2020. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Bebianno relatou conversas internas no governo sobre a intenção de Carlos Bolsonaro em montar uma “Abin paralela” com agentes de confiança, alegando falta de credibilidade na Abin oficial. Bebianno declarou, porém, que desconhecia se a proposta foi de fato implementada.
A Operação Última Milha, que investiga a estrutura da chamada “Abin paralela”, teve Carlos Bolsonaro como alvo em janeiro deste ano. Segundo a PF, o vereador fazia parte do núcleo político da suposta rede clandestina e tinha acesso privilegiado a dados sigilosos da agência, sob o comando de Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal. Na quarta fase da operação, deflagrada em julho deste ano, a PF encontrou indícios de que a Abin paralela produziu ataques falsos contra o senador Alessandro Vieira (MDB-RS), crítico de Carlos Bolsonaro na CPI da Covid-19.
A investigação sugere, ainda, que a rede foi usada para proteger os filhos de Bolsonaro, desestabilizar o sistema eleitoral, disseminar desinformação e monitorar ilegalmente autoridades, como ministros do Supremo Tribunal Federal e membros do Senado.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
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