Slogan, amplamente utilizado por Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018, pode ser um indicativo do possível contexto ideológico por trás do ataque
Atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023 (Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF)
Peritos da Polícia Federal (PF) encontraram um boné com os dizeres "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos" no trailer alugado por Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, responsável por detonar duas bombas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na noite da quarta-feira (13), destaca o jornal O Globo. O slogan, amplamente utilizado por Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018, pode ser um indicativo do possível contexto ideológico por trás do ataque.
Ainda segundo a reportagem, a perícia realizada pelos agentes da PF levou também outros objetos pessoais do suspeito, mas não encontrou explosivos no trailer, que foi posteriormente rebocado. A investigação aponta que Francisco Wanderley Luiz detonou uma bomba no porta-malas de seu carro, estacionado próximo ao Anexo 4 da Câmara dos Deputados. O artefato, que tinha acionamento remoto, foi o primeiro passo de uma ação que culminou no ataque na Praça dos Três Poderes.
A investigação revelou que, após lançar explosivos na estátua da Justiça Cega e em direção ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), Francisco foi abordado por um vigilante. Em seguida, ele se deitou e colocou um artefato explosivo em sua cabeça, que explodiu, matando-o instantaneamente. O caso foi registrado como "auto lesão fatal" pela Polícia Civil do Distrito Federal.
A reportagem ressalta, ainda, que comerciantes da região indicaram que Francisco frequentava o local, um ponto de concentração de restaurantes e trailers, há cerca de dois meses, sempre se mantendo discreto e evitando contato com os outros frequentadores. A PF e a Polícia Militar realizaram varreduras em busca de outros possíveis artefatos explosivos nas imediações, incluindo na Esplanada dos Ministérios e no entorno do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.
O episódio foi considerado "grave" pela Polícia Federal, que abriu um inquérito paralelo à investigação da Polícia Civil, devido à natureza do ataque, que envolveu um órgão público federal. Em nota, a PF informou que acionou o Comando de Operações Táticas (COT), além de peritos e agentes do grupo antibombas para garantir a segurança na área.
O sargento Santos, da Polícia Militar do DF, afirmou que a bomba encontrada no veículo de Francisco era "caseira, composta por pólvora e tijolos". Nas redes sociais, o homem deixou diversas postagens que indicavam ameaças a autoridades e, possivelmente, um aviso sobre os ataques. Em uma das publicações, ele alertou a PF dizendo que a corporação teria "72 horas" para "desarmar a bomba", e em outra, mencionou o dia 13 de novembro como "um grande acontecimento". Francisco também postou imagens com mensagens críticas a militares, políticos e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
De acordo com testemunhas e o boletim de ocorrência, Francisco foi visto na Praça dos Três Poderes com uma mochila e comportamento suspeito. Ele teria lançado um extintor - que teria sido modificado para funcionar como uma espécie de lança-chamas - e uma blusa contra a estátua da Justiça Cega, antes de ser abordado pelos seguranças do STF.
Quando tentaram se aproximar, o suspeito advertiu-os, exibindo um dispositivo semelhante a um relógio digital, que inicialmente foi confundido com uma bomba. Após lançar os artefatos e se deitar no chão, Francisco acionou o último explosivo que resultou em sua morte.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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