sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Núcleo de evangélicos do PT do Rio faz culto para celebrar vidas de Lula, Alckmin e Moraes e o fracasso do golpe

Líder dos evangélicos petistas criticou silêncio de parte dos pastores que deram sustentação ao mandato de Bolsonaro. Em sua avaliação, um repúdio deveria ter sido emitido



Exatamente uma semana após o indiciamento de Jair Bolsonaro pela Polícia Federal, o Núcleo de Evangélicas e Evangélicos do PT (NEPT) realizou um culto de Ação de Graças para celebrar o “fracasso do golpe”. A cerimônia, que já estava agendada antes dos recentes desdobramentos da investigação da PF, teve como momento central a celebração das vidas do presidente Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

Conforme o relatório da Polícia Federal, existia um plano para assassinar as três figuras públicas utilizando veneno em uma operação que foi denominada “Punhal Verde e Amarelo”. O culto organizado pelo grupo evangélico petista teve como objetivo principal agradecer o fato de a conspiração não ter se concretizado.

— O ponto alto foi agradecer a Deus pelas vidas de Alexandre de Moraes, Alckmin e Lula. Agradecemos também pelo hacker de Araraquara que permitiu a vaza-jato, trazendo à tona o conluio do juiz que julgava Lula e foi essencial para sua eleição. O segundo livramento foi este: não perdemos a vida de Lula — declarou Oliver Costa Goiano, coordenador nacional do NEPT, em entrevista ao jornal.

O evento refletiu a gratidão do grupo pelo desfecho que evitou tragédias e destacou outros episódios que, na visão dos participantes, foram fundamentais para o cenário político atual.

O líder dos evangélicos petistas ainda criticou o silêncio de parte dos pastores que deram sustentação ao mandato de Bolsonaro. Em sua avaliação, um repúdio deveria ter sido emitido.

— O silêncio é ensurdecedor. Se houvesse golpe, é nítido que parte das igrejas evangélicas aplaudiria.

As celebrações religiosas do NEPT ocorrem com frequência, mas sem uma periodicidade determinada. O culto de ontem contou com a presença de representantes estaduais e da presidente emérita, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), da Assembleia de Deus.

Criado em 2015, o núcleo defende, de forma geral, a despolitização das igrejas e a separação entre estado e religião, além de criticar o uso da fé pela extrema-direita.

O apoio de pastores tidos como progressistas a Lula é um contraponto à dificuldade que o presidente tem tido com o segmento evangélico. Após um primeiro ano do terceiro mandato presidencial marcado por rusgas com os políticos da base protestante, o petista iniciou uma aproximação.

No mês passado, recebeu lideranças ao sancionar a lei que instituiu o Dia Nacional da Música Gospel no país. Atualmente, com aval do governo, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que expande a imunidade tributária das igrejas, de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), tramita na Câmara sob a expectativa de ser aprovada antes do recesso parlamentar.

A desaprovação no setor, contudo, se mantém alta: segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada em julho deste ano, 52% dos evangélicos desaprovam o comando do Palácio do Planalto. Trata-se de um reflexo da aproximação do segmento com Bolsonaro que, ao longo de seu mandato, concedeu benesses.

Sob Bolsonaro, houve perdão de dívidas, flexibilização de prestação de contas para organizações religiosas que arrecadem menos de R$ 4,8 milhões e isenção de ICMS por até 15 anos. Já no governo Lula, no escopo da Reforma Tributária, aprovada pelo Congresso no ano passado, a isenção do pagamento de impostos pelas igrejas foi expandida para as suas associações e entidades filantrópicas.

Fonte: Agenda do Poder com informações de O Globo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário