quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Mauro Cid chega ao STF para depor sobre omissões em delação sobre plano golpista

Interrogatório foi marcado após a PF apontar omissões que podem comprometer o acordo de delação premiada firmado com a corporação em setembro de 2023

Mauro Cid (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), chegou no início da tarde desta quinta-feira (21) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para prestar depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, destaca o jornal O Globo. O interrogatório foi marcado após a Polícia Federal (PF) enviar à Corte um relatório apontando omissões de Cid, que podem comprometer o acordo de delação premiada firmado com a instituição em setembro de 2023.

A audiência ocorre em um momento crítico para o tenente-coronel, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, cujo acordo de colaboração está sob análise. Caso o STF decida pela rescisão, os benefícios concedidos a Cid, como a redução de pena e a possibilidade de responder aos processos fora da prisão, serão anulados. No entanto, as provas já obtidas por meio do acordo continuam válidas, segundo a PF.

No relatório, a PF destaca que Cid descumpriu cláusulas do acordo ao omitir informações cruciais e apagar mensagens e arquivos que poderiam ser relevantes para a investigação. Em depoimento à Polícia Federal na terça-feira (19), Mauro Cid negou envolvimento em um plano golpista que, segundo as investigações, incluía o assassinato de autoridades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Apesar da negativa, a PF apontou que mensagens recuperadas de aparelhos eletrônicos indicam conversas entre Cid e outros suspeitos sobre o monitoramento de Moraes. Em resposta, Cid afirmou não ter consciência de estar cometendo ilegalidades ao apagar as mensagens. Sua defesa reforçou que ele sempre esteve à disposição da Justiça e continuará a esclarecer quaisquer dúvidas levantadas.

A delação premiada de Mauro Cid foi homologada por Moraes e envolve a operação deflagrada nesta semana, que prendeu quatro militares e um policial federal suspeitos de conspirar para um golpe de Estado. A investigação revelou trocas de mensagens sobre preparativos da ação, incluindo o monitoramento de autoridades. O descumprimento das cláusulas do acordo reforça as alegações de que Cid omitiu informações relevantes, colocando em risco sua colaboração.

Cid foi preso pela primeira vez em maio de 2023, acusado de falsificar cartões de vacinação de Bolsonaro, seus parentes e assessores. Em setembro, após quase seis meses preso, firmou o acordo de delação e deixou a prisão. Entretanto, em março de 2024, foi preso novamente após o vazamento de áudios onde fazia ataques ao STF e à PF, violando as condições do acordo.

Atualmente, o militar cumpre uma série de medidas restritivas, como o uso de tornozeleira eletrônica, entrega do passaporte e proibição de contato com outros investigados. Caso o acordo seja rescindido, Mauro Cid pode voltar à prisão e perder os benefícios de sua colaboração. O caso será decidido pelo ministro Alexandre de Moraes após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar seu parecer.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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