A Polícia Federal concluiu que a viagem de Jair Bolsonaro (PL) aos Estados Unidos, em 30 de dezembro de 2022, foi uma estratégia para evitar uma possível prisão e aguardar os desdobramentos da tentativa de golpe de Estado que culminou nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A decisão do ex-presidente foi celebrada por apoiadores como uma “jogada de mestre”, alimentando teorias conspiratórias em grupos bolsonaristas nas redes sociais.
Segundo o relatório da PF, a fuga foi planejada com base em um documento encontrado no computador do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. Elaborado inicialmente em 2021 e resgatado no final de 2022, o plano previa rotas e estratégias para proteger o então líder da extrema-direita caso o apoio das Forças Armadas ao golpe não se concretizasse.
Outro ponto central das investigações foi a descoberta de que o golpe envolvia a criação de um Gabinete Institucional de Gestão de Crise, vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e liderado pelo general Augusto Heleno, com coordenação de Walter Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022. Ambos foram indiciados pelos crimes de tentativa de golpe, abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
O gabinete golpista teria como função orientar Bolsonaro na administração da ruptura institucional. Sua composição seria majoritariamente militar, com a inclusão de poucos civis, como Filipe Martins, então assessor internacional da presidência.
Nos dias finais de 2022, apoiadores de Bolsonaro lotaram grupos de WhatsApp e Telegram com mensagens exaltando a suposta estratégia do ex-presidente.
Teorias de que ele teria passado o poder a Heleno por meio de um decreto inconstitucional chegaram a gerar buscas no Diário Oficial da União. Mensagens destacavam Heleno como “o estrategista que salvaria o Brasil”, enquanto os mais críticos ao golpe eram acusados de desmobilizar a “resistência”.
No entanto, não houve transferência de poder, e coube ao então vice-presidente Hamilton Mourão completar o mandato até a posse de Lula, em 1º de janeiro de 2023.
Entre apoiadores e investigadores, surgiu a tese de que os generais Heleno e Braga Netto poderiam articular um “golpe dentro do golpe”, removendo Bolsonaro e instaurando uma ditadura militar. Embora a hipótese tenha sido negada por Braga Netto, ela ilustra as divisões internas nas alas mais extremistas do bolsonarismo.
Fonte: DCM
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