Arroz e feijão em mercado. Foto: Reprodução
A inflação no Brasil tem impactado de forma mais severa as famílias de baixa renda, principalmente devido à alta nos preços dos alimentos e da energia elétrica.
Dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que, para famílias com renda domiciliar muito baixa (menos de R$ 2.105,99 por mês), a inflação acumulada em 12 meses aumentou de 4,34% em setembro para 4,99% em outubro, a maior taxa registrada para esse grupo desde fevereiro de 2023. Esse aumento reflete os desafios enfrentados pelas camadas mais vulneráveis da população.
Enquanto a inflação das famílias de renda muito baixa acelerou, o cenário foi diferente para os mais ricos.
Para as famílias com renda alta (acima de R$ 21.059,92), a inflação desacelerou de 4,72% para 4,44% no mesmo período, marcando a menor taxa entre os grupos pesquisados. Segundo a pesquisadora Maria Andreia Lameiras, do Ipea, o alívio para os mais ricos foi influenciado pela queda no custo das passagens aéreas, que possuem maior peso no orçamento desse segmento.
O principal fator de pressão para as famílias mais pobres é o aumento no preço dos alimentos, que representa cerca de 25% do orçamento desses grupos.
Problemas climáticos como seca e queimadas em 2024 prejudicaram as safras agrícolas, elevando os custos dos alimentos e da carne. “O pasto queimado obrigou a alimentação do gado com ração, encarecendo ainda mais as carnes”, explica Lameiras. A estiagem também encareceu as tarifas de energia elétrica, outro item essencial para os mais pobres.
Além disso, o dólar elevado tem influenciado negativamente o custo de alimentos importados, enquanto fatores sazonais, como o aumento da demanda no fim do ano, devem manter os preços pressionados até dezembro. “A inflação dos mais pobres é composta basicamente por alimentos, gás de cozinha, energia elétrica e transporte público”, destaca a pesquisadora em entrevista à Folha, reforçando que esses itens são mais vulneráveis a variações econômicas.
Embora a bandeira tarifária da energia elétrica tenha mudado para a cor amarela em novembro, indicando uma redução nas cobranças adicionais nas contas de luz, o impacto no alívio da inflação dos mais pobres será limitado. Por outro lado, a circulação de mais dinheiro na economia, impulsionada pelo pagamento do 13º salário, pode intensificar a demanda por bens e serviços, o que pode pressionar ainda mais os preços de alguns itens.
Contas de luz e preço dos alimentos cresceram, mas salário permanece o mesmo. Foto:Daniel Ferreira/Metrópoles
No entanto, a inflação deve continuar pressionando todas as faixas de renda no final do ano, cada uma afetada por diferentes fatores. Para os mais ricos, os gastos com lazer e passagens aéreas podem subir, enquanto os mais pobres enfrentam dificuldades com itens essenciais. Segundo Lameiras, o cenário evidencia a desigualdade nos impactos econômicos e a necessidade de atenção às políticas de controle inflacionário que beneficiem as camadas mais vulneráveis da população.
Fonte: DCM
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