'Não aceitariam serem presos por Walter Braga Netto ou por ordem de Bolsonaro', disse uma fonte ao comentar sobre os opositores do bolsonarismo
Jair Bolsonaro e militares (Foto: ABr)
Por Denise Assis, 247 - Para os que duvidam da gravidade da tentativa de golpe por que passamos, em 2022, há um fato que nos dá a dimensão do quanto os bolsonaristas estavam dispostos a levar a termo o fim da democracia no país.
Fonte ligada ao meio militar revelou que tanto o general Richard Nunes Luna, quanto o general Novaes, ambos de quatro estrelas, estavam aguardando armados a “visita” dos golpistas para prendê-los, caso o golpe fosse desfechado e vitorioso. Iriam “resistir”, segundo essa mesma fonte. “Haveria embate. Haveria luta. Eles disseram que resistiriam à tentativa de golpe. Não aceitariam, de maneira alguma, serem presos por Walter Braga Netto ou por ordem de Bolsonaro”.
Sobre os comentários com relação ao Alto Comando ter rejeitado o golpe, essa fonte rechaça a ideia. “Isso não foi levado ao Alto Comando. Precisaria estar pautado, virar Ordem do Dia. E o Alto Comando funciona por consenso. Eles não seriam loucos de pautar o Alto Comando. A expressão “o Alto Comando não aceitou”, não é própria”, diz. “Foi discutido, o golpe? Foi, mas entre comandantes, não em reunião do Alto Comando”, arremata.
Esta mesma fonte questiona: “vamos lá. Eles recusaram porque são legalistas ou porque são democráticos? Não. A explicação que me foi dada por eles foi a seguinte: a memória de 1964. Se a memória funciona para uns como estímulo, funciona para outros como punição permanente. A ideia é de que foi o empresariado, e a Igreja Católica que puxou o golpe e que o levou aos quartéis. Depois, quando a coisa começa a degringolar todos abandonam os militares, e passam a ser resistentes de primeira hora. Inclusive a Igreja, a mídia e todos os envolvidos”, comenta a fonte.
“O golpe acaba ficando tachado de ditadura militar. Esse é um ponto. Segundo ponto: eles não concordavam claramente porque havia uma possibilidade muito grande de se formar, sem dúvida nenhuma, essa junta militar composta por Augusto Heleno, Braga Netto e Mario Fernandes, com uma miríade de coronéis e tenentes-coronéis em volta. Eles ou chamariam novas eleições ou, para, com interferência no Supremo Tribunal Eleitoral, declarar a chapa que chegou em segundo lugar - já que a chapa que ganhou estaria afastada ou morta -, como vencedora”.
Na opinião do Alto Comando, essa junta ficaria como uma iminência parda sobre a República. Eles temiam sobre o que aconteceria com os oficiais superiores do Exército, sendo alvo dessa junta. Terceiro ponto. A liderança do Walter Braga Netto. Ninguém do Alto Comando gostava do Braga Netto, que era visto como oportunista, politiqueiro e com grandes ambições. E poderia até mesmo afastar o Bolsonaro e assumir, ele mesmo, uma ditadura direta, pinocheteana, no país. Então, havia uma grande desconfiança dos legalistas contra os seus próprios colegas”, explica a fonte.
A versão é factível, embora pareça um tanto “arrumada” demais. Como se tivesse sido organizada depois dos fatos de hoje virem à tona. Uma coisa, porém, é certa. Houve divisão entre os generais, mas certamente o índice de adesão foi alto, a julgar pelas mais de mil assinaturas na carta do dia 22 de novembro, que cobrava do comandante Marcos Freire Gomes um posicionamento a favor do golpe. Detalhe: ele assinou a nota do dia 11, pela manutenção dos acampamentos, e não reagiu à carta de mais de mil assinaturas conclamando as Forças à adesão. Como diz o velho ditado: quem cala, consente. No mínimo, prevaricou.
Fonte: Brasil 247
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