terça-feira, 26 de novembro de 2024

Havia os dispostos a resistir e os que agora querem ficar bem na fita

'Não aceitariam serem presos por Walter Braga Netto ou por ordem de Bolsonaro', disse uma fonte ao comentar sobre os opositores do bolsonarismo

Jair Bolsonaro e militares (Foto: ABr)

Por Denise Assis, 247 - Para os que duvidam da gravidade da tentativa de golpe por que passamos, em 2022, há um fato que nos dá a dimensão do quanto os bolsonaristas estavam dispostos a levar a termo o fim da democracia no país.

Fonte ligada ao meio militar revelou que tanto o general Richard Nunes Luna, quanto o general Novaes, ambos de quatro estrelas, estavam aguardando armados a “visita” dos golpistas para prendê-los, caso o golpe fosse desfechado e vitorioso. Iriam “resistir”, segundo essa mesma fonte. “Haveria embate. Haveria luta. Eles disseram que resistiriam à tentativa de golpe. Não aceitariam, de maneira alguma, serem presos por Walter Braga Netto ou por ordem de Bolsonaro”.

Sobre os comentários com relação ao Alto Comando ter rejeitado o golpe, essa fonte rechaça a ideia. “Isso não foi levado ao Alto Comando. Precisaria estar pautado, virar Ordem do Dia. E o Alto Comando funciona por consenso. Eles não seriam loucos de pautar o Alto Comando. A expressão “o Alto Comando não aceitou”, não é própria”, diz. “Foi discutido, o golpe? Foi, mas entre comandantes, não em reunião do Alto Comando”, arremata.

Esta mesma fonte questiona: “vamos lá. Eles recusaram porque são legalistas ou porque são democráticos? Não. A explicação que me foi dada por eles foi a seguinte: a memória de 1964. Se a memória funciona para uns como estímulo, funciona para outros como punição permanente. A ideia é de que foi o empresariado, e a Igreja Católica que puxou o golpe e que o levou aos quartéis. Depois, quando a coisa começa a degringolar todos abandonam os militares, e passam a ser resistentes de primeira hora. Inclusive a Igreja, a mídia e todos os envolvidos”, comenta a fonte.

“O golpe acaba ficando tachado de ditadura militar. Esse é um ponto. Segundo ponto: eles não concordavam claramente porque havia uma possibilidade muito grande de se formar, sem dúvida nenhuma, essa junta militar composta por Augusto Heleno, Braga Netto e Mario Fernandes, com uma miríade de coronéis e tenentes-coronéis em volta. Eles ou chamariam novas eleições ou, para, com interferência no Supremo Tribunal Eleitoral, declarar a chapa que chegou em segundo lugar - já que a chapa que ganhou estaria afastada ou morta -, como vencedora”.

Na opinião do Alto Comando, essa junta ficaria como uma iminência parda sobre a República. Eles temiam sobre o que aconteceria com os oficiais superiores do Exército, sendo alvo dessa junta. Terceiro ponto. A liderança do Walter Braga Netto. Ninguém do Alto Comando gostava do Braga Netto, que era visto como oportunista, politiqueiro e com grandes ambições. E poderia até mesmo afastar o Bolsonaro e assumir, ele mesmo, uma ditadura direta, pinocheteana, no país. Então, havia uma grande desconfiança dos legalistas contra os seus próprios colegas”, explica a fonte.

A versão é factível, embora pareça um tanto “arrumada” demais. Como se tivesse sido organizada depois dos fatos de hoje virem à tona. Uma coisa, porém, é certa. Houve divisão entre os generais, mas certamente o índice de adesão foi alto, a julgar pelas mais de mil assinaturas na carta do dia 22 de novembro, que cobrava do comandante Marcos Freire Gomes um posicionamento a favor do golpe. Detalhe: ele assinou a nota do dia 11, pela manutenção dos acampamentos, e não reagiu à carta de mais de mil assinaturas conclamando as Forças à adesão. Como diz o velho ditado: quem cala, consente. No mínimo, prevaricou.

Fonte: Brasil 247

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