Ex-comandante do Exército detalhou plano que previa decretação do Estado de Defesa e criação de Comissão para investigar a legalidade das eleições de 2022
General Marco Antonio Freire Gomes e Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR | Reuters)
Em depoimento à Polícia Federal, o general Marco Antônio Freire Gomes, que comandava o Exército em 2022, confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lhe apresentou uma "minuta do golpe" que detalhava um plano para contestar os resultados das eleições. O conteúdo do documento foi posteriormente encontrado na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, em janeiro de 2023, conforme consta no relatório final do inquérito da PF, que teve seu sigilo retirado nesta terça-feira (26).
Segundo o Metrópoles, Freire Gomes, que foi ouvido como testemunha, relatou que, durante reuniões no Palácio da Alvorada e no Ministério da Defesa, as minutas apresentadas por Bolsonaro tinham um conteúdo idêntico ao do material apreendido em janeiro de 2023 na residência de Torres.
O general detalhou que o documento incluía a proposta de decretação do Estado de Defesa no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a criação de uma Comissão de Regularidade Eleitoral, que visaria apurar a “conformidade e legalidade do processo eleitoral”.
Além do depoimento de Freire Gomes, o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Jr., também confirmou uma reunião convocada por Bolsonaro para discutir o plano. Durante o depoimento, Freire Gomes afirmou que, apesar das pressões de militares e assessores do governo para aderir ao plano, ele se manteve firme em sua posição e relatou o ocorrido à Polícia Federal.
Por sua vez, Anderson Torres negou qualquer envolvimento no plano, alegando não saber quem entregou a minuta em sua residência ou quando o documento foi entregue. Ele também afirmou que nunca havia discutido o conteúdo com Bolsonaro ou com qualquer outra pessoa e que considerava o documento como lixo.
Contudo, os depoimentos dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica contradizem essas alegações, e o relatório da PF sugere que Torres teve um papel importante no núcleo jurídico do planejamento golpista, com participação em algumas reuniões para discutir os aspectos jurídicos das medidas de exceção, como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e o Estado de Defesa.
Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles
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