O estudo oferece um panorama detalhado das condições de vida e das desigualdades enfrentadas por travestis e transexuais negras e negros no país
Por Sara York (247) - O Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (FONATRANS) acaba de apresentar um relatório inovador intitulado “Travestilidades Negras: Movimento Social, Ativismo e Políticas Públicas”. Este estudo é o primeiro no Brasil a reunir dados específicos sobre a população trans negra, oferecendo um panorama detalhado das condições de vida e das desigualdades enfrentadas por travestis e transexuais negras e negros no país.
O relatório aborda aspectos cruciais como renda, escolaridade, acesso à saúde, empregabilidade e inclusão em programas sociais. Com informações inéditas, a pesquisa visa embasar a formulação de políticas públicas mais eficazes e inclusivas, promovendo a igualdade e a justiça social. A iniciativa é um marco no reconhecimento das demandas e realidades dessa população, que historicamente enfrenta discriminação e marginalização.
Jovanna Cardoso da Silva, presidenta do FONATRANS, destaca a importância do relatório: “Este estudo não apenas revela as dificuldades enfrentadas pela população trans negra, mas também oferece dados concretos que podem servir de base para iniciativas inovadoras de promoção de igualdade. Acreditamos que o conhecimento gerado aqui é fundamental para a construção de um Brasil mais inclusivo e acolhedor.”
Para promover a divulgação dos dados e da história da população trans brasileira, Jovanna Cardoso estará em Nova York de 16 a 21 de novembro e, em seguida, viajará para o Togo de 22 a 29 de novembro. Durante essas viagens, ela buscará engajar com autoridades e organizações internacionais, ampliando a visibilidade das questões enfrentadas pela comunidade trans no Brasil e promovendo a troca de experiências e boas práticas.
O FONATRANS convida a sociedade civil e representantes governamentais a se unirem na análise e discussão dos dados apresentados no relatório, com o objetivo de transformar a realidade da população trans negra no Brasil e garantir que seus direitos humanos sejam respeitados e promovidos.
A agenda ocorre justamente na semana que a Alemanha aprova leis pró TRANS. Uma vez que em países onde leis de autoidentificação de gênero estão em vigor, como as que a Alemanha acaba de aprovar, não há evidências de que mulheres e meninas tenham perdido direitos, nem de que houve aumento de abuso ou violência em decorrência dessas leis. A nova legislação na Alemanha representa um avanço significativo para os direitos de pessoas trans maiores de 18 anos, que agora podem retificar nome e gênero de forma autônoma. Além disso, a lei permite que jovens trans a partir dos 14 anos realizem a retificação com a autorização dos pais ou responsáveis.
Entretanto, alguns grupos, alegando defender os direitos de mulheres cisgêneras, têm protestado contra essa legislação, apoiados por financiamentos de extrema direita. Esses grupos promovem uma agenda antitrans e têm organizado manifestações, inclusive em frente a embaixadas alemãs no Brasil. É importante observar que as evidências de países com legislações semelhantes não confirmam os temores levantados por esses grupos. Ao contrário, as políticas de autoidentificação têm reforçado os direitos e a dignidade das pessoas trans, promovendo uma sociedade mais inclusiva e justa.
Fonte: Brasil 247
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