O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante seu mandato. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Na era do jornalismo declaratório, a Folha de S. Paulo abriu espaço para um político que defendeu golpes antes, durante e depois de seu mandato como presidente, publicar um artigo sobre a democracia.
No último domingo (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou o texto intitulado “Aceitem a democracia”, celebrando a vitória da extrema-direita nos Estados Unidos, com a eleição do republicano Donald Trump, que também defendeu, e articulou, um golpe de Estado.
Em resposta, a deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), comparou a publicação a “um assassino defendendo direito à vida”.
No artigo bolsonarista, o defensor da Ditadura Militar e articulador do 8 de janeiro escreveu que “nada consegue conter a onda conservadora”. “A resistência e a resiliência da direita têm uma razão muito simples: nossas bandeiras, mesmo sob ataque do grosso dos veículos de comunicação e de seus jornalistas, expressam os sentimentos e anseios mais profundos da maioria da sociedade”, argumentou no texto que, provavelmente, não foi escrito por ele.
Já a petista, afirmou sobre a Folha que é “repugnante essa tentativa de normalizar um extremista”: “Ele é o chefe de uma extrema direita que prega o ódio e pratica a violência contra qualquer opositor, até mesmo em seu campo”, relembrou.
O Globo também abriu portas para o bolsonarismo
Nesta segunda-feira (11), foi a vez do Globo ceder espaço para alguém da extrema-direita. O advogado de Bolsonaro, Paulo Amador da Cunha Bueno, que representa o ex-presidente nos processos do Supremo Tribunal Federal (STF), publicou um artigo dizendo a principal corte do país é “inconsistente” ao analisar o foro privilegiado, em mais um ataque ao Supremo.
“O que se observa, ao longo dos anos, é um padrão de oscilação na jurisprudência do STF em relação ao “foro privilegiado” que parece atender pouco a um compromisso firme com a reclamada “segurança jurídica”, mas responder muito a variáveis não muito claras”, analisou o jurista bolsoanrista.
“Ao abraçar essa inconstância, a Corte acaba por automutilar a confiança em suas razões de decidir, deixando em si mesma cicatrizes cada vez mais visíveis”, concluiu.
Fonte: DCM
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