O ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por suposta participação em trama golpista para impedir a posse de Lula em 2023 – Foto: Reprodução
Movimentos da extrema direita no Brasil e no exterior levantam preocupações sobre uma possível tentativa do ex-presidente Jair Bolsonaro de buscar refúgio em embaixadas estrangeiras. A articulação, reforçada por declarações de aliados como Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, tenta criar uma narrativa de perseguição política e associar o Brasil a uma “ditadura de esquerda”. Esses discursos têm repercutido em redes sociais e no cenário internacional. As informações são do colunista Jamil Chade, do Uol.
Paulo Figueiredo, neto do ex-ditador João Figueiredo, declarou em inglês que se sente “honrado” por ter sido indiciado pela Polícia Federal, classificando as acusações como intimidações. Ele sugere que os Estados Unidos, sob uma eventual nova administração conservadora, poderiam reavaliar a situação no Brasil. A menção a governos ultraconservadores, como o de Donald Trump, reforça a expectativa de apoio internacional à extrema direita brasileira.
Interlocutores da Justiça e da diplomacia brasileira não descartam a hipótese de Bolsonaro buscar refúgio, como ocorreu durante sua estadia inexplicada na embaixada da Hungria. A possibilidade de um asilo diplomático, no entanto, traria sérias repercussões políticas e diplomáticas. Embaixadores avaliam que países que concederem asilo enfrentariam altos custos políticos e poderiam prejudicar relações bilaterais com o Brasil.
O governo húngaro, liderado por Viktor Orban, já demonstrou disposição em apoiar aliados conservadores. Recentemente, Orban convidou Benjamin Netanyahu, desafiando um mandado de prisão internacional. Esses movimentos são vistos como precedentes que podem encorajar outras ações ultraconservadoras. No entanto, qualquer tentativa de fuga de Bolsonaro envolveria complexos cálculos logísticos e políticos.
Durante a pandemia, Bolsonaro e Netanyahu mantiveram contatos para se preparar contra possíveis denúncias no Tribunal Penal Internacional. Agora, interlocutores observam se a embaixada de Israel também poderia ser cogitada como uma opção para Bolsonaro. Paralelamente, parlamentares bolsonaristas têm buscado apoio nos Estados Unidos, utilizando recursos públicos para viagens e articulações com entidades ultraconservadoras.
A narrativa de “ditadura de esquerda” no Brasil tem sido amplificada por cartas de congressistas americanos alinhados a Trump. Essas cartas ameaçam a Comissão Interamericana de Direitos Humanos com corte de recursos caso não tomem medidas contra o governo brasileiro. A estratégia conta com o apoio de entidades ultraconservadoras, como a ADF, que é considerada radical nos Estados Unidos.
Documentos da Polícia Federal indicam que membros da extrema direita consideram que Bolsonaro não foi suficientemente ousado em sua abordagem. Em registros, um militar preso nesta semana sugere que decisões estratégicas deveriam ter sido tomadas em reuniões restritas, sem a presença de ministros ou órgãos de controle.
Fonte: DCM com informações do UOL
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