A esteticista gaúcha Giselda Topper, de 69 anos, e Leonel Brizola, ex-governador do RJ e RS. Foto: reprodução
A esteticista gaúcha Giselda Topper, de 69 anos, revelou o desfecho de um longa e controversa batalha judicial para ser reconhecida como filha do ex-governador Leonel Brizola, morto há 20 anos. Um teste de DNA, realizado em 2008, apontou 99,99% de certeza do parentesco, mas a Justiça negou a paternidade, e a ação foi arquivada em 2013.
“Eu não queria o patrimônio deles, somente o nome do meu pai, por direito, para deixar para meu neto”, declarou Giselda.
A ação foi iniciada em 2005, quando a gaúcha apresentou o exame de DNA, feito na clínica Genealógica, Diagnósticos Moleculares, no Rio de Janeiro. A amostra contou com o material genético dela e de sua mãe, além de dois dos filhos de Brizola, João e Neusa.
Segundo o biólogo Rodrigo Soares de Moura Neto, responsável pelo laudo, o resultado confirma a paternidade: “Probabilidade de 99,99% de certeza em favor do vínculo proposto”.
Apesar do resultado, dois peritos declararam na época que os resultados eram inconclusivos, levando a Justiça a negar o reconhecimento da paternidade. Em 2008, a juíza Mônica Poppe Fabiao argumentou que, com o exame já realizado, “não há interesse processual que ampare a pretensão da requerente”.
A esteticista recorreu, pedindo a exumação dos restos mortais de Brizola para um novo teste, mas a medida foi negada, e o processo arquivado cinco anos depois.
Giselda questiona os resultados inconclusivos e o processo em segredo de Justiça. “Gostaria de ver os supostos exames que deram o vínculo inconclusivo, mas não tenho condições de viajar ao Rio nem pagar advogado”, lamenta. Desde então, seus recursos foram limitados, e a advogada que a auxiliou no caso, Vanessa Wolf Della Justina, hoje atua na Justiça, o que a impede de advogar.
A advogada Tatiane Mandião, especialista em direito de família e sucessões, explica que uma ação rescisória poderia reabrir o caso, mas somente com uma nova prova determinante: “Uma instância superior só analisará o caso se houver uma prova inédita e capaz de assegurar um pronunciamento favorável”.
A relação de Giselda com Brizola teria começado por meio de sua mãe, Alma Topper, então jovem de 21 anos que trabalhava para a família do político. Em 1954, Alma teve a filha Giselda na Santa Casa de Porto Alegre, enquanto Brizola atuava como secretário de Obras Públicas no governo do Rio Grande do Sul. Alma, que já faleceu, confidenciou a história ao irmão, tio de Giselda, que anos mais tarde revelou o segredo de sua origem.
“Minha mãe nunca me contou diretamente, mas meu tio acabou revelando. Mais tarde, ela disse que Brizola me segurou no colo e me deu um relógio de presente de aniversário”, lembra. Giselda conta que sua infância foi marcada pela distância, vivendo com parentes e passando períodos em internatos sem o convívio da mãe, que foi para o Rio de Janeiro com a eleição de Brizola como deputado federal.
Os três filhos reconhecidos de Brizola com Neusa Goulart já faleceram, e os netos, que seguiram a carreira política — Juliana, Leonel e Brizola Neto, filhos de José Vicente —, não responderam ao contato para comentar o caso. Marília Guilhermina Martins Pinheiro, ex-companheira de Brizola, afirma que o político nunca mencionou Giselda.
No entanto, o filho de Brizola, João Otávio, já falecido, mencionou em seu livro “Minha Vida com Meu Pai, Leonel Brizola” os episódios de infidelidade que perturbavam sua mãe, Neusa. “Sempre soubemos que meu pai teve aventuras com outras mulheres”, escreveu João, que relatou os conflitos no casamento de seus pais devido aos casos extraconjugais do pai.
Giselda guarda o resultado do teste de DNA como a maior prova de sua origem e do vínculo que busca ser oficialmente reconhecido. “Neste momento em que todos os envolvidos já se foram, só fiquei eu e a consequência. E o meu teste de DNA”, diz, lembrando de um momento marcante em que Neusinha Brizola, filha de Leonel, teria lhe dito: “Você é idêntica ao meu pai”.
Fonte: DCM
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