Presidente brasileiro busca evitar constrangimentos diplomáticos e tradição dos EUA reforça decisão
Lula e Donald Trump (Foto: Ricardo Stuckert/PR | REUTERS/Brendan McDermid)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deverá comparecer à posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para 20 de janeiro em Washington, D.C. De acordo com informações da jornalista Malu Gaspar, do Globo, embora o petista tenha expressado apoio à democrata Kamala Harris na disputa eleitoral contra Trump, uma tradição diplomática dos Estados Unidos serve como justificativa para evitar possíveis desconfortos na eventual ida de Lula ao evento.
“Os EUA não recebem enviados estrangeiros, nem chefes de Estado, nem de governo, nem ministros, nem enviados especiais. Os representantes na posse são os embaixadores locais. Nenhum chefe de Estado vai”, explicou um membro do alto escalão do governo ao blog da jornalista. Fontes americanas também confirmaram que esta é uma prática consolidada e que os convidados para a cerimônia de posse ainda serão definidos pela equipe de transição de Trump.
● Bolsonaro e a posse de Trump
Em entrevista ao Globo, o ex-presidente Jair Bolsonaro revelou que há a possibilidade de ser convidado pela nova administração americana para participar da solenidade no Capitólio. No entanto, sua presença dependerá de uma decisão favorável do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), já que Bolsonaro teve seu passaporte apreendido em fevereiro deste ano em meio a investigações sobre uma trama golpista que visava impedir a posse de Lula.
Bolsonaro aproveitou a oportunidade para alfinetar Lula, afirmando: “A informação que tenho é que vou ser convidado. Vou fazer uma petição para o Alexandre [de Moraes]. Ele decidirá. Se indeferir, tem alguma alternativa? Eu fico no Brasil e assisto pela TV. Você acha que Trump vai convidar Lula para a posse? A não ser protocolarmente”.
● Mobilização bolsonarista
Apoiadores de Bolsonaro no Congresso, tanto na Câmara quanto no Senado, já começaram a se organizar para viajar a Washington e prestigiar a posse de Trump, em um movimento similar à caravana que esteve presente na posse do presidente argentino Javier Milei em dezembro de 2023.
Um dia após o resultado eleitoral nos Estados Unidos, Lula adotou uma postura protocolar e foi às redes sociais para parabenizar Donald Trump pela vitória, desejando-lhe sucesso no novo mandato. “Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo”, escreveu Lula.
Essa mensagem, contudo, contrastou com o tom crítico que Lula utilizou em uma entrevista ao canal francês TF1, antes do desfecho das eleições. Na ocasião, o presidente brasileiro expressou preocupação com o retorno de figuras como Trump ao poder, mencionando o ataque ao Capitólio em 2021 como um sinal alarmante. “Com Kamala Harris é muito mais seguro para a gente fortalecer a democracia. Nós vimos o que foi o presidente Trump (...), aquele ataque ao Capitólio. Uma coisa que era impensável acontecer nos EUA, porque se apresentavam ao mundo como modelo de democracia. E esse modelo ruiu”, disse Lula.
● Pragmatismo nas relações futuras
Após a vitória expressiva de Trump, que garantiu todos os sete Estados-pêndulo decisivos, a expectativa no Palácio do Planalto é que as relações com a Casa Branca se baseiem em pragmatismo e interesses mútuos, em vez de alinhamentos ideológicos. Essa abordagem visa manter um diálogo aberto e produtivo entre as duas potências, mesmo diante de divergências políticas e de visão.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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