O ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado pela trama golpista. Foto: Andressa Anholete/Getty Images
Depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas apontam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) buscou apoio militar para implementar um golpe de Estado e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme aponta o inquérito da Polícia Federal, tirado do sigilo na última terça-feira (26). Essas declarações, segundo aliados, preocupam o ex-mandatário, que teme abalos na relação com parte do eleitorado militar.
Segundo o jornal O Globo, Bolsonaro teria se queixado a pessoas próximas sobre o tom dos militares que agravam sua situação diante das investigações. Aos aliados, o ex-presidente tem dito que nunca participou de golpes e que o discurso de “perseguição política” contra ele, que poderia o ajudar, estaria se diluindo.
Entre os depoimentos que sustentam a investigação está o do ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes. Ele relatou ter participado de reuniões no Palácio da Alvorada, onde Bolsonaro e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, apresentaram minutas golpistas. Os documentos previam a decretação de estado de defesa ou de sítio e o uso de operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para justificar a intervenção.
O general Freire Gomes afirmou que rejeitou os planos e teria alertado que qualquer tentativa de golpe exigiria a prisão de Bolsonaro. “Caso tentasse tal ato, teria que prender o presidente da República”, disse em depoimento.
O ex-comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Baptista Júnior, corroborou as informações e destacou que a resistência do Exército foi determinante para evitar que o golpe avançasse.
O ex-presidente Jair Bolsonaro ao lado de militares em evento do Exército. Foto: Fernando Souza/AFP
Apesar das evidências, Bolsonaro nega ter discutido a ruptura democrática. Em entrevista recente, ele declarou que “jamais faria algo fora das quatro linhas da Constituição” e levantou suspeitas de perseguição política. “Golpe nunca esteve no meu dicionário. Se alguém viesse falar disso comigo, eu perguntaria: ‘E o day after? Como a gente fica perante o mundo?’”, afirmou.
Ainda assim, Bolsonaro reconheceu a possibilidade de ser preso em decorrência das investigações. “Eu posso ser preso agora, ao sair daqui [do aeroporto]”, declarou, após retornar de viagem a Alagoas.
O impacto das denúncias atinge diretamente a relação do ex-presidente com as Forças Armadas, tradicionalmente um de seus pilares de apoio. Segundo interlocutores, os depoimentos sugerem um distanciamento de membros da alta cúpula militar, enfraquecendo o discurso de Bolsonaro sobre suposta perseguição política e fortalecendo as acusações de tentativa de golpe.
A investigação, conduzida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), inclui ainda a prisão de quatro generais e um agente da Polícia Federal, suspeitos de envolvimento nas articulações golpistas.
Fonte: DCM com informações do jornal O Globo
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