segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Bolsonaro aceitou “assessoramento” em golpe, diz general preso pela PF


O ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Mário Fernandes, preso por planejar assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes. Foto: Reprodução

O general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, teve áudios interceptados pela Polícia Federal que comprometem o ex-presidente Jair Bolsonaro. As gravações revelam a atuação deles em um plano para desestabilizar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), logo após a vitória eleitoral em 2022.

“Muito bacana o presidente ter ido lá à frente do Alvorada e ter se pronunciado. Que bacana que ele aceitou o nosso assessoramento. Todo mundo vibrando. Transmite isso pra ele”, diz o general em tom de agradecimento ao tentente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens da presidência e destinatário do áudio.

Segundo a PF, Fernandes era o “ponto focal” entre o Palácio do Planalto e manifestantes que permaneceram acampados em frente ao Quartel General do Exército após a eleição presidencial de 2022. A polícia investiga o general por envolvimento na elaboração de um plano que visava atentar contra Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Nas gravações, Fernandes insiste na narrativa de fraude eleitoral, desmentida por órgãos oficiais, e cobra ações do Alto Comando do Exército: “O senhor tem que dar uma forçada de barra com o Alto Comando”, disse ele.

Além das articulações golpistas, Fernandes tentou questionar a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro. A PF aponta que ele buscou criar uma simulação fraudulenta de falhas no código-fonte das urnas eletrônicas, já declaradas seguras pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Nós pedimos pro garoto, e ele prometeu fazer até o final dessa semana um protótipo do código que ele teria feito lá atrás”, revelou o bolsonarista.

As respostas de Cid também foram interceptadas pela investigação. Em outro arquivo de áudio, o tenente-coronel estipulou o dia 12 de dezembro como limite para a execução da trama golpista.

“Dia 12 seria… Teria que ser antes do dia 12, né? Mas com certeza não vai acontecer nada. E sobre os caminhões, pode deixar que eu vou comentar com ele, porque o Exército não pode ‘papar mosca’ de novo, né? É área militar, ninguém vai se meter”, disse Cid, mencionando os acampamentos golpistas em Brasília.

Outro militar envolvido na trama, cuja identidade não foi divulgada, relatou dificuldades em obter apoio unânime dentro das Forças Armadas: “Cinco não querem, três querem muito e os outros zona de conforto. Infelizmente. A lição que a gente deu para a esquerda é que o Alto Comando tem que acabar”.

Fonte: DCM

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