sábado, 23 de novembro de 2024

Após PF concluir inquérito do golpe, coronel da Escola Superior de Guerra diz que eleições de 2022 "foram roubadas"

Declaração foi feita em grupo de WhatsApp após a PF indiciar 37 pessoas, incluindo militares de alta patente, por planejarem um golpe de Estado

(Foto: Ricardo Moraes/Reuters)

 O coronel da reserva Anderson Freire Barboza, diretor do Curso de Gestão de Recursos de Defesa (CGERD) da Escola Superior de Guerra (ESG), afirmou em um grupo de WhatsApp que as eleições presidenciais de 2022 "foram roubadas". Ele também chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)de "ladrão" e contestou a investigação da Polícia Federal sobre a suposta trama golpista envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, a declaração foi feita na noite de quinta-feira (21) em um grupo que reúne cerca de 100 membros, entre professores e ex-alunos da ESG, uma instituição vinculada ao Ministério da Defesa, comandado pelo ministro José Múcio Monteiro.

Os comentários do coronel vieram horas após a PF indiciar 37 pessoas, incluindo Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Braga Netto e o ex-ministro Augusto Heleno, no inquérito que investiga a elaboração de um plano golpista para reverter o resultado das eleições.

Na mensagem, Barboza afirmou que "as eleições foram roubadas sob a liderança de Alexandre de Moraes", presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022. Ele associou a vitória de Lula à "soltura do ladrão" e a supostos "atos perpetrados em favor de Lula na corrida eleitoral". Além disso, disse que "grande parte da população não aceitava o resultado" e questionou a "veracidade da apuração de fatos" da Polícia Federal.

Procurado pela imprensa, Barboza confirmou a autoria da publicação, justificando que se tratava de um "desabafo". Ele alegou que conhece alguns dos militares indiciados pela PF e que eles são "profissionais extremamente competentes". Segundo ele, a mensagem foi uma reação ao que chamou de "ilações" feitas por outros participantes do grupo, majoritariamente civis.

"Assim, o desabafo foi simplesmente de um cidadão indignado com a forma como algumas pessoas julgam sem conhecer todos os fatos", afirmou. Ele também classificou os julgamentos como "claramente pouco éticos" e justificou ter respondido "na mesma moeda".

Barboza é contratado como PTTC (Prestador de Tarefa por Tempo Certo) pelo Ministério da Defesa, modalidade que permite que militares da reserva retornem ao serviço ativo, acumulando os vencimentos com um adicional de 30%. As Forças Armadas possuem cerca de 12 mil militares aposentados contratados sob esse regime, que apresenta falhas na transparência sobre suas funções e salários.

A Escola Superior de Guerra, responsável pela formação de quadros civis e militares, não se manifestou sobre o caso. O Ministério da Defesa também não emitiu declarações públicas a respeito dos comentários do coronel.

Fonte: Brasil 247 com informações da coluna Painel da Folha de S. Paulo

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