Leprevost disse que a aliança "não deu liga" e contribuiu para o resultado negativo nas urnas
Derrotado no primeiro turno da eleição para a Prefeitura de Curitiba, o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil) afirmou que a presença de Sergio Moro e da deputada federal Rosângela Moro na sua chapa prejudicou a campanha. Em entrevista à Folha, Leprevost disse que a aliança "não deu liga" e contribuiu para o resultado negativo nas urnas. "Moro atrapalhou bastante. Não que seja culpa dele o fato de eu não ter vencido, mas ele atrapalhou bastante. E ele é ruim de lidar, de difícil trato, vaidoso", declarou.
Leprevost aceitou a indicação de Rosângela Moro como sua vice após articulação de Antonio Rueda, presidente nacional do União Brasil. A chapa, no entanto, terminou a disputa em quarto lugar, com apenas 6,5% dos votos válidos. Para o deputado, a decisão de integrar Rosângela na chapa foi um erro estratégico que marcou o início da queda de sua campanha. "Acho que eu comecei a perder a campanha quando cometi o erro de aceitar o pedido do União Brasil nacional de colocar a mulher do Moro de minha vice. Eu gosto da Rosângela, ela é boa gente, uma querida. Mas o Moro atrapalhou. Ele começou a achar que o candidato era ele. E ele agregou muita rejeição à campanha. Porque ele é visto em Curitiba como o carrasco do Lula e o traidor do Bolsonaro", afirmou.
A rejeição a Moro, segundo Leprevost, também se refletiu na dificuldade de atrair votos do eleitorado que simpatiza com a Operação Lava Jato. A disputa pela preferência desse grupo foi acirrada, especialmente porque o ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo), figura-chave na Lava Jato, estava apoiando Eduardo Pimentel (PSD), que agora disputa o segundo turno com Cristina Graeml (PMB).
O União Brasil em Curitiba, presidido por Leprevost, adotou uma postura de neutralidade para o segundo turno, liberando os filiados para apoiarem quem desejarem. Durante a reta final da campanha, o distanciamento entre Leprevost e Moro ficou evidente, a ponto de os dois não estarem mais se falando. Segundo Leprevost, o rompimento começou cerca de dez dias antes do primeiro turno. "Ele queria ficar saindo na propaganda de televisão. Mas eu só tinha 1 minuto e 12 segundos de televisão. Não podia ficar colocando ele o tempo todo. E ele ficou bravo e largou a campanha no final", contou.
Para Leprevost, a entrada de Rosângela na chapa fez com que Moro agisse como se estivesse comandando a candidatura. "A partir do momento que ela virou minha vice, o Moro passou a achar que eu era um fantoche dele, para ficar fazendo a pré-campanha dele de governador. E eu era um candidato para competir de verdade. Aí começou a ter um estresse. Ele começou a plantar por aí que ele estava sendo boicotado na campanha", revelou o deputado.
A perspectiva de Sergio Moro para as próximas eleições inclui uma possível candidatura ao governo do Paraná em 2026. De acordo com Leprevost, uma vitória em Curitiba seria essencial para fortalecer esses planos, mas o resultado foi aquém do esperado. "Eu não quero caminhar politicamente com Moro. E acho que ele também não quer caminhar comigo. Eu não estarei com ele para o governo em 2026. Se ele for o candidato do União Brasil, eu terei que sair do partido", declarou. E ainda reforçou: "Não sou inimigo do Moro, não quero mal dele, mas também não quero papo com ele."
O casal Moro ainda não se manifestou publicamente sobre quem apoiará no segundo turno da eleição municipal de Curitiba. Desde que deixou a magistratura em 2018 para assumir o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro, a trajetória política de Sergio Moro tem sido marcada por altos e baixos. Após sair do governo em 2020, devido a conflitos internos, ele tentou se lançar à Presidência em 2022 pelo Podemos, mas acabou migrando para o União Brasil e disputando o Senado, cargo que conquistou pelo Paraná.
Além de Curitiba, Sergio Moro participou de outras campanhas no Paraná neste ano, mas os resultados foram decepcionantes, incluindo derrotas em cidades como São José dos Pinhais, Guarapuava e Cascavel.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
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