Prefeito de São Paulo avalia ação judicial após Pablo Marçal divulgar documento falso sobre uso de drogas por Guilherme Boulos
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, está considerando tomar medidas judiciais contra Pablo Marçal (PRTB) após o ex-coach divulgar um laudo médico falso, alegando que Guilherme Boulos (PSOL), candidato ao governo estadual, teria sido internado em uma emergência psiquiátrica e testado positivo para cocaína. Em entrevista ao O Globo, Nunes confirmou que sua equipe jurídica está analisando a situação: “O jurídico está analisando”, disse o prefeito, quando questionado sobre uma possível resposta legal.
Além de Nunes, o coronel Mello Araújo, seu vice na chapa, também condenou a atitude de Marçal, chamando-a de "criminosa". “Não me surpreendeu, pois quem já foi do sistema prisional utiliza dessas artimanhas criminosas para se beneficiar. Espero que a justiça seja feita e que o povo da cidade de São Paulo leve isso em consideração na hora de votar. São Paulo não merece isso, nem o país", afirmou Araújo.
O caso envolvendo o laudo falso
Na última sexta-feira, Pablo Marçal postou em suas redes sociais um documento que alegava ser um laudo médico de Guilherme Boulos, datado de 2021, indicando que o candidato teria passado por um surto psicótico e testado positivo para cocaína. Logo após a postagem, o Instagram removeu o conteúdo, e Boulos reagiu rapidamente, desmentindo a acusação em uma live. O candidato do PSOL afirmou que o documento era falso, destacando inconsistências como o número incorreto de seu registro e o fato de que o médico responsável pelo laudo, José Roberto de Souza, já havia falecido.
Boulos também expôs que, na data mencionada no documento, estava participando de uma ação social em uma comunidade de São Paulo, distribuindo cestas básicas. Ele apresentou imagens da atividade, com a data correspondente ao suposto laudo, para comprovar seu álibi. Além disso, Boulos afirmou que o dono da clínica responsável pelo documento seria um apoiador de Pablo Marçal, insinuando que a falsificação foi planejada.
“O dono da clínica do documento que ele publica tem vídeo com Pablo Marçal, é apoiador dele. Ele falsificou um documento com um CRM de um médico que faleceu há dois anos para que ninguém fosse responsabilizado”, acusou Boulos em sua transmissão ao vivo.
Especialistas apontam erros no laudo
Consultado pelo O Globo, o neurologista Raphael Ribeiro Spera, do Hospital das Clínicas da USP, analisou o documento e destacou diversas falhas que comprometem sua autenticidade. “Primeiro, não há o carimbo do médico. Se é um documento assinado digitalmente, não tem a assinatura digital nem o QR code, o que torna bastante implausível que esse documento seja verdadeiro”, afirmou o especialista.
Ele também apontou que a linguagem e a estrutura do laudo não são adequadas para um relatório médico padrão, a menos que fosse um documento para transferência hospitalar, o que não seria o caso.
Ação judicial e o impacto na campanha
A campanha de Guilherme Boulos emitiu uma nota oficial, classificada por muitos como dura, em que afirmou que Marçal deverá enfrentar as consequências de suas ações nas esferas eleitoral, cível e criminal. “O documento publicado por Pablo Marçal é falso e criminoso, e ele responderá por isso em todas as instâncias da Justiça. Marçal mostra mais uma vez ser um criminoso recorrente, que usa de mentiras absurdas para atacar a honra e a reputação de seus adversários”, diz o comunicado.
A equipe de Ricardo Nunes, assim como a de Boulos, acredita que a atitude de Marçal ultrapassou todos os limites do aceitável em uma campanha eleitoral. Caso a ação judicial seja confirmada, Marçal poderá enfrentar um processo por disseminação de fake news e calúnia.
Fonte: Brasil 247
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