domingo, 13 de outubro de 2024

Apagão em SP passa de 48 horas e acirra briga eleitoral entre Boulos e Ricardo Nunes

Na região de Pinheiros, farmácia ficou sem energia pelo segundo dia. Foto: Rodrigo Rodrigues/G1

Mais de 48 horas se passaram desde que o forte temporal deixou milhares de moradores de São Paulo sem energia elétrica. Mesmo tanto tempo depois, a Enel ainda trabalha para restabelecer a energia elétrica para aproximadamente 760 mil clientes na região metropolitana. A prefeitura, igualmente inoperante, não move um dedo para aliviar o desconforto da população.

A empresa informou na tarde deste domingo (13) que o temporal afetou inicialmente 2,1 milhões de consumidores, dos quais 1,3 milhão já tiveram o serviço normalizado, e responde a diferentes clientes que a normalização pode acontecer entre segunda-feira (14) e quarta-feira (16), dependendo da localização na região metropolitana.

Na capital, cerca de 496 mil residências permanecem sem energia, com os bairros mais impactados sendo Jabaquara, Campo Limpo, Pedreira e Jardim São Luís. Entre os municípios mais atingidos, Cotia, São Bernardo do Campo e Taboão da Serra também somam milhares de clientes sem luz.

Com as consequências do apagão, a disputa política em torno do evento ganhou destaque.

Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), que disputam o segundo turno no dia 27 deste mês, travam uma verdadeira batalha de versões sobre a responsabilidade e os efeitos da crise.

As equipes de ambos os candidatos avaliam que o apagão e a falta de luz e água, além dos transtornos, vão influenciar o resultado da eleição.

A campanha de Boulos tem utilizado as redes sociais para criticar duramente a gestão de Nunes, afirmando que o prefeito “gastou dinheiro em obras cosméticas e eleitoreiras”. Neste domingo, o deputado federal questionou: “Cadê o prefeito?” e comparou os danos em São Paulo aos causados pelo furacão Milton na Flórida. Até a noite de sábado, o número de residências sem o fornecimento de eletricidade no estado era maior do que nos Estados Unidos.

Além das críticas à Prefeitura, Boulos aproveitou para relacionar o apagão à privatização do setor de energia, defendida por governadores anteriores e que, segundo ele, teria contribuído para o caos atual. Ele também destacou que a fiscalização da Enel cabe à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cujos diretores foram nomeados durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um aliado de Nunes.

A campanha de Boulos pretende usar essa conexão para criticar o apoio de Nunes a Bolsonaro e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que defende as privatizações.

Por outro lado, o prefeito insiste que a responsabilidade pela falta de energia é da Enel, e não da Prefeitura. Ele afirmou que tem cobrado providências da Aneel e do Ministério de Minas e Energia para resolver o problema.

Em suas redes sociais, Nunes compartilhou uma reportagem que classifica a Enel como “inimiga de São Paulo” e criticou as acusações de Boulos como “oportunistas e eleitoreiras”. O prefeito disse que, se necessário, não hesitará em entrar em confronto com o governo federal para defender os interesses da cidade.

A crise também atraiu a atenção de outras autoridades. A Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) está acompanhando as operações da Enel e já notificou o Ministério de Minas e Energia e a Aneel para que apresentem as ações que estão sendo adotadas. O governo do estado afirmou que as causas do apagão serão investigadas pela Arsesp, que tomará as devidas providências junto à Enel.

O Procon-SP também decidiu agir, notificando a Enel para explicar a demora na restauração da energia em diversos bairros da capital e da região metropolitana. Já o Ministério Público de São Paulo (MPSP) anunciou que incluirá o apagão no inquérito que já investiga possíveis irregularidades no serviço prestado pela concessionária.

A Enel, por sua vez, informou que deslocou técnicos de outros estados, como Rio de Janeiro e Ceará, para auxiliar nas operações de restabelecimento do serviço em São Paulo.

Fonte: DCM

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