Aliados do prefeito evidenciam racha com Bolsonaro na campanha. Avaliação é de que o ex-mandatário pode até atrapalhar a reeleição de Ricardo Nunes
Jair Bolsonaro e Ricardo Nunes (Foto: REUTERS/Adriano Machado | Isadora de Leão Moreira/Governo de São Paulo)
No segundo turno da disputa em São Paulo, a equipe do prefeito Ricardo Nunes (MDB) opta por distanciar-se de Jair Bolsonaro (PL), cuja presença é vista, inclusive, como um possível obstáculo. A informação foi divulgada por fontes ligadas à campanha de Nunes e trazida a público por Malu Gaspar, do jornal O Globo. Postura de Bolsonaro de apoiar formalmente Nunes no primeiro turno enquanto acenava para a candidatura de Pablo Marçal (PRTB) desagradou o prefeito e seus aliados.
Segundo os estrategistas da campanha de Nunes, a prioridade agora é conquistar o voto do eleitor de centro, que pode se afastar caso Bolsonaro se envolva. “O que pode atrapalhar o Nunes é o Bolsonaro querer fazer campanha agora. Se Bolsonaro entrar agora na campanha do Nunes, só vai atrapalhar. Quando a gente precisou dele, ele não foi. Agora não precisamos mais. Bolsonaro agora quer vir na janelinha? Janelinha não", declarou Paulinho da Força (Solidariedade-SP).
A rejeição a Bolsonaro se dá, em parte, pela percepção de que o eleitorado de direita e centro-direita já está inclinado a apoiar Nunes contra o adversário Guilherme Boulos (Psol), como apontam pesquisas e declarações de lideranças políticas que apoiaram Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno. Um levantamento da Quaest, realizado antes do primeiro turno, mostrou que 67% dos eleitores de Marçal estariam dispostos a votar em Nunes em um eventual segundo turno contra Boulos.
Enquanto isso, outras figuras da política nacional já manifestaram apoio ao prefeito paulistano. Nikolas Ferreira (PL-MG), que no primeiro turno chegou a comparar Nunes a um “copo de veneno”, agora declarou seu apoio à reeleição. No entanto, aliados como o pastor Silas Malafaia criticam Bolsonaro publicamente. Malafaia chegou a chamar o ex-presidente de “covarde” e “omisso” por não ter se engajado na campanha de Nunes no primeiro turno, apontando que, para ele, o medo do apoio massivo a Marçal nas redes sociais influenciou a postura de Bolsonaro.
O diálogo entre a campanha de Nunes e Bolsonaro, segundo os aliados, tem se restringido a auxiliares e estrategistas, sem envolvimento direto do prefeito. Um estrategista da campanha ressaltou que, neste momento, o foco é a comparação entre os históricos dos candidatos, destacando a experiência de Boulos como coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), associando-o à “baderna” e à desordem urbana, temas que geram grande rejeição entre o eleitorado de centro-direita.
Dessa forma, a campanha de Nunes está reformulando sua abordagem para o segundo turno, abrindo mão de pautas mais alinhadas à extrema direita, como anistia aos presos do 8 de janeiro e debates sobre “ideologia de gênero”, para se concentrar na administração urbana e na experiência de gestão. A presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao lado de Nunes, segundo os estrategistas, foi crucial para que o prefeito alcançasse o segundo turno, e será um dos principais trunfos para a nova etapa da campanha.
“Se estiver faltando dois dias para a eleição e Nunes com 15 pontos a mais do que Boulos, aí o Bolsonaro aparece. Se não, ele não vai aparecer. E aí já não vamos mais precisar dele”, diz um membro da cúpula da campanha do emedebista. Até lá, a palavra de ordem entre os aliados é distanciamento estratégico, focando na imagem de um gestor eficiente e que busca diálogo com todos os segmentos da sociedade.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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